Ampla Edição 49

mesmo assim as pessoas não têm tudo o que querem. “A Suíça está em 2º lugar, mas fornece só o que está no pacote (14% já deixaram de receber algum tratamento)”. Noruega e Canadá seguem o mesmo caminho. Ninguém consegue dar tudo a todos, gratuitamente. “Se as expec- tativas em saúde são globais, as capacidades de satisfazer os seus usuários são locais”, frisou. Para o professor, “a pergunta não é 'se escolhas precisam ser feitas', a pergunta é 'como essas escolhas devem ser feitas?' ”. Se a Polônia quisesse, por exemplo, universalizar o acesso a dois medicamentos, ela teria que pe- gar todo o seu orçamento e investir só nesses dois tratamentos. Não há milagre, as contas precisam fechar. Gebran, em sua apresentação, foi ao encon- tro do que Wang defendeu. “O que nós estamos judicializando é o excepcional, o raro, o que não está incorporado. Mas nós temos um déficit na atenção primária e, infelizmente, isso não é judicializado”, destacou. O desembargador falou sobre os problemas de saneamento básico, de segurança e da falta de medicamentos. Lembrou que “a medicina se concentra no paciente, mas a saúde pública se concentra em toda a população”. Isso significa que o olhar tem que ser mais amplo. Falou sobre a Declaração Alma-ata de 1978, destacando que o “sistema de saúde deve ter um custo que o país possa man- ter. Saúde integral, universal, fundada na saúde da família”. E citou a 8ª Conferência Nacional de Saúde que aconteceu em 1986, na qual médicos sanitaristas trataram dois anos da questão antes da construção na nova Constituição, a de 1988. A aspiração era por “um sistema de saúde regio- nalizado, descentralizado; com integralização das ações, unidade na condução das políticas setoriais; regionalização e hierarquização das unidades prestadoras de serviço, entre outros”. Judicializa-se o excesso e não se tem o bá- sico. Foi essa a principal crítica de Gebran. São 42 meses para uma espera de uma consulta para com um proctologista, em Londrina, citou como exemplo; 40 meses para o atendimento em um ortopedista; 38 meses para um derma- tologista e 33 meses para um ginecologista. “Nós temos que exigir, nós temos que brigar, nós temos que lutar por leitos, por mais hospi- tais, por mais UTIs e por mais atendimento de saúde eficaz. 27 AMPLA • ABR/MAI/JUN 2018 | Fux: "é uma situaçãomuito difícil racionalizar uma questão sobre a sobrevivência de alguém"

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