Revista Ampla | Edição 46 | Unimed Paraná

APRÁTICAQUE PODE SALVARVIDAS Bastante utilizada em diversos países, a Slow Medicine busca resgatar o tempo e a relação médico-paciente Ser atendido com calma, atenção e cuida- do. Esses são os elementos essenciais da Slow Medicine , uma filosofia de trabalho que busca resgatar o tempo e a relação médico-paciente na prática clínica. O termo utilizado, pela primei- ra vez em 2002, pelo italiano Alberto Dolara em um artigo, tem seu surgimento em contrapartida ao constante impulso para aceleração da socie- dade moderna, segundo o especialista. Para ele, as diferentes áreas da saúde se beneficiam com uma abordagem mais ponderada e cautelosa. Traduzida como a “medicina sem pressa”, a Slow Medicine é considerada o resgate de uma prática mais humanista e centrada na pessoa e tem como sua principal busca o cuidado, a melhora, o alívio e o suporte. Entre os princí- pios da filosofia está o compartilhamento das decisões com o paciente e seus familiares e o uso ponderado da tecnologia. Mais que tempo, a Slow Medicine propõe mais atenção e mais personalização, na medida que orienta e ajusta possibilidades terapêuticas a cada paciente. Segundo o médico geriatra e clínico geral, José Carlos Campos Velho , um dos fundado- res da filosofia no Brasil, a expressão abriga várias iniciativas que contribuem com a prática médica, como a medicina narrativa, a medicina baseada em valores e os cuidados paliativos, além de campanhas que buscam reduzir o des- perdício no sistema de saúde e promover a se- gurança do paciente. “São formas de recolocar no centro da atenção médica aquilo que sempre foi sua atividade-fim, a excelência do cuidado com o paciente”, explica o médico. Com o princípio de investimento fundamen- talmente no cuidado profissional, a prática tem como objetivo buscar a utilização da tecnolo- gia de forma cautelosa, evitando o excesso de pedidos de exames, o que poderia impactar nos custos de assistência médica, de acordo com o especialista. Segundo a filosofia, outros profis- sionais da saúde, como enfermeiros, fisiotera- peutas e psicólogos, também podem colocar em prática tais iniciativas, que resultariam no aten- dimento mais atento e completo ao paciente. LAURA ESPADA | DIAGNÓSTICO 18 BENEFÍCIOS O atendimento rápido, feito muitas vezes às pressas, reflexo da sociedade cada vez mais estressada, é uma situação comumente vivida por pacientes, principalmente nos atendimen- tos de urgência. Por isso, essa falta de aproxi- mação entre profissional-paciente é uma das grandes preocupações que a Slow Medicine procura reverter, mesmo sendo vista, por alguns profissionais da área, como um grande desafio a ser alcançado. “Uma mudança de paradigma permite que o encontro de dois seres humanos volte a ser um ato sagrado e resgate a paixão pelo ato de cuidar, restaurando dessa maneira a dignidade e a no- breza do trabalho médico. Tanto médicos como pacientes tendem a se beneficiar com a aplica- ção desses princípios, pelo resgate da dimensão humana e da satisfação que o ato de cuidar pode acarretar para ambos”, esclarece Campos Velho. Mesmo voltado a todos os pacientes, os idosos tendem a se beneficiar com a aborda- gem. Segundo o especialista, além da atenção, esse tipo de atendimento evita a prescrição pouco cautelosa de investigações diagnósticas e procedimentos terapêuticos agressivos. A ideia é que, pacientes idosos (frágeis ou não) não corram o risco de passar por internações hospitalares desnecessárias por tempo indeter- minado, por procedimentos agressivos ou pela falta de cuidado. | AMPLA • JUL/AGO/SET 2017

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