Ampla Edição 49

simples, mas sua prática é bastante complexa. “Como vamos discutir velhas e novas práticas, se nós nem chegamos, ainda, sobre um consen- so do que é valor? ” E apresentou o que julga a fórmula de valor: valor = equilíbrio -> qualida- des (desfecho) /custos (todo episódio clínico) Segundo Greca, a reforma no modelo de pa- gamento é necessária, é ela que dará sustentabi- lidade, não só financeira, mas também clínica ao sistema. “Não é uma ferramenta de pagamento que vai resolver todos os problemas de saúde no Brasil. Também não será um único modelo, várias peculiaridades precisam ser respeitadas. É inútil a tentativa de fazer com que os prestado- res façam mais com menos”, apontou, lem- brando lições aprendidas e desafios. Entre eles, questões como confiança, visão a longo prazo e incorporação de tecnologia e transparência. Marcelo Nitta formou uma consultoria den- tro de um grupo da Universidade de São Paulo que está desenvolvendo projetos baseados em valor na área de saúde. “Basicamente nosso trabalho tem focado em desenvolver soluções dentro do Ecossistema de Saúde”, explicou. O representante da Mapes Solutions trouxe uma visão de como poderia ser conduzida a saúde baseada em valor dentro da prática das Unimeds, apresentando os custos em cuidados à Saúde. “Isso é um aprimoramento contínuo, não vai ter uma jornada final”, avaliou. Segundo ele, estudos apontam que, se con- tinuar no mesmo ritmo, por volta de 2050, os Estados Unidos estarão gastando toda a riqueza produzida no país em saúde. Um dos exemplos, é o custo anual de oncologia recém-aprovado, que trará custos crescentes em medicamentos e outros procedimentos em saúde. “Não podemos permitir que chegue nesse nível insustentável”. No caso do Brasil, chamou a atenção para a questão do desperdício, por incentivo. “O impacto do novo rol de 2018, por exemplo, foi de R$ 2,03 bilhões de despesa total. Se nada for feito, daqui a pouco, muita gente não vai conse- guir ser atendida”, lamenta. Os modelos de decisão analítica no enten- der da economia da saúde devem confrontar benefícios e custos. Por isso, ele defende a im- portância da Medicina Baseada em Evidências, com apoio na tecnologia da informação. Além disso, reforça a necessidade de um sistema centrado no paciente. E alerta: “Nós não vamos resolver problemas de custos quando o pacien- te já estiver indo para a UTI ou precisar de uma cirurgia complexa”. O grupo está propondo à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a criação de um protocolo. “O problema é o incentivo, como as pessoas são provocadas a cuidarem de si. Se a gente não criar objetivos apropriados, não vamos contribuir para a me- lhoria da saúde em termos populacionais”. Nitta encerrou indicando a leitura de dois livros sobre 31 AMPLA • ABR/MAI/JUN 2018 | Nitta: modelos baseados emvalor Greca: "segundo a OMS, 30% dos gastos em saúde são desperdício" Dallagassa: modelo de regulação cognitiva

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