Revista AMPLA - Edição 52

cuidados para um Com envelhecimento da população e aumento de incidência de doenças crônicas, tratamentos paliativos ganham destaque Bruna Robassa bemviver A MORTE AINDA É CONSIDERADA ASSUNTO DIFÍCIL de abordar, para muitas pessoas, inclusive para a maioria dos médicos. O que não entendemos é que ignorar ou tratar o assunto como tabu traz ainda mais sofrimento, especialmente durante o processo de terminalidade na- tural ou em caso de enfrentamento de doenças crônicas. É diante desse cenário que ganham destaque os Cuida- dos Paliativos (CP), que envolvem a busca pela qualidade de vida de todos os envolvidos, pacientes e familiares, mesmo que isso aconteça em uma situação de gravidade e no final da vida. Na opinião de Homero Luis de Aquino Palma , médico de Família, mestre em Bioética, pós-graduado na área de Cuidados Paliativos e Atendimento Domiciliar e profes- sor da graduação e pós-graduação da PUCPR/Curitiba, o cenário de Cuidados Paliativos (CP) no Brasil e no Paraná ainda tem muito a crescer. Segundo ele, esta é uma área de atuação que terá muita demanda nos próximos anos, principalmente devido ao envelhecimento populacional associado ao aumento das doenças crônico degenerativas. Um estudo recente do Instituto Paranaense de De- senvolvimento Econômico e Social (Ipardes) afirma que em 4 anos Curitiba terá mais moradores acima dos 60 anos que pessoas até 14 anos, invertendo a pirâmide etá- ria do município. Esse é um dado que confirma a perspec- tiva de envelhecimento da população. “É muito importan- te o investimento nos Cuidados Paliativos (CP), uma vez que a população brasileira envelhece e, consequentemen- te, apresentará doenças que ameacem a continuidade da vida, necessitando, assim, de uma atitude voltada para sua qualidade de vida”, analisou. Benefícios para todos O investimento em Cuidados Paliativos traz benefícios para todos os envolvidos. Na análise de Palma, para os pa- cientes e familiares observa-se desde a diminuição dos períodos de internação, uso exagerado de medicações e também de solicitação de exames desnecessários, com po- tencial de malefícios aos pacientes em muitos casos, até o bemestar global (físico, social, psíquico e espiritual). Estudos mostramque os pacientes comdoenças graves, fora de pos- sibilidade de cura, vivemmais e commaior qualidade de vida quando submetidos aos Cuidados Paliativos. “Com relação aos profissionais, observa-se que aque- les que possuem formação, trabalham em equipes mul- tidisciplinares/interdisciplinares e que possuem estrutura (medicamentos e insumos) mostram-se muito satisfeitos com o trabalho em virtude de sentirem que podem ajudar o paciente de diversas formas, contribuindo emmuito para o seu bem-estar”, relatou. Cenário e estruturas Mundialmente, ainda segundo informações repassa- das por Palma, em 2015, de acordo com pesquisa feita pelo Economist Intelligence Unit para avaliar os serviços de Cuidados Paliativos de 80 países, o Brasil ficou em 42º lugar, atrás do Chile (27º), Costa Rica (29º), Argentina (32º) e Panamá (31º). “Isso demonstra que ainda temos muito a desenvolver nessa área, apesar de acreditar que já obtive- mos mudanças positivas após esse estudo. Pelo fato de a população viver mais, essa será uma necessidade cres- cente, a qual precisará de investimentos em infraestrutura, profissionais capacitados e gestão adequada”, avaliou. No Brasil, entre as instituições que se destacam na área, segundo o médico, estão o Hospital do Amor (Bar- retos), o Instituto Nacional do Câncer (Rio de Janeiro) e Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE - São Pau- lo), dentre outros serviços que estão buscando aprimorar esse tipo de atendimento. Recentemente, em novembro de 2018, o Sistema Úni- co de Saúde (SUS) publicou a Resolução nº 41 de 31 de outubro de 2018, que visa garantir que essa prática seja PREVENIR 32 AMPLA JANEIRO-MARÇO 2019

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