Revista AMPLA - Edição 52

cirurgiã plástica da Unimed Foz do Iguaçu Neylane Cristina Soares Dutra ENQUETE JANEIRO-MARÇO 2019 AMPLA 29 Qual omaior desafio da área da Saúde para os próximos anos? Talvez, o maior deles, seja o entendimento de que embora saúde não tenha preço, tem custo e é preciso saber encará-lo Quando falamos do cenário público , a cirurgiã plástica Neylane Cristina Soares Dutra , da Unimed Foz do Iguaçu, lembra que o SUS, ide- alizado na década de 1980, tem por objetivo ofe- recer aos seus usuários atendimento completo e sem desigualdades. Porém, na prática, não é bem assim. Cidades do interior, principalmente, sofrem com falta de profissionais, hospitais, postos de saúde e equipamentos básicos para oferecer à sua população atendimento adequado. “Há uma ne- cessidade de se criar políticas de interiorização da medicina, carreira de médico estatal e melhoria da formação dos profissionais. Sendo assim, os gran- des centros tornaram-se sobrecarregados. Isso porque eles deveriam ser apenas referenciados, para aqueles que precisassem de atendimento ul- tra especializado. Pequena e média complexida- des deveriam ter atendimentos, exclusivamente, nas cidades de origem”, defende a médica. No que diz respeito ao cenário privado, Neyla- ne avalia que os planos de saúde perdem a cada dia mais e mais usuários. Muitos não conseguem pagar suas mensalidades e outros deixam os pla- nos por insatisfação da cobertura que possuem. O problema é que “os custos dos planos de saúde au- mentam numa proporção não equivalente ao rea- juste, aomesmo tempo emque não equivalente às coberturas que se tornam obrigatórias ano a ano”. O que faz com que a conta não feche. “Além disso, muitos médicos, insatisfeitos com os honorários que recebem deixam de atender os planos, geran- do mais insatisfação aos usuários”, explica. Para ela, há a necessidade de se olhar e se readequar todo o sistema: usuário, plano de saúde, agências reguladoras. Tarefa muito difícil, pois maior cober- tura envolve mais gastos, que envolveria maiores reajustes, que não é aceito por quem contrata. Não é segredo para ninguém que o maior de- safio da área da saúde nos próximos anos é se sustentar. Neylane avalia que inúmeros fatores contribuem para a falência do sistema público e privado de saúde. “Redução dos investimentos públicos e privados, falta de estrutu- ra mínima, falta de mecanismos de fiscalização, abertura desenfreada de escolas médicas, quantidade absurda de pessoas buscando formação médica em outros países, equívocos na formação profissional, má-remuneração dos profissionais, entre outros”. Para a cirurgiã, seu papel, nesse cenário todo, é fazer aquilo que julgar adequado para o atendimento pleno de seus pacientes, seja no sistema público ou privado. Minha formação pessoal, familiar e profissional teve uma base que me mantém. “Meu atendimento aos usuários do SUS, planos de saúde ou particulares segue a mesma linha. As diferenças estão na disponibilidade da execução dos ser- viços, que seguem a orientação de cada segmento”, avalia. jossânia veloso

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