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O
conceito de filho único sem-
pre esteve associado com
extrema proteção e má edu-
cação. Hoje, o panorama dessa situ-
ação está mudando e, ao invés de
serem avaliados os pontos negativos
de uma criança ser filho único, pas-
saram a ser observados os pontos
positivos. Independente de ter ir-
mãos ou não, as crianças passaram
a ser vistas da mesma maneira.
O fato de ser filho único não define
como será o futuro de uma criança.
O crescimento saudável depende da
educação que os pais vão lhe dar.
Alguns problemas, como a super-
proteção, a dependência dos pais
ou a introversão não são apenas ca-
racterísticas dos filhos únicos. “An-
tes, o filho único tinha fama de crer
que era o centro do universo, de ser
egoísta, malcriado e rebelde. Hoje
em dia, vê-se o lado positivo da situ-
ação: ele é considerado como uma
pessoa normal, independente de ser
único ou não”, destaca a pediatra
Ana Cristina de Oliveira.
Crianças que não têm irmãos, de
fato são menos acostumadas a divi-
dir espaços ou emprestar coisas. Isso
acontece porque os pais geralmente
fazem a maioria das vontades do fi-
lho, afinal, ele é o único. É comum
a essas crianças quererem dormir no
mesmo horário que os adultos, as-
sistir aos mesmos programas de TV
etc. Para amadurecer, é importante
que ela perceba que não está na
mesma posição que os pais; que eles
mandam e ela obedece.
Quando tem tudo o que quer, na
hora que quer, a criança acaba pre-
judicada também no ambiente es-
colar. “Muitas vezes, a escola é uma
continuação da casa e a criança
quer atenção exclusiva da professo-
ra ou que as regras sejam feitas de
acordo com as vontades dela. Com
irmãos, essa socialização já come-
ça no próprio ambiente familiar”,
ressalta a pediatra.
Por isso, é importante que o filho
único conviva com outras crianças
desde pequeno. Os pais devem
incentivar essa socialização, levan-
do a criança à casa de amigos que
também tenham filhos, chamando
crianças para brincar em casa, en-
fim, aumentando as possibilidades
de integração. Com essa convivên-
cia, o filho único vai aprender a di-
vidir e respeitar o espaço do outro.
“Muitas vezes, o filho brinca sozi-
nho, causando uma grande pena
por parte dos pais. As atividades
individuais, no entanto, ajudam
a desenvolver a imaginação e o
pensamento independente. Mas,
é claro que existe a necessida-
de de convidar amigos e primos
para brincar ou mesmo passar um
período de férias ou finais de se-
mana”, ressalta Dra. Ana.
Para a cabeleireira Franciele Batis-
tel, mãe de uma menina de oito
anos, é importante permitir essa
convivência com outras crianças.
“Percebo que, muitas vezes, mi-
nha filha quer que as brincadei-
ras sejam sempre do jeito dela. É
importante deixar que ela convi-
va mais com outras crianças, jus-
tamente para que ela aprenda a
dividir e a respeitar as diferentes
opiniões”, destaca.
Apesar de receber bastante aten-
ção, os filhos únicos também têm
grandes responsabilidades. Neles
estão depositados os grandes so-
nhos dos pais. Por isso, muitas ve-
zes, a criança sente a necessidade
de ser perfeita e recebe críticas se
não alcança as expectativas. Para
Franciele, o ideal é buscar o equilí-
brio na hora de educar. “Queremos
que a nossa filha tenha um exce-
lente futuro. Mas não colocamos
pressão. Procuramos manter um
equilíbrio para não fazer cobranças
em excesso. Mas também não per-
mitimos que ela faça tudo o que
quer”, ressalta.
Filho único com moderação
Educação
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