Revista AMPLA 48

nha, 4,6 por milhão; e Estados Unidos, 10,3 por milhão. Para ressonância magnética: Canadá, 1,1 por milhão; Alemanha, 3,7 por milhão; e Estados Unidos, 11,2 por milhão (RUBLEE, 1994). Há diferenças significativas nas taxas de utilização de exames de imagens, em hospitais semelhantes do Canadá e dos Estados Unidos, sendo 40% maior nos Estados Unidos a utili- zação desses exames complementares. Essa diferença se deve, fundamentalmente, a que os hospitais americanos utilizam a ressonância magnética e a tomografia computadorizada, numa escala 119% maior que os seus congêne- res canadenses (KATZ et al., 1996). PROTOCOLOS Para exemplificar esse cenário, Varella e Ceschin , 2014, afirmam que o segmento da saú- de disponibiliza tecnologia de ponta, mas falta organização e gestão da assistência prestada. Quando se avalia a taxa de utilização de equi- pamentos de ressonância magnética no Brasil, observa-se uma utilização bastante elevada em relação aos demais países com sistemas de saúde semelhantes ao nosso. Ainda, os autores exemplificam que a equipe de cirurgia de coluna do Hospital Albert Einstein reavaliou 467 pa- cientes com indicação de cirurgia de coluna por outros médicos e, desses, apenas 180 perma- neceram com indicação, ou seja, mais de 60% de intervenções indicadas foram consideradas desnecessárias pela equipe do Hospital. Parte desse excesso de intervenções está associado ao modelo de remuneração em saúde ( Fee-for- -service ) que estimula a utilização. Quando se iniciou a discussão em relação à desregulamentação dos Estados Unidos do segmento da aviação civil, os críticos argu- mentavam que esse setor é diferenciado, pois apresenta notórios problemas relacionados à segurança, além de propriedades que requerem regras e compromissos especiais. Do ponto de vista econômico, vale a lógica: “Se o avião vai mesmo voar, vale a pena colocar passageiros por uma fração do preço normal, porque o equi- pamento está sendo pago de qualquer maneira, esteja o voo vazio, pela metade ou lotado”. Da mesma forma, ocorre com o segmento da saúde, ou seja, podemos dizer que um hospital sofre a mesma lei da oferta-demanda, de que um avião no segmento da aviação civil, e que muito provavelmente gerará demanda para ocu- par sua capacidade ociosa (VIANA et al., 2007). Avin E. Roth e Lloyds S. Shapley , ganhadores do prêmio Nobel de economia de 2012 (otimiza- ção de oferta e demanda), recentemente, desen- volveram estudos sobre mercados, seus agentes e métodos de otimização de oferta e demanda. Roth recriou com base no algoritmo de Gale- -Shapley, modificações e métodos utilizados por instituições para emparelhar a vinculação de médicos com hospitais, ou seja, prestadores de serviços da saúde com instituições de saúde. A questão da capacidade da infraestrutura não passa apenas pela sua criação ou amplia- ção, mas sim pela racionalização das práticas na assistência. Varella e Ceshin (2014), suge- rem, ainda, que se deve adotar uma política de gestão assistencial baseada em diretrizes ou protocolos clínicos, estabelecidos na prática clínica e publicados pelas sociedades médicas, sendo adotados como balizadores, para que não haja utilização injustificada e exposição do pa- ciente a riscos desnecessários. A estruturação e o dimensionamento da rede assistencial devem obedecer a regramentos que representem um equilíbrio entre a necessidade efetiva de assis- tência (demanda) e a rede disponível (oferta). Nesse sentido, a análise epidemiológica e o georreferenciamento da população a ser aten- dida devem ser os critérios norteadores desse processo. O Ministério da Saúde publicou, em 2015, a Portaria 1.631 que especifica as reais necessidades da composição e oferta de servi- ços a cada 100.000 pessoas. Tais parâmetros buscam o equilíbrio entre a oferta e a demanda para, de um lado evitar a desassistência e por outro o excesso de oferta que está associado a intervenções desnecessárias, como demons- trado pela Lei de Roemer. Assim, os gestores devem organizar a assistência tendo como foco a qualidade e segurança dos serviços de saúde. Canadá 1,3 4,8 1,1 Alemanha 0,8 4,6 3,7 Estados Unidos 3,7 10,3 11,2 Cirurgia cardíaca aberta Radioterapia Ressonância Magnética Procedimentomédico pormilhão de habitantes REFERÊNCIAS ARAÚJO,A.M. A Regulação doMercado de Saúde Suplementar no Brasil: barreiras à entrada e à saída de operadoras de planos privados de assistência à saúde. Dissertação deMestrado. Fundação Oswaldo Cruz. 2004 BATTISTA, R.N. et al. – Lessons from eight countries. Health Policy, 30: 397- 421, 1994. BEHNKE LM, SOLIS A, SHULMAN SA, SKOUFALOS A . A targeted approach to reducing overutilization: use of percutaneous coronary intervention in stable coronary artery disease. 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