Revista Ampla 66

conceitos de VBHC”, introduziu César Luiz Lacerda Abicalaffe, do Instituto Brasileiro de Valor em Saúde (IBRAVS). Segundo Abicalaffe, o modelo deve ser híbrido, com parte do pagamento relacionado ao Valor gerado ao paciente, melhorando também a remuneração dos prestadores com os recursos provenientes da redução do desperdício e da melhoria operacional. “Além disso, deve ser transferida ao prestador parte do risco financeiro e da responsabilização pelo cuidado”, complementou. Vale salientar que o PBV não é uma tentativa de fazer os prestadores realizaremmais por menos, nem um simples gerador de receitas. O foco é reduzir os desperdícios e reinvestir a economia na remuneração variável e em outras ações no sistema de saúde. “E, claro, as perspectivas devem ser consideradas, pois ele não serve para tudo”, reforçou o profissional. E, como em toda implementação, é necessário ajustar os riscos hospitalares, ambulatoriais e nas linhas de cuidado, considerando questões, como complexidade clínica e perfil de cada paciente. “Como desafios dentro desse modelo, temos a definição de dados e indicadores, a transparência, o alinhamento dos incentivos e, claro, a centralização do paciente e sua aderência”, finalizou. A EXPERIÊNCIA UNIMED Com base no Valor em Saúde, o objetivo é claro: alcançar desfechos clínicos de alta qualidade e custo adequado na jornada assistencial, com foco na sustentabilidade do Sistema Unimed. “Temos, à disposição, recursos com o DRG, o Programa Segurança em Alta e o ATS que, na parceria entre prestador, operadora e cooperado, geram o valor necessário ao beneficiário”, detalhou o médico Luiz Henrique Picolo Furlan, da Unimed Paraná. Os processos e projetos integrados utilizados na Federação objetivam a melhoria do nível de segurança dos processos de atendimento aos pacientes, com base em ferramentas que coletam os indicadores e identificam os desperdícios que podem ser evitados. Além disso, por meio de projetos como o Integra, há a integração dos dados em saúde, que provêm informações assistenciais em um único ambiente de dados, possibilitando o acompanhamento integral da jornada. “É importante começarmos com esses indicadores citados já coletados, e lembrar que esse não é um projeto para longo prazo, mas, sim, para agora. Afinal, a gestão da informação é fundamental para a escalabilidade, que é essencial para a redução de custos”, complementou. 24 AMPLA JUL / AGO / SET 2022 28ºSUESPAR Nos últimos anos, tem se falado muito sobre as oportunidades e os desafios do setor da saúde suplementar. Seja pela chegada de novas tecnologias, pelo crescimento exponencial na concorrência ou pela forma como atuamos na área, um ponto é inegável: o modelo que conhecemos já não é o mais viável. Dentro dessa discussão, um tópico que se faz mais presente é a necessidade de buscar outras saídas para o modelo de pagamento utilizado atualmente, o fee for service baseado no serviço realizado – que reforça o desperdício dentro do setor da saúde. O Brasil é um dos países que mais tem faculdades de medicina e forma novos profissionais todos os anos. Contudo, a remuneração médica nos padrões atuais não possibilita, em todos os casos, o retorno de investimento em formações e especializações. “E ainda vale a pena ser médico dentro desse cenário?”, questionou Ricardo Gomes Valente da Silva, gestor de saúde especialista em VBHC (Value-based Health Care), responsável por abrir a plenária PBV: modelos de Pagamento Baseados em Valor. “No meu ponto de vista, sim. Mas, para isso, é necessário haver uma forte união de classe, com métricas para maior valorização dos profissionais e mudança no modelo de pagamento”. Para tanto, é necessário entender que o valor em saúde – modelo de pagamento amplamente discutido atualmente – baseia-se em um crescimento positivo dos desfechos clínicos, dividido pelos custos, que precisam ser mais baixos para que a conta feche. Valente destacou a importância de tornar os resultados transparentes para a sociedade, priorizando a centralidade do paciente. “Esse cuidado em saúde deve ser baseado em resultados e centrado nas condições de saúde durante todo o ciclo de atendimento. Além disso, o valor tem que ser gerado pela experiência, escala e pelo aprendizado do prestador na condição médica em questão, com competições regional e nacional”, elencou. COMO FAZER ESSA TRANSFORMAÇÃO? Mudar, porém, não é fácil. Ainda mais quando falamos sobre modelos já enraizados. Contudo, para gerar valor aos beneficiários e transformar tal modelo, é importante estar atento a cinco pilares: foco em Valor, pagamento baseado em Valor, métodos de avaliação deValor, ajustes de risco com foco na complexidade clínica, e a parte variável da remuneração por Valor. “Ele deve ser inserido em uma estratégia mais abrangente, em que toda a rede seja empoderada com os MUDANÇADEMODELODE PAGAMENTO: DATEORIA À PRÁTICA LOUISE F IALA A busca por um Sistema mais sustentável passa por mudanças de modelos e, mais do que isso, pela aplicação das teorias Os processos e os projetos integrados na Federação objetivam a melhoria do nível de segurança dos processos de atendimento aos pacientes

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