Ampla Edição 49

O palestrante acredita numa coisa: a palavra-chave é humildade. Em um mundo em que, brevemente, computadores quânticos serão capazes de resolver, em segundos, problemas que levariam até bilhões de anos para o mais potente dos supercomputadores atuais, o que restará para o ser humano fazer? Sim, aqui também entra o Ócio Criativo, de Domenico de Masi, em que se espera mais tempo de lazer para os humanos, uma vez que a tecnologia pode trabalhar a nosso favor. Entretanto, Nascimento destaca que a grande diferenciação entre os homens e as máquinas serão questões como crença e valores. Entre eles, confiança, liberdade, espírito de equipe, ousadia, honestidade, modéstia e capacidade de diversão. O que restará para o homem? Paixão, propósito e vocação. Ele terá de des- cobrir: “onde as necessidades do mundo se cruzam com as suas capacidades e possibilidades”, porque aí estará a sua vocação. Nessa transição, se darão bem, as pessoas (e as gerações mais novas levam vantagem) que privilegiam os soft skills , em contraponto aos hard skills . Qual a diferença? Os hard skills privile- giam os diplomas/ o currículo. Os soft skills privilegiam o aprendizado. São os chamados nativos digitais, aqueles que nasceram depois de 2000. A capacidade de aprendizagem e de adaptação dessa geração, segundo Nascimento, é incrível. Há um certo preconceito das gerações mais velhas em relação a eles. Entretanto, as duas podem conviver, lembrando-se daquele velho ditado: o mundo não começou com os mais jovens, nem vai acabar com os mais velhos. A era em que vivemos exige colaboração. Mais que isso: exige mudança de modelo mental. A atitude mental com que encaramos a vida, nosso mindset - conceito desenvolvido por Carol Dweck, professora de psicologia na Universidade Stanford e especialista em sucesso e motivação -, vai determinar a nossa adaptação, ou não, a novos cenários, cada vez mais desafiadores. Isso significa que seremos cada vez mais exigidos em todos os campos, em todas as áreas. A fórmula será não se prender a fórmulas, como a maio- ria de nós está acostumada. “É bom lembrar que o futuro aguarda robôs que vão imitar gente, não gente que imite robôs”, frisa Nascimento. A dinâmica das empresas vai mudar, já está mudando. De acordo com o palestrante e consultor, as hierarquias começam a e a sociocracia começa a operar em várias organizações. “Situações em que as equipes são ouvidas e têm peso igual, tendo apenas um líder, que pode ser rotativo, organizando as deci- sões, tende a aumentar cada vez mais. Esse processo ainda será lento para muitas instituições, especialmente, as mais tradicionais. Porém, não terá volta”, acredita. O conselho para as empresas que queiram sobreviver é que aos poucos já comecem a trabalhar sua cultura, seus símbolos, sistemas e modelo mental. “O que inclui, por exemplo, a diminuição de diferença sala- rial entre o primeiro executivo e o estagiário da empresa”. 25 AMPLA • ABR/MAI/JUN 2018 | Adeildo Nascimento, autor do livro "Inteligência Espiritual noMundo do Trabalho" 10 conceitos para entender o FUTURO DOS NEGÓCIOS __________________________________________________________________________ • A manufatura aditiva Adição e não subtração de material, evitando desperdícios. • O acesso O acesso aos recursos é mais importante do que a propriedade. • O vencedor leva tudo Quem inventou quer massificar – mais mercado do que margem. • O mundo das plataformas e das redes As novas empresas são plataformas e redes de conexão de vários públicos. • O acqui-hire (empreender e empregar) Comprar uma start-up antes que se torne ameaça. Melhor se juntar do que combater. • As tecnologias disruptivas Tecnologias que mudam repentinamente a lógica dos negócios – inovação. • A economia da longevidade Novas demandas de mercado e políticas públicas – de sick - care para health - care . • A Speedfactory e o reshoring. Velocidade, flexibilidade, custos e logística até o consumidor – o custo China. • Os blockchain e os smarts contracts Transações comerciais sem intermediação de uma autoridade central e cartorial. • O teste A/B Experimentalismo responsável de alternativas para chegar ao ideal. Agenda de transformação ________________________________________ “Gestão para Transformação: agenda em cenários de mudanças exponenciais”, foi o tema da plenária da manhã do dia 9 de junho, coordenada por Alexandre Bley , diretor de Mercado e Comunicação, da Unimed Paraná. O palestrante, o consultor Jairo Martins , da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), fez um painel geral de Cenários e Tendências, Gestão para Transformação, a nova agenda da Liderança e o Roadmap da Transforma- ção. Martins frisou que excelência requer constante transformação e, nas palavras de Eric Ries, da Startup Way , repetiu: “Tudo isso requer o desenvolvimento de uma nova capacidade organizacional: a habilidade de reescrever o DNA da organização, em respos- ta a novos e diversos desafios. Quando uma empresa já descobriu como transformar-se, pode – e deve – estar preparada para fazê-lo mais vezes no futuro”. Martins falou das fases da transformação que exigem definição de estratégia, modus operandi e execução. Também alertou sobre a necessidade de observar e separar os mo- dismos das reais rupturas, aconselhando que o melhor caminho não é, de forma alguma, esperar para ver. O palestrante citou as princi- pais megatendências mundiais e os pontos de inovação que afetam todas as áreas. Com- parou o mundo das empresas tradicionais (lugar em que reinam: processos estruturados, pensamento sequencial, pessoal próprio, planos com visão do passado, propriedade de ativos, procedimentos e disciplina) e o das exponenciais (digitalizado, desregulado, destrutivo, desmaterializado, desmonetizado, democratizado). Em sua palestra, uma men- sagem muito clara: a forma de encarar-se os novos tempos vai ditar sucessos e fracassos. De novo, a atitude em relação à vida e às coi- sas será significativa nesse novo mundo que estamos desenhando. Fonte: FNQ

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