Apesar de o nome ter sido popularizado nas últimas décadas, o bullying não é algo novo no mundo. Como bem cita a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em sua cartilha sobre o tema, o bullying já foi relatado há mais de 150 anos na obra Oliver Twist, de Charles Dickens.

Situações que expõe a criança ou o adolescente ao constrangimento, agressões intencionais físicas ou verbais, para intimidar, difamar, debochar, ameaçar, danificar pertences ou excluir de atividades e conversas podem provocar dor, angústia e problemas de saúde e comportamento. Já o cyberbullying se caracteriza por ações na internet para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de constranger.

A prática do bullying, muitas vezes, é evidente na fase pré-escolar, tem seu pico no ensino médio e diminui ao final desse mesmo período. Em 2015 foi aprovada a Lei 13.185, que institui o programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) no âmbito educacional. Ainda assim, é fundamental a participação ativa dos pais ou responsáveis na vida da criança e do adolescente, assim como o diálogo em torno dos riscos e consequências do bullying, a fim de minimizar a prática.

Características do bullying

  • Intenção sem motivação evidente

    A pessoa que pratica o bullying entende que sua atitude será desagradável, mas mesmo assim a faz.

  • Repetição

    Uma das evidências é a repetição, diferente do cyberbullying que mesmo se ocorrer apenas uma vez já é considerado bullying.

  • Relação desigual de poder

    A vítima se sente inferior em força física, em desvantagem por existir mais agressores do que agredidos e uma visível diferença em autoconfiança e autoestima.

  • Natureza das atitudes agressivas

    Os atos visam humilhar, intimidar, agredir, difamar, debochar, ameaçar e danificar pertences.

Muitas vezes, a criança ou o jovem não relata aos pais o que acontece na escola. Fique alerta caso ele apresente algum desses sinais:

  • Sinais de traumas na pele
  • Roupas rasgadas
  • Pânico para ir à escola
  • Queda no rendimento escolar
  • Insônia ou sono agitado
  • Alterações repentinas de humor
  • Atitudes agressivas

O bullying pode resultar em transtorno do pânico, fobia social (timidez), ansiedade generalizada, anorexia, bulimia, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão, transtorno do estresse pós-traumático e sintomas psicossomáticos (náusea, palpitação, dor de cabeça, diarreia, alergia, tremores, sudoreses). Casos mais graves podem resultar em homicídio ou suicídio.

Prevenção

  • Busque o diálogo com a criança, famílias e escola
  • Não deixe o adolescente em ambientes vulneráveis onde ele possa ser agredido como pontos de ônibus e parques
  • Incentive que ele sempre ande em grupos de amigos
  • Estimule a amizade dentro do ambiente escolar

Meu filho pratica bullying! E agora?

Caso os pais identifiquem que os filhos praticam bullying, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é não ignorar a situação, mas sim buscar respostas para os motivos do comportamento.

  • • Não agir com violência ao detectar a situação;

  • • Incentivar o filho a falar sobre os problemas e frustrações;

  • • Buscar possíveis soluções em conjunto com o jovem;

  • • Conhecer os amigos dos filhos para identificar se ele pode estar sendo influenciado – cuidado para não buscar outros culpados e isentá-lo de seus atos e responsabilidades;

  • • Conduzir o jovem para a prática de algum esporte;

  • • Conversar com o pediatra e os professores a fim de buscar soluções conjuntas para resolver o problema.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)/ Artigo “Four Decades of Research on School Bullying”, de Shelley Hymel, University of British Columbia e Susan M. Swearer, University of Nebraska–Lincoln e Born This Way Foundation/ Bullying: mentes perigosas nas escolas. Ana Beatriz Barbosa Silva. 2015. Editora Globo/ Lei do Bullying nº 13.185/201