Revista Ampla 66

JUL / AGO / SET 2022 AMPLA 21 CAPA A inovação dentro da saúde suplementar foi amplamente discutida nas plenárias do evento. Sob o tema “InovaHC: inovação em saúde na prática e tendências mercadológicas”, Giovanni Cerri, presidente do Núcleo de Inovação Tecnológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), apresentou o case InovaHC, que é um catalisador de inovação em saúde responsável por conectar recursos e empreendedores para gerar soluções que tornem a jornada do atendimento mais intuitiva, eficiente e iterável. Ao citar tópicos, como a Saúde Digital, Inteligência Artificial, o BigData e a Impressão 3D, Cerri chamou a atenção para o papel da tecnologia na saúde do amanhã. “Ela é primordial para aumentar o acesso, incrementar a equidade, melhorar a qualidade e assegurar a sustentabilidade do setor”. Mas, afinal, o que vale mais: o tamanho de uma empresa, ou a agilidade com a qual ela toma as decisões e se movimenta no mercado? Se olharmos para trás, é possível identificar várias empresas grandes que, em seus respectivos setores, acabaram ficando pelo caminho por não entender ou não saber traduzir as demandas mercadológicas. “Quão ágil e tempestivo o Sistema Unimed está preparado para responder às demandas atuais?”, provocou, em seguida, Luís Fernando Joaquim, sócio-líder de Life Sciences & Health Care da Deloitte Brasil, ao comentar a rapidez com a qual as transformações têm acontecido. A evolução que o mundo passou em um período de 150 anos com as revoluções industriais e a chegada de novas tecnologias, a partir de agora, levam apenas 15 anos para acontecer. Ou seja, o mundo muda em uma magnitude muitomaior do que a que era vista pelas gerações passadas. “É tempo de se reimaginar. Dentro dessa questão digital, é imperativo ver, pensar e agir diferente, pois estamos diante de um novo contexto”, disse. Tal situação, conforme Joaquim, afeta o mercado como um todo. A maneira como consumimos já se transformou completamente em diferentes setores: basta pensar em soluções como a Uber. Se, antes, era tolerável esperar 40 minutos em um ponto de táxi físico, hoje o cliente já fica irritado com um espera de sete minutos, dentro do conforto de casa. “Essa tendência mudará o sistema de saúde, que é um setor complexo com desafios específicos. E, maior que a complexidade da cadeia está o fato de que não existem mais fronteiras. Grandes techs já entraram no nosso setor e, aquelas que ainda não o fizeram, estão planejando. Por isso, é imprescindível repensar o modelo de negócio, de estruturas e fronteiras que não existem mais”. O problema, como pontua Joaquim, é que estamos muito atrás de setores que já têm aspectos da digitalização e transformação digital muito mais enraizados. “Temos um espaço enorme para construir essa transformação, que vai além da tecnologia. É necessário também transformar o mindset, a cultura e a estratégia das pessoas envolvidas”, detalhou. Afinal, as empresas, hoje, já precisam lidar com um consumidor muito mais engajado e mais bem informado, que exige novas soluções. Diante dessa urgência, a saúde suplementar também passa por uma intensa consolidação de fusões e aquisições. Não há mais como dar um passo para trás: o tema já faz parte da pauta diária e obriga o Sistema a agir, novamente, com rapidez e estratégia, indo além de slogans e teorias. “A centralidade do cliente precisa sair do papel e chegar a uma ação efetiva. Esses consumidores querem usar a tecnologia para medir e manter a saúde, ter acesso a canais integrados, com foco maior em prevenção e bem-estar. Precisamos de um modelo menos hospitalocêntrico e mais preocupado com o que nosso cliente quer e precisa”. Para Joaquim, o consumidor busca mais transparência e acesso a produtos personalizados, e vê na tecnologia uma aliada para alcançar mais rapidez e comodidade. “É preciso ir além dos muros do hospital, aproveitando as tecnologias digitais para envolver e reter esse cliente”, completou. O digital é o novo agora e molda os sistemas de saúde do futuro. Como exemplo, temos questões como robótica, internet das coisas médicas (IoMT), a interoperabilidade, plataformas abertas e muito mais. “Como estratégia para conduzir esses pacientes pela porta digital, temos a criação de uma experiência atrativa, o estabelecimento de uma base digital e a redefinição do relacionamento com o paciente, que deve ser muito mais personalizado”. Em relação às fusões e aquisições crescentes no setor, Joaquim citou algumas das principais movimentações vistas principalmente no Paraná, e reforçou a necessidade de o Sistema Unimed repensar o modelo de negócio, passando de um plano de doença para um plano de saúde. “O Sistema, como sistema, é forte. Porém, sabemos dos desafios de se operar de maneira Singular. Por isso, nesse momento, urge a necessidade de se reorganizar para o futuro, e de inovar não só na ponta, com o cliente, mas em toda a sua cadeia”. A URGÊNCIA DA TRANSFORMAÇÃO LOUISE F IALA É necessário mudar o mindset, a cultura e a estratégia da forma como entregamos e experenciamos saúde É tempo de se reimaginar. Dentro dessa questão digital é imperativo ver, pensar e agir diferente, pois estamos diante de um novo contexto

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