Revista Ampla 66

JUL / AGO / SET 2022 AMPLA 23 CAPA inalcançável como antigamente, quando você precisava de 20, 30 anos para conseguir colocar uma ideia em prática e alcançar um lugar de relevância. Não, startups e influenciadores são somente alguns exemplos de que, com conteúdo e vontade, é possível testar e se arriscar, mesmo sem ter dinheiro”, completou. “É possível testar com simplicidade, sem tanto medo”. Dessa maneira, Barreto destacou que as empresas tradicionais, que já têm experiência e passaram por vários ciclos, têm a capacidade de entender essa convergência e aplicá-la em seus negócios. “A tecnologia digital permite que você rearranje a forma de atender o cliente que está na ponta. Ela possibilita a criação e a definição de ferramentas novas, bem como o acesso à informação para que seja possível tomar uma decisão melhor”, destacou, ao reforçar que a nova economia não é sobre startup ou indivíduo, e sim sobre realidade. Para compreender o novo, porém, é preciso ter disciplina e deixar de lado a nostalgia do que já passou. “Na saúde, urge a necessidade de organização de dados sob a ótica do paciente, dando uma nova dinâmica para a forma como você dá eficiência para a saúde, a exemplo do que tem acontecido com o sistema financeiro e o open banking”. E, engana-se quem acha que essa revolução na saúde está longe. “Tudo é questão de tempo. O ser humano é movido a eficiência, e sempre busca fazer mais com o orçamento igual ou menor. A forma de precificação, inclusive, vai mudar radicalmente e não adianta lutar contra”, afirmou. Por fim, Barreto destacou que o Sistema Unimed tem todas as oportunidades na mão: presença nacional, organização, marca e reputação. “Não achem que os concorrentes vão esperar o dia que vocês vão decidir agir. Não esperem o mercado mudar para somente correr atrás do prejuízo. A maior oportunidade é do Sistema, mas, enquanto vocês não se movimentarem, a concorrência vai se aproximando e ganhando mercado. E, uma hora, ela chega”. Startups e influenciadores são apenas exemplos de que, com conteúdo e vontade é possível testar e arriscar, mesmo sem dinheiro INTERCOOPERAÇÃO: HORA DE DEIXAR O EGOÍSMO PARA TRÁS Cooperar vai alémde conhecimento, e requer também competência, agilidade e interação O cooperativismo triunfa em meio às crises. No entanto, para que isso ocorra, é preciso haver vontade de realizar as mudanças necessárias e, mais do que isso, agilidade nessas atuações. Dentro desse cenário de grandes dicotomias políticas, econômicas e sociais que vivemos, ser e pensar de forma individual já não é mais a fórmula do sucesso: o ser humano vive em comunidade e, inevitavelmente, busca mecanismos de interação e integração satisfatórios para todos. Com essa reflexão, a intercooperação ganha cada vez mais escala dentro das discussões dentro e fora do sistema cooperativo. “Cooperar, afinal, faz parte dessa busca humana”, ressaltou Roberto Rodrigues, ex-ministro e embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) para as cooperativas, na última plenária do Suespar. “O que vemos, hoje, são propostas sem consistência dentro de um cenário nacional muito complexo. Porém, com chances enormes para o cooperativismo ganhar posição, desde que haja competência”. Com as redes sociais e a globalização, nada mais escapa aos olhos da população, que faz questão de comentar sobre todos os assuntos a que têm acesso. “Com isso, todos sentem-se parte de tudo, parte do processo”, disse Rodrigues, ao lembrar que as cooperativas, mesmo que baseadas em valores e princípios, são empresas. “Portanto, está inserida no mercado, competindo diariamente. E, para encontrar espaço, requer gestão eficiente, profissional e focada”. E, quando falamos em integração, é necessário frisar que o novo cenário exige não só conhecimento, mas também mudança de comportamento. Afinal, como pontua Rodrigues, cooperar requer também a fidelidade de todos os envolvidos à causa, fortalecendo e transformando o modelo em algo ainda mais necessário. “Precisa haver liderança que, nesse novo cenário, não se faz mais de forma individualizada, mas sim pautada na intercooperação e no fortalecimento da democracia”, finalizou. Glossário Cooperação: colaborar, atuar, juntamente com outros, para um mesmo fim; contribuir com trabalho, esforços, auxílio. Intercooperação: é o sexto, dos sete princípios do cooperativismo (1. Adesão voluntária e livre, 2. Gestão democrática, 3. Participação econômica dos membros, 4. Autonomia e independência, 5. Educação, formação e informação, 6. Intercooperação, 7. Interesse pela comunidade). Diz-se da parceria, da ação conjunta, do relacionamento institucional, político e comercial entre as cooperativas, com o objetivo do fortalecimento mútuo.

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