Revista AMPLA - Edição 52

ninguémé normal De perto, “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, da música “Dom de Iludir”, de Caetano Veloso jossânia veloso Estilo de vida instável e estressores sociais (infância problemática, falência, divórcio, doença física, luto, desemprego, frustrações, desejos, etc.) colaboram para conflitos emocionais de tal modo que podem, sim, junto a outros componentes ambientais e genéticos, serem causadores de doenças mentais. Em vários países, cresce, assustadoramente, o número de pessoas com transtornos mentais, assim como de pacientes tratados com antidepressivos e outros medicamentos psicoativos. Assustador é, também, o aumento no número de suicídios no mundo, seja em jovens ou idosos. Em um artigo, replicado pela revista Piauí, em 2011, a médica, professora e escritora americana Marcia Angell, apontava um estudo, realizado entre 2001 e 2003, que um percentual de quase 50% dos americanos se encaixava nos critérios estabelecidos pela Associação Americana de Psiquiatria, por ter tido em algum momento de suas vidas pelo menos uma doença mental. Isso não chega a ser novidade se entendemos que podemos falar de doença mental ou emocional, quando nos referimos ao desequilíbrio dessas funções. Especialmente, quando, de algum modo, esses “desequilíbrios” causam algum tipo de sofrimento, como angústia, medo, pânico e/ou depressão, independentemente do grau. Segundo o psiquiatra e psicanalista José Carlos Vasconcelos , rigorosamente, “a definição de doença mental tem relação com o fato de uma pessoa ter dificuldade de estabelecer contato com a realidade, sendo sua apreensão prejudicada”, explica. Entretanto, coisas, aparentemente, normais e corriqueiras, caso não tratadas de forma devida, podem transformar-se em algo mais complexo, exigindo ajuda de terceiros. “O vértice da psicanálise não fica preso a transtornos ou doenças. Entende-se que o sofrimento emocional é inerente à vida, a forma como você lida com ele e os extremos vivenciados podem levar a agravamentos. Como por exemplo, a falta ou o excesso de sono, a diminuição ou o aumento da libido sexual, entre outros”. CAPA JANEIRO-MARÇO 2019 AMPLA 17

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