Revista Ampla 67

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 1 HOBBIES & MANIAS Diversão em família: hobbies em comum aproximam ainda mais casal de médicos ENTREVISTA Alerta de crise: confira qual a melhor estratégia de atuação dentro dos consultórios DIAGNÓSTICO Menopausa: profissionais de saúde recomendam cuidados integrais com a saúde da mulher SAÚDE SUPLEMENTAR & FUTURO: SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E APERFEIÇOAMENTO NA GESTÃO r e v i s t a a m p l a . c o m . b r REVISTA DO SISTEMA UNIMED DO ESTADO DO PARANÁ #67 ANO 16 OUT-DEZ 2022

2 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 www.uniair.com.br /voeuniair Central de atendimento: 0800 519 5190 0800 041 4554 Pessoas com deficiência auditiva: 0800 642 2009 Sabemos o valor que você tem. Há 25 anos voando para cuidar de você.

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 3 As saúdes pública e privada recuperam-se aos poucos da instabilidade causada pela pandemia. É importante ressaltar esse contexto, pois ela se tornou um marco diante dos desafios e oportunidades com os quais o setor deparou-se nos últimos dois anos, muito em função da reação global que a Covid-19 despertou. No entanto, a elevação dos custos assistenciais tem desafiado a cadeia da saúde hámuito anos. A sinistralidade (relação entre despesas e receitas) dos planos de saúde vem batendo recordes inimagináveis colocando em risco o futuro de muitas operadoras e, consequentemente, do acesso à saúde de seus beneficiários. Isso ampliou a necessidade de se traçar um planejamento da saúde suplementar, com um olhar o mais abrangente possível. No entanto, se há desafios, oportunidades não faltam. Acompanhar de perto o movimento desse fluxo, atender com celeridade a demandas latentes, e propor a incorporação de novas soluções, despontam, portanto, como alternativas para equilibrar e garantir a sustentabilidade das operadoras. Não menos importante as medidas de médio prazo, como a verticalização nos processos de média e alta complexidades e a reorganização do Sistema Unimed. Nessa equação também há de se considerar os impactos de ordens política e econômica. O entendimento dessas complexidades e o encontro de saídas implicam mantermos um diálogo constante e aberto entre os profissionais da área a fim de buscar o tão almejado equilíbrio nos aspectos financeiro e de assistência. Nesse sentido, a matéria de capa desta edição propõe uma reflexão a partir do entendimento dos custos das operações às necessidades da população e o quanto é necessário uma gestão madura para esse momento em que vivemos na saúde. Desejo uma excelente leitura! OS RUMOS DA SAÚDE SUPLEMENTAR Conselho Editorial DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-presidente: Dr. Paulo Roberto Fernandes Faria Diretor de Saúde e Intercâmbio: Dr. Faustino Garcia Alferez Diretor Administrativo e Financeiro: Dr. Alexandre Gustavo Bley Diretor de Inovação e Desenvolvimento: Dr. Omar GenhaTaha Diretor deMercado e Comunicação: Dr. Durval Francisco dos Santos Filho CONSELHEIROS REGIONAIS Região 1: Dr. Rafael Francisco dos Santos (Ponta Grossa) Região 2: Dr. Evandro Bazan de Carvalho (Norte do Paraná - Cornélio Procópio) Região 3: Dr. Alcione Brusiguello Faidiga (Cianorte) Região 4: Dra.WemildaMarta Fregonese (Francisco Beltrão) COORDENAÇÃO EDITORIAL: JossâniaVeloso - Assessora de imprensa (DRT 2321/PR) Expediente PSGEDITORA: PedroSalanek Filho e Giovanna dePaula (Gestão), GiórgiaGschwendtner, KarinaKanashiro, Talissa Monteiro e ThaísMocelin (Reportagens). DANIELEPAIVASOLUÇÕESEMDESIGN : DanielePaiva (Direção de Arte e Diagramação) UNIMEDPARANÁ: JossâniaVeloso, Louise Fiala Schmitt e LanaMartins (matérias), FabianoPereira, LiègeCintraMazanek Lima eSilva, WellingtonMarçal e assessoriasdasUnimedsSingulares (Colaboração). Capa: DanielePaiva e JossâniaVeloso - UnimedPR. Fotografias: Bancode Imagens, UnimedPR e PSGEditora. Impressão : GráficaMidiograf - 11.000 SSN 2237-2067 n. 67 (2022) Confira sua revista on-line em: www.revistaampla.com.br Acesse nosso Linkedin: www.linkedin.com/in/revista-ampla/ Sugestões e críticas: assessoriadeimprensa@unimedpr.coop.br EDITORIAL Unimed do Estado do Paraná Rua Antonio Camilo, 283 | Curitiba | PR CEP 82530-450 | Tel. : (41) 3219 -1488 E-mail: imprensapr@unimedpr.coop.br; www.unimed.coop.br/parana Confira o novo site da Revista Ampla Paulo Roberto Fernandes Faria Diretor-Presidente

