Revista AMPLA 48

complexos mecanismos de liberação, auditoria com direitos contratuais, sob um manto de pressões ideológicas e regulatórias não é nada fácil. O conhecimento sobre o negócio na saúde é muito especializado e por isso bastante con- servador e de difícil modernização”, avalia. Por isso tudo, para Procópio, inovar dentro da complexidade dos processos de fornecimen- to e cuidados com a saúde, no qual pessoas conhecedoras do negócio têm dificuldade de enxergar oportunidades do mundo digital, tem sido um grande desafio. Segundo ele, nesse mundo novo, os papéis de produção, distribui- ção e consumo, que antes eram exclusivos, ago- ra se misturam. “No mundo digital, os fatores se acumulam e agora, a figura do consumidor influencia diretamente as empresas, o que nem se cogitava há pouco tempo atrás. Isso tornou o cenário ainda mais complexo. Acredito que é fundamental estimular novas competências para o gerenciamento de processos no mundo digital. Para se inovar, os processos têm de ser reconstruídos, levando em conta os fluxos que acontecem também fora dos limites físicos da empresa, passando pelas necessidades explícitas do consumidor”. Para Procópio, isso mostra a força do coleti- vo e do vínculo social a que produtos e serviços estão submetidos. “Temos de redescobrir a importância do envolvimento, compartilhamen- to e pertencimento a um todo. Dessa forma o mutualismo do modelo cooperativista se fortalece e volta a prevalecer, pela força de sua cultura baseada na colaboração”. Ele entende que iniciativas de benchmarking (busca de melhores práticas no mercado) possibilitam troca de informações e intercâmbio cultural e de conhecimento que facilitam a inovação. E frisa: “inovar, em determinados ambientes, é um processo confuso e perturbador porque confronta o estabelecido, as estruturas e as culturas corporativas. Por isso, em um primeiro momento, mesmo ideias simples e geniais podem enfrentar verdadeiras fortalezas, corporações sindicais e regulatórias do establishment . 13 AMPLA • JAN/FEV/MAR 2018 | As inovações tecnológicas têm sido fundamentais para empresas no desen- volvimento de produtos e serviços. A criação de dife- rentes modelos de negócio com tecnologia avançada está em constante ascen- são. Mas, dentro da com- plexidade dos processos de fornecimento e cuidados com a saúde, a inovação ainda tem sido um grande desafio. RESUMO plinares, com estudantes e graduados de diferentes áreas como medicina, engenharia, tecnologia da informação, entre outros. De acordo com o coordenador, a necessidade de iniciativas que trouxessem um custo mais acessível - interrompendo a cadeia de gastos presente no se- tor médico hospitalar - e de atingir grande parte da população, foram alguns dos motivos para o desen- volvimento do projeto. “Quanto mais a tecnologia avança na saúde, mais o mercado nacional se torna dependente de importações. E isso causa um déficit no setor”, explica Pillonetto. Até hoje, o programa já contou com mais de 20 acadêmicos e possibilitou a criação de diferentes aplicativos. A utilização da transformação digital a favor da saúde não beneficia apenas o paciente, mas sim, hospitais, indústrias, clínicas, entre outros. Isso demonstra a necessidade de todos os agentes do setor contribuírem com essa reinvenção. Entretan- to, para Procópio é importante frisar que a comple- xidade dos negócios e processos do ecossistema da saúde tem dificultado bons resultados de inovação nessa área. “O surgimento de startups na área de Saúde geralmente tem se limitado a facilitar a conexão de pessoas com os serviços, em função de que essas dificuldades são bem conhecidas pelas pessoas de uma maneira geral. Sempre se pode marcar consulta por uma agenda on-line, ou esco- lher um médico para ir a sua casa. Porém, resolver

RkJQdWJsaXNoZXIy MjcxMg==