Revista Ampla | Edição 46 | Unimed Paraná

A superexposição dos pacientes a exames diagnósticos por imagem e o crescimento de 20% no número de cirurgias bariátricas por mil beneficiários realizadas nos dois últimos anos foram alguns dos índices que mais chamaram atenção na análise da 5ª edição do Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde (ANS). O estudo traz ainda a quantidade de internações, que registrou um aumento de 6% em relação a 2014. Em 2016, foram 7,8 milhões de procedimentos. O número de consultas médicas por paciente na saúde suplementar também apresentou leve variação, passando de 5,4 para 5,7, de acordo com o Mapa. As especialidades mais procuradas dentro desse cenário que elevou o índice das cooperativas médicas em 0,4 estão a clínica médica (16%), ginecologia (12%), pediatria (10%), oftalmologia (10%), ou seja, especialidades com demandas rotineiras dentro de uma carteira de beneficiários. Na avaliação do gerente de Estratégias de Saúde da Unimed do Estado do Paraná, Marlus Volney de Morais, o número sugere que metade da população medida faz consultas médicas a cada seis meses, o que pode ser interpretado como benéfico. Entretanto, por se tratar de média e ser um item persistente, indica também que vários beneficiários estão consultando com maior frequência que a média, o que indica possível multimorbidade ou falta de eficiência da assistência. “Embora estatisticamente real pode indicar também fragmentação do atendimento, ou seja, busca por muitos médicos de especialidades diferentes ou pelo mesmo médico sem solução adequada”, analisa. EXCESSO DE EXAMES COMPLEMENTARES Para a gerente de Atenção à Saúde da Unimed-PR, Priscila Muller Franqui, a tecnologia acaba sendo utilizada não somente como diferencial para diagnóstico, mas também como exame de rotina por muitos usuários da saúde suplementar, que, amparados por informações, exigem dos médicos a solicitação com o viés de que a realização do exame traz mais efeitos positivos do que negativos. “Há que se estudar formas de comunicar e educar as pessoas dos malefícios de uma tomografia quando não há história clínica relevante e possibilidade de achado diagnóstico conclusivo que derive do exame, numa relação custo benefício”, analisa. Na avaliação de Morais, quando os exames complementares como a tomografia e a ressonância magnética são corretamente indicados, os números traduzem maior facilidade de acesso a essas tecnologias. “Porém, o número crescente, quando comparado à frequência observada em outros países, pode sugerir falha na assistência por submeter pacientes a exames desnecessários e que tem, no caso das tomografias, forte exposição à radiação”, analisa. Além da exposição desnecessária trazer mais dano que benefício, soma-se a isso os custos que os exames desnecessários trazem à assistência e que, de alguma forma são repassados a todos os beneficiários da saúde suplementar. “Por outro lado, quando corretamente indicado, a eficácia do exame permite complementar o diagnóstico clínico com mais acerto”, destaca. Em relação às internações, dois fatores devem ser considerados, segundo Morais: acesso a leitos para internação e procedimentos de maior complexidade. “A pulverização e a distribuição dos leitos hospitalares mais próximos regionalmente de onde as pessoas vivem e trabalham favorecem o acesso. É fundamental que o aumento da quantidade seja visto sob a ótica da qualidade desses internamentos”, analisa. De acordo com ele, há um estudo do Banco Mundial mostrando que, no Brasil, cerca de 30% dos internamentos poderia ser feito em âmbito ambulatorial, ou seja, quase um terço dos internamentos não deveriam ocorrer ou ainda que os tempos de permanência hospitalar possam ser mais curtos. “Quando olhamos os números atendidos, exclusivamente pelo sistema público, observamos uma proporção de cerca de um terço menor que o nível de internamentos da saúde suplementar. Se considerarmos que, do ponto de vista epidemiológico, as 15 AMPLA • JUL/AGO/SET 2017 | Estratégias Assistencais Dados do último Mapa Assis- tencial da ANS mostram que entre os principais gargalos do setor estão o crescimento da superexposição dos pacientes a exames de diagnóstico e a maior demanda por cirurgias bariátricas, o que, por sua vez, demonstra a tendência de obesidade na população. Esses e outros desafios demandam gestão estratégica com ações que passam por educação con- tinuada, foco na prevenção, entre outras. A análise é feita por gestores do Sistema Unimed-PR. Os altos índices de obesidade e realização de cirurgias bariátricas são reflexo do cotidiano populacional com redução dos intervalos para atividades físicas, alimentação inadequada, dificuldade de adesão a dietas de reeducação alimentar RESUMO

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