4 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 Gestão 10 Genéricos e Biossimilares: como estes medicamentos impactam na sustentabilidade dos sistemas de saúde SUMÁRIO Editorial 03 Hobbies eManias 06 Um passatempo para chamar de nosso Especial 18 O impacto da tecnologia no cotidiano de saúde 24 Tecnologia A saúde é TEC 28 Entrevista Onde está o botão de emergência? 26 Avaliação de tecnologia em saúde Análise de segurança, eficácia e econômica na intercambialidade de adalimumabe: referência por biossimilar para tratamento de doenças crônicas imunomediadas 38 Check-up 38 RIOMAFRA 39 LONDRINA 40 CAMPO MOURÃO 41 FRANCISCO BELTRÃO 42 Artigo Diagnóstico Menopausa: uma nova fase 34 Prevenir Caminhamos rumo ao isolamento? 32 Compar S.A. 08 Combinação de agilidade e humanismo no relacionamento com o cliente Cooperados 12 Atenção ao cuidado exige responsabilidade Capa Saúde suplementar no Brasil atravessa o desafio da sustentabilidade e da maturidade na gestão 14

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 5 É diferente, é cooperativa. É para você. www.uniprimepioneira.com.br uniprimepioneira siganossas redes Escaneie esse código QR e descubra mais sobre a Uniprime SÓLIDA, MODERNA E EM EXPANSÃO Há 26 anos, somos o porto seguro para quem busca viabilizar projetos, tornar sonhos realidade e ter a vida transformada pormeio da cooperação. Somos a cooperativa de crédito Uniprime Pioneira! Pioneirismo que não está apenas no nome, mas na essência. Buscamos o crescimento mútuo vinculado à qualidade no atendimento, ao relacionamento e à oferta de produtos e serviços diferenciados. Assim, seguimos expressando e reforçando nossa identidade como uma cooperativa de crédito sólida, moderna e em expansão. Uma das melhores distribuições de sobras aos cooperados; Investimentos seguros com rendimentos de aplicações financeiras superiores aos de mercado; Crédito fácil e desburocratizado, com taxas diferenciadas; Excelência no atendimento personalizado. VANTAGENS EM SER COOPERADO UNIPRIME

