Ampla Edição 49

Assim, com coordenação e acesso adequados, o tempo oportuno para a solução dos casos é conquistado e os resultados além de mais rápidos são também mais eficientes, tanto do ponto de vista do consumo de recursos humanos como financeiros.“O grande desafio futuro será o de ainda precisarmos mudar o conceito do modelo fragmentado atual para o modelo coordenado, o que demanda ajustes de cultura, de comportamento e de relacionamento em toda a rede”, finaliza Morais. Na APS, o paciente realiza uma primeira consulta com o médico de família, na qual são conhecidos os dados e necessidades de saúde do beneficiário e há o início do vínculo. Além do médico de família, a equipe é composta por profissionais de enfermagem (enfermeiras e técnicas de enfermagem) e de apoio (fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista e farmacêuticas). “Sempre que o paciente necessita tratar alguma questão de saúde, deve procurar o médico de família, para juntos, traçarem o melhor caminho para obtenção de êxito no atendimento. A equipe multiprofissional atua em parceria com o médico de família. Toda a família deve ser cuidada pelo mesmo médico, para que ele, conhecendo os demais integrantes da família, tenha apoio e conhecimento do contexto familiar para propor a melhor terapêutica”, explica Marcelo Amaro dos Santos, coordenador de Serviços Assistenciais da Unimed do Estado do Paraná. O médico de família, no modelo assistencial de APS, tem condições de resolver de 80 a 90% dos casos e os que não podem ser resolvidos dentro desse modelo assistencial são encaminhados para uma segunda opinião com um especialista focal, com guia de referência e contrarreferência. O objetivo é que não se perca o vínculo com o paciente e que ele possa receber o devido cuidado, sem se expor a procedimentos desnecessários. Omédico de família Na avaliação de Rodrigo Cechelero Bagatelli , médico de Família e Comunidade do Centro APS da Unimed Paraná, o sistema é o único que consegue oferecer cuidado para as pessoas em todo o seu ciclo de vida. “Não há distinção de queixa, obrigando a pessoa a procurar um especialista para cada problema seu, o que acaba fragmentando o cuidado e causando confusões. As pessoas têm acesso a um médico especializado em sua pessoa, o que facilita o vínculo também”, explica. O ponto negativo, segundo ele, é que as pessoas não estão acostumadas com a figura do médico de família “e se sentem prejudicadas quando não podem passar direto com o especialista e não entendem que a maioria dos seus problemas podem ser resolvidos com a equipe da APS”, ressalta. Entre os desafios do modelo tradicional de atendimento está o fato de o sistema ainda carecer de coordenação, já que a rede de prestadores não está vinculada com a APS e isso gera dois sistemas trabalhando sozinhos. “Isso já têm mudado, mas por enquanto apenas a APS têm buscado inovar, enquanto a rede ainda funciona na lógica tradicional. Não existe ainda uma busca por métodos que foquem na melhora da qualidade de vida das pessoas e do cuidado delas”, analisa. De acordo com ele, o foco ainda é voltado à dinâmica do prestador. Outra situação é que as pessoas ainda confiam demais na tecnologia dos exames e das medicações, mas não percebem o dano a que estão expostos. “A quantidade de exames e medicações potencialmente danosas ainda é muito alta, mas que se durante a consulta são negadas de alguma Rodrigo Cechelero Bagatelli | CAPA 16 | AMPLA • ABR/MAI/JUN 2018 A medicina de família ainda está muito desvinculada das outras especialidades. Ainda estamos engatinhando em relação à cooperação mútua do cuidado. Poucos especialistas conhecem nosso trabalho

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