Unimed BR n°35 - Jul /Ago 2018

“Com o avanço da medicina personalizada, é de se esperar grandes inovações em tratamentos, mas trazendo custos maiores ao sistema de saúde. Daí a importância de se sopesar a sustentabilidade econômica do setor.” “É fundamental a discussão de um novo modelo assistencial que foque no resultado em saúde e na prevenção de doenças.” REGULAÇÃO DO SETOR DE SAÚDE COMPLETA 18 ANOS obrigação de prestar assistên- cia continuada à saúde. Tendo enorme relevância econômica e social, há que se trazer para o debate público o problema do financiamento dos serviços de saúde dada a dinâmica de cus- tos setoriais em elevação. Com o avanço da medicina personalizada, é de se esperar grandes inovações em trata- mentos, mas trazendo custos maiores ao sistema de saúde. Daí a importância de se sopesar a sustentabilidade econômica do setor quando da decisão de incorporar novas tecnologias e procedimentos em saúde. Da mesma forma que a socie- dade hoje vem discutindo o financiamento da previdência, deverá ser feito também o de- bate sobre o financiamento dos serviços de saúde. As caracte- rísticas intrínsecas à dinâmica dos serviços de saúde citadas acima, associadas ao enve- lhecimento populacional, traz inexoráveis questionamentos: como podemos ter uma trajetó- ria mais sustentável de custos?; como poderemos financiar o acesso aos serviços de assis- tência à saúde que tendem a encarecer? A discussão sobre como finan- ciar o acesso aos serviços de saúde, públicos ou privados, diante da tendência de enca- recimento precisa transpor as fronteiras atuais e ocupar posi- ção central na agenda de deba- tes públicos, com participação ativa das lideranças setoriais, do governo central, do parlamento e da sociedade. Como você analisa a saúde su- plementar nos próximos 18anos? Acredita na necessidade de uma reforma no setor ou inserção de um novo modelo assistencial? reclamações dos beneficiários, acarretando na suspensão de sua comercialização. Assim, o plano fica impedido de receber novos beneficiários até melhorar o seu desempenho. Além de proteger os consumidores, a ANS busca conduzir a operadora à resolu- ção do problema e à adoção das melhores práticas para aperfei- çoar a performance no setor. Quais são os pontos críticos da saúde suplementar no país, em sua opinião? E da saúde pública? Originalmente, o setor provia essencialmente um seguro para proteção financeira do usuário diante de procedimentos ines- perados e caros para recupera- ção da sua saúde. Após a insti- tuição do marco legal e da agên- cia reguladora do setor, passou a ser também responsável pela prestação continuada dos servi- ços de assistência à saúde, ainda que por meio de rede credencia- da não-própria. A sociedade espera, assim, que o setor responda adequada- mente ao desafio operacional de cobrir riscos de eventos ad- versos em saúde associado à À luz da assistência à saúde, é pre- ciso rediscutir o que de fato é pos- sível termos, como incorporar no- vas tecnologias, como financiar o seu acesso e quais as responsabi- lidades de cada um – indivíduos, empresas, operadoras, profissio- nais de saúde, prestadores de ser- viço, indústria de medicamentos e equipamentos e governo. Mu- danças são necessárias em prol da sustentabilidade econômica e para a entrega de maior valor pa- ra os beneficiários de planos de saúde. Conforme já mencionado, é fundamental a discussão de um novo modelo assistencial que fo- que no resultado em saúde e na prevenção de doenças, colocando o usuário no centro e alinhando os interesses dos demais atores. São as instituições, ou seja, as regras formais e informais que conformam a atuação dos diver- sos agentes econômicos e garan- tem o desenvolvimento do setor de saúde no País. Um bom dese- nho institucional, legitimamente estabelecido e com os incentivos na direção correta, é fundamen- tal para viabilizar a assistência à saúde com qualidade a um custo suportável pela sociedade. jul | ago 2018 | 11

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