6 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 HOBBIES E MANIAS UM PASSATEMPO PARA CHAMAR DE NOSSO Casal de médicos de Curitiba prioriza tempo de qualidade em família e fortalece a relação por meio dos hobbies KARINA KANASHIRO Juntos há quase 30 anos, os médicos Luiz Henrique Furlan e Cátia Furlan têm muitos interesses em comum, e os hobbies estão entre eles. Cicloturismo e viagens são apenas algumas experiências divertidas que eles compartilham. Amigos e filhos também são incluídos nas atividades. O QUE VOCÊVAI LER Quando o cardiologista Luiz Henrique Furlan e a ecografista Cátia Furlan se conheceram há 29 anos, a paixão pelo mergulho já fazia parte da vida dos dois. Era um hobby individual que passou a fazer parte também da vida do casal. E depois do casamento, novos hobbies foram surgindo, entre eles o cicloturismo e o beach tennis, práticas incentivadas por Cátia. Mesmo com a rotina frenética, os dois têm diversos compromissos profissionais, trabalham parte do tempo juntos em uma clínica médica, Furlan e Cátia encontram tempo, ainda, para pelo menos a prática do beach tennis durante a semana. O esporte é uma mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton, e além de queimar bastante calorias, ainda tonifica os músculos e melhora o fôlego. “Durante a semana, a disponibilidade de tempo é menor. Nos fins de semana, geralmente praticamos o cicloturismo - o passeio dos parques em Curitiba tem sido um roteiro frequente ou passeios pela região metropolitana, como o Caminho do Vinho, em São José dos Pinhais. Outro destino muito bonito é o Vale Europeu, na região de Pomerode, em Santa Catarina, e o Vale das Hortências, entre São Bento do Sul e Jaraguá, também em terras catarinenses”, indica o cardiologista. Conexão Os hobbies que os dois médicos compartilham mantêm o relacionamento fresco e divertido. Além disso, as atividades em comum proporcionam experiências incríveis. Uma delas foi a viagem realizada de bicicleta pelo casal de Amsterdam, na Holanda, a Bruges, na Bélgica, junto a um grupo de amigos. “Ficamos hospedados em um barco, onde dormíamos e fazíamos as refeições do café da manhã e jantar. Após o café da manhã, saíamos pedalando com um guia local, e no, fim da tarde, encontrávamos o barco em outra cidade”, conta Furlan. Ele destaca que a Holanda e Bélgica fazem parte dos Países Baixos e possuem vários canais para navegação, assim como ciclovia, e que, em Amsterdam, 40% da população se desloca de bicicletas integrada com o transporte público de trens e ônibus. Nos terminais de trem, existe um bicicletário para deixar a bicicleta e seguir o trajeto de trem. “Fizemos a viagem no período da primavera e pudemos visitar o Parque das Tulipas – Keukenhof, um dos parques mais lindos que visitamos na vida! Vale a pena conferir!”, recomenda. Para Luiz Henrique Furlan, o tempo de qualidade que ele passa com a esposa é essencial para fortalecer ainda mais o relacionamento dos dois. Ele acrescenta que a rotina do dia a dia em família, trabalho, demanda da casa, filhos, acaba consumindo boa parte do tempo, e fazer um hobby juntos é uma forma de sair um pouco O casal Luiz Henrique Furlan e Cátia Furlan dividem muitas memórias de passeios ao longo dos quase 30 anos de relacionamento

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 7 HOBBIES E MANIAS da rotina e das demandas, para um pouco de lazer e descontração necessários para a saúde mental e o bom relacionamento conjugal. Não é apenas o casal que embarca nas aventuras, os filhos tambémpartilhamos bonsmomentos. Atualmente, os hobbies preferidos são o cicloturismo, viagens demoto e o beach tennis. As cavalgadas são mais ocasionais e a filha de 16 anos que é a maior incentivadora. “Sempre que possível, procuramos envolver os filhos nesses hobbies. Quando viajamos em família, buscamos uma atividade, como ciclismo, trilhas, enfim, atividades que incluam a natureza”, explica. Experiências Ele alerta que a diversão saudável com os amigos também é essencial para o bom relacionamento do casal. Por esse motivo, tanto ele quanto Cátia reservam um tempo para os passatempos individuais. Enquanto a médica faz parte de um grupo do livro, no qual ela e as amigas leem e discutem obras literárias de tempos em tempos, Furlan realiza algumas viagens de moto com os amigos. Hobby que ele traz da época de solteiro. Uma viagem marcante feita com os amigos foi para o Chile e Argentina, em abril de 2022. O grupo de seis motociclistas viajava em média de 800 a 900 km por dia, Sempre que possível, procuramos envolver os filhos nesses hobbies. Quando viajamos em família, buscamos uma atividade como ciclismo, trilhas, enfim, atividades que incluam a natureza Luiz Henrique Furlan o que permitia curtir as paisagens e a geografia por onde passavam. Oroteiro incluiuMendozaeaSerradosCaracoles. “À noite, naturalmente, desfrutávamos da culinária local como um bom bife de chorizo acompanhado de vinho!”, brinca o médico. Ele diz que o relacionamento envolve o casal em grande parte do tempo, seja no trabalho ou nas atividades familiares, por isso ter um tempo para atividades com os amigos, seja em casal ou individualmente, também é necessário. O médico reforça que encontrar algum hobby em comum é muito saudável para quebrar a rotina do dia a dia. E que umhobby comos amigos tambémé importante. Para ele, o ideal é poder fazer os dois, e deixa uma dica. “Se não for possível, sugerimos iniciar com um hobby em conjunto. Para nós, foi mais fácil achar uma atividade esportiva, mas os casais podem buscar hobbies como atividades culturais, música, dança, entre outras”, observa. Luiz Henrique Furlan também tem um hobby só dele, que vem desde a juventude: o motociclismo O casal também compartilha alguns hobbies com os filhos adolescentes, entre eles o cicloturismo

8 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 COMPAR S.A. Conheça o serviço de atendimento ao cliente oferecido pela Unicall aos beneficiários da Unimed THAÍS MOCELIN Você sabe para onde vão as ligações feitas para o 0800 que consta no verso da carteirinha dos beneficiários da grande maioria das Unimeds do Paraná? E as mensagens enviadas via WhatsApp e chats do site e do aplicativo que precisam de um apoio humano? A empresa responsável por receber e responder a essas demandas é a Unicall Soluções em Atendimento, que faz parte da COMPAR – Sociedade de Compartilhamento e Participações S.A. E isso é feito com tecnologia de ponta e equipes bem treinadas que compõem o serviço de atendimento ao cliente. Tendo em vista as plataformas de atendimento disponibilizadas, aUnicall caracteriza-se como umContact Center – diferente de um Call Center, cujo único canal é o telefone. Além da assistente virtual Julia (robô que automatiza o atendimento e responde a demandas prédefinidas), o time da Unicall é composto por 84 pessoas. “As demandas que, eventualmente, a Julia não consegue responder de prontidão para o cliente, transbordam para uma equipe da Unicall, que dá sequência ao atendimento, resolvendo ou respondendo ao cliente”, explica Luiz Augusto Tomczack, gerente da Unicall. Empatia mediada pelas tecnologias O serviço de atendimento da Unicall foi lançado ao público no dia 1º de maio de 2019, alinhado às resoluções normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e tem por objetivo oferecer aos beneficiários das Unimeds do Paraná um atendimento personalizado e direcionado, focado na solução da necessidade do cliente no menor tempo possível, mas com qualidade. Tudo isso, segundo o gestor, “trazendo na voz o jeito de cuidar; oferecendo umatendimento comempatia e comcuidado”. Nestas páginas, você vai ler como funciona o serviço de atendimento realizado pela Unicall aos beneficiários da Unimed, bem como as principais demandas recebidas pelos canais que estão disponíveis 24h por dia. O QUE VOCÊVAI LER COMBINAÇÃO DE AGILIDADE E HUMANISMO NO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE Top 10 dos assuntos mais atendidos pelo Contact Center da Unicall* Situação de liberação Cobertura contratual Cartão magnético Guia Médico Cobranças Informações cadastrais Central de Agendamento Reembolsos Dúvidas referentes ao aplicativo, portal ou Canal do Beneficiário Dúvidas diversas dos beneficiários *Lista baseada nos protocolos de atendimento gerados pelo SAC - Unicall. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 9 COMPAR S.A. O acolhimento proporcionado ao cliente que está precisando de ajuda é um ponto fundamental. “O diálogo, o fato de estar em contato com outra pessoa, mais próximo e ouvindo o tom da voz, expressam o cuidado e a atenção, e ainda são um diferencial no atendimento. Tanto que, estamos hoje, muito parelhos com o volume de atendimentos realizados pelo chatbot, pela Julia. Isso demonstra que as pessoas estão buscando sim os canais digitais, que trazem agilidade mas, o contato humano, ainda que por voz, continua sendo um bom referencial”, observa Luiz Tomczack. Além da agilidade e da disponibilidade ao cliente 24h por dia, o gerente menciona a transparência como uma das vantagens proporcionadas pelo Contact Center. “Se observarmos uma situação mais crítica, que merece uma atenção especial de uma determinada Unimed que é detentora do contrato do cliente, conseguimos acioná-la de forma mais rápida. Também contamos com o apoio da Unimed Federação do Paraná, o que nos permite resolver ou sinalizar uma possibilidade de melhoria não apenas para o cliente, mas também de um processo da Unimed”, conta. Média de 21 mil ligações recebidas por mês pelo 0800-041-4554 7min Tempo médio de atendimento (TMA) 20s Tempo médio de espera para o atendimento Acima de 80% Nível de serviço 3,22% Taxa de abandono Indicadores de sucesso Os atendimentos realizados pela Unicall são monitorados por indicadores e, dentre eles, destacamse quatro: taxa de abandono (porcentagem de clientes que abandonam o atendimento por qualquer motivo), o tempo médio de atendimento, o tempo médio de espera e nível de serviço (que leva em conta a quantidade de ligações atendidas em até 30 segundos). De acordo com o gerente, os indicadores estão bem próximos aos esperados. Mesmo assim, as metas estipuladas direcionam a equipe para uma melhoria contínua. A partir de sua experiência como gerente do Contact Center da Unicall, Luiz Tomczack considera essencial manter o jeito de cuidar Unimed, seja qual for o meio de atendimento ParaLuizTomczack–que traznabagagemprofissional uma experiência de 19 anos dentro do Sistema Unimed – outro ponto relevante para o bom funcionamento do Contact Center tem a ver com um aspecto cultural. Mais especificamente com o jeito de cuidar. Isso vale tanto para os clientes quanto para os próprios colaboradores que fazem o atendimento. “Um fato relevante na Unicall é a busca constante para melhorar as condições de trabalho, fazendo ações de efetivo cuidado, para que, na hora em que o colaborador atende um beneficiário, ele reflita o cuidado que também recebe”, destaca.

10 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 GESTÃO GENÉRICOS E BIOSSIMILARES: COMO ESTES MEDICAMENTOS IMPACTAM NA SUSTENTABILIDADE DOS SISTEMAS DE SAÚDE Com qualidade atestada pelos órgãos competentes, medicamentos com custos mais baixos ajudam na melhor aplicação dos recursos THAÍS MOCELIN As diferenças de nomenclatura de medicamentos estão relacionadas aos processos de fabricação e à origem de seus componentes. Para além das categorias, vale pensar no que essa diversidade de opções representa em termos de acesso para os pacientes e equilíbrio financeiro para os sistemas de saúde. O QUE VOCÊVAI LER O desenvolvimento de tecnologias e pesquisas científicaspermiteumaevoluçãoconstantenadescoberta e no aprimoramento de soluções farmacêuticas para problemas de saúde diversos. Quando uma empresa lança um medicamento novo, ela detém os direitos de comercialização por determinado tempo. Quando a patente expira, outros laboratórios também podem criar e vender produtos próprios com base nos originais. Assim, chegamos à gama de opções de medicamentos de referência, genéricos, similares e biossimilares. Contém o mesmo princípio ativo do medicamento de referência, na mesma dose e forma farmacêutica, administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica. Sua embalagem deve conter a informação: “Medicamento Genérico - Lei nº 9.787/99”, além da tarja amarela para facilitar a identificação. Como os genéricos não têm marca, o que você lê na embalagem é o princípio ativo do medicamento. Contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, com igual concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, podendo diferir do medicamento de referência somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo. É equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária. E deve ser identificado pelo nome comercial ou marca. Genérico Similar Biossimilar Trata-se de uma versão de um medicamento biológico de referência, que possui características individuais únicas, provenientes de um complexo processo de produção, com eficácia e segurança equivalentes ao medicamento de referência. Por ser produzido por células vivas, com moléculas maiores e complexas, podem existir pequenas variações em sua estrutura. A partir do conteúdo disponibilizado pelo portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o quadro abaixo sintetiza as definições para cada tipo de medicamento. A médica especializada em Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica Lúcia Manoel de Macedo, gerente de Operações e Regulação em Saúde da Unimed Paraná, esclarece uma dúvida comum quando se trata dessa nomenclatura. “Os biossimilares não podem ser considerados como uma forma de genéricos. Isso porque os genéricos são idênticos aos medicamentos originais. No caso dos biossimilares, isso não acontece, pois é quase impossível produzir um medicamento idêntico ao produto cuja patente expirou. São no máximo altamente similares. É por isso que cópias legais de medicamentos biológicos são chamados de biossimilares, porém os resultados clínicos são os mesmos”, explica.

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 11 GESTÃO Segurança garantida A farmacêutica Dalila Kotelok afirma que os medicamentos genéricos e biossimilares podem ser utilizados nos tratamentos dos pacientes sem impactos negativos. “Mesmo se tratando de cópias, existem critérios de avaliação para essesmedicamentos obterem o registro na Anvisa – para garantia da qualidade, eficiência e segurança”, destaca. Vale pontuar que a “Lei dosGenéricos” está emvigor no Brasil desde 10 de fevereiro de 1999. Já para o registro de biossimilares no Brasil, a legislação utilizada é a resolução da Anvisa RDC nº 55, de 16 de dezembro de 2010. Lúcia comenta que as exigências da Anvisa para a aprovação dos genéricos são mais simples. No caso dos biossimilares, “a semelhança deve ser demonstrada por testes clínicos mais detalhados e complexos, com avaliações robustas quanto à segurança e eficácia do medicamento – em especial os seus efeitos clínicos, toxicidade e ações biológicas, entre outros aspectos”, informa a médica. Sustentabilidade dos sistemas de saúde Segundo o Ministério da Saúde, há medicamentos genéricos que costumam ser até 90% mais baratos que os originais. Essa redução no valor é viabilizada pelo fato de a produção não precisar de investimento em pesquisa para seu desenvolvimento, visto que já existe um semelhante no mercado. Também não há necessidade de publicidade, pelo fato de o genérico não ter nome comercial. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) publicados em 2021, os biológicos representam somente 2% de todos os medicamentos comprados pelo Ministério da Saúde. Porém, eles utilizam 41% do gasto com fármacos. Por isso, a existência dos biossimilares tem um impacto considerável no tratamento de doenças de alto custo ou difíceis de tratar. “Biossimilares são fundamentais para expandir o acesso às populações que precisam dessas terapias, mas não têm condições para acessálas atualmente”, enfatiza Lúcia. Dalila Kotelok: a utilização dos medicamentos genéricos e biossimilares contribui de forma muito significativa na sustentabilidade dos sistemas de saúde Lúcia Manoel: os biossimilares são uma versão de um medicamento biológico de referência, que possui características individuais únicas “A utilização dos medicamentos genéricos e biossimilares contribui de forma muito significativa na sustentabilidade dos sistemas de saúde – público e privado. Eles chegam ao mercado com valores mais acessíveis e geram maior concorrência, o que movimenta a queda dos preços também”, salienta Dalila. Além disso, a farmacêutica revela que o processo de pesquisa até a aprovação de um novo medicamento é bastante dispendioso. “Utilizar medicamentos que já passaram por aprovação indicando sua segurança, qualidade e eficácia na forma de genéricos e biossimilares, com custos mais acessíveis, permite que os sistemas consigam otimizar recursos, que podem ser utilizados em novos medicamentos/tratamentos”, completa. Fazemos parte desse processo Na Unimed Paraná, o processo de intercambialidade de medicamentos está em curso e ganhando cada vez mais espaço, em parceria com os médicos prescritores. “Também reforçamos a questão da farmacovigilância, por meio de comunicado endereçado ao médico prescritor e monitoramento da evolução clínica dos pacientes. Essa prática tem sido bastante exitosa, respeitando-se toda a legislação vigente”, observa Lúcia. Ela relata que muitos médicos e gestores ainda não se familiarizaram com a presença dos biossimilares e que esse desconhecimento é um dos desafios a serem trabalhados. A aprovação do primeiro biossimilar pela Anvisa em território nacional aconteceu há apenas cinco anos. Mas o país está no caminho dessa evolução. Dia após dia, equipes multidisciplinares atuam em prol de medicamentos cada vez mais efetivos. Para que essas soluções ultrapassem os limites dos laboratórios e façam a diferença na vida das pessoas, o papel dos médicos prescritores também é fundamental. Tanto no acompanhamento das novidades disponibilizadas pela indústria farmacêutica quanto na conscientização dos pacientes, para que não tenham dúvidas de que estão recebendo o melhor tratamento.

12 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 COOPERADOS ATENÇÃO AO CUIDADO EXIGE RESPONSABILIDADE O uso consciente dos planos de saúde permite mais investimentos na excelência do atendimento e preços acessíveis ao consumidor final JOSSÂNIA VELOSO Criado em 1993, o PAC (Plano de Assistência ao Cooperado) consiste em um trabalho intenso, aprimorado ano após ano, com o intuito de oferecer ao médicocooperado e aos seus familiares condições exclusivas de atendimento, com ampla área de abrangência e possibilidades diferenciadas de inclusão de dependentes. A maioria das pessoas não sabe o que realmente é um plano de saúde. Não entende sua característica de mutualidade. Ou seja, quando muitas pessoas contribuem para garantir o acesso à saúde daqueles que necessitam ocasionalmente. Um paga para o outro usar e viceversa. Nenhum plano de saúde sobreviveria se todos usassem, ao mesmo tempo, tudo. O papel do plano de saúde, a operadora, como o nome já diz, é operar, administrar, fazer gestão dessa relação. As vidas de uma determinada carteira nem sempre se dão conta do quanto os seus gastos e as suas contribuições estão interrelacionados. Boa parte das pessoas não entende o quanto a saúde da carteira, ao qual determinado grupo de beneficiários está atrelado, depende, fundamentalmente, das atitudes em relação à prevenção e ao cuidado do próprio grupo. No caso específico da carteira PAC, cabe à Federação e às Singulares buscarem mecanismos de conscientização dos cooperados e de seus familiares, para essa realidade. Faustino Garcia Alferez, diretor de Saúde e Intercâmbio da Unimed Paraná lembra que vários esforços são realizados para que os beneficiários entendam o quanto o autocuidado é importante, assim como o uso consciente do plano de saúde para que os resultados possam redundar em mais acessos, mais qualidade e, portanto, mais saúde. “A Unimed investe em vários programas e ações com esse intuito. Uma carteira premium, como a do PAC, não é diferente. Os programas têm o objetivo não apenas da prevenção e cuidado, mas também da conscientização da responsabilidade do indivíduo para com a sua saúde. Por isso, é preciso que cada indivíduo entenda o seu papel em meio a esse cuidado”. Em qualquer setor, o uso racional dos recursos é fundamental. Não existem recursos infinitos. Na saúde, não é diferente. Os desperdícios ou mau uso têm suas consequências e acabam por recair em prejuízo para todos os atores da cadeia de saúde: operadoras, hospitais, médicos, demais prestadores e beneficiários. Para Faustino Garcia Alferez, neste momento de sinistralidade elevada, pela maior utilização do plano, crescente aumento dos medicamentos e das diárias, é de suma importância que todos, mais do que nunca, entendam essa dinâmica. A sinistralidade da saúde suplementar, só no segmento médico-hospitalar, atinge em 2022 cerca de 90%, chegando em alguns casos a 100%. Os percentuais no Sistema Unimed não estão diferentes. Há várias operadoras, dentro e fora da Unimed, com resultados líquidos negativos. O Plano de Assistência aos Cooperados, com o intuito de incentivar o autocuidado e a autorresponsabilidade com a própria saúde oferece vários programas. Isso para estimular o entendimento de que o acesso e a qualidade do plano de saúde envolvem a conscientização do seu uso, de modo a otimizar os recursos. O melhor plano é aquele que atende com eficiência (produz o efeito esperado), eficácia (retorno, relação custo-benefício), efetividade (impacto a longo prazo) e é sustentável. O QUE VOCÊVAI LER A Unimed investe em vários programas e ações com esse intuito. Uma carteira premium, como a do PAC, não é diferente. Os programas têm o objetivo não apenas da prevenção e cuidado, mas também da conscientização da responsabilidade do indivíduo para com a sua saúde Faustino Garcia Alferez

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 13 COOPERADOS Como indicador de resultados da utilização dos planos, a sinistralidade aponta a relação entre despesas assistenciais e os valores das contribuições realizadas pelos beneficiários. O ponto de equilíbrio é de 75% a 80%. Acima desse percentual, há dificuldade crescente de sustentabilidade de operadoras. Para Alexandre Bley, diretor Administrativo e Financeiro da Unimed Paraná, o PAC é o maior benefício que o Sistema Unimed no Paraná oferta aos seus cooperados, pois o preço médio praticado é bem menor do que o mercado oferece, especialmente nas faixas etárias maiores, além de uma cobertura ampla e atendimento diferenciado. Um plano de saúde tem seu aspectodegarantir segurança e cabe aogestor equilibrar o índice de sinistralidade para que o acesso à saúde ocorra de forma eficiente, combatendo o desperdício e proporcionando a perenidade do benefício. Paulo Faria, presidente da Unimed Paraná, complementa, lembrando a necessidade, “da conscientização sobre o uso racional dos recursos assistenciais, com destaque aos ambulatoriais e aí estamos falando, principalmente, de exames. A Um plano de saúde tem seu aspecto de garantir segurança e cabe ao gestor equilibrar o índice de sinistralidade para que o acesso à saúde ocorra de forma eficiente, combatendo o desperdício e proporcionando a perenidade do benefício Alexandre Bley Informações referentes ao PAC estão disponíveis em: redução da utilização indiscriminada dos recursos em saúde é fundamental para que os planos de saúde consigam manter a mesma acessibilidade e qualidade desejadas”, destaca.

14 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 CAPA Após a pandemia, setor precisa de ações estratégicas para equilibrar os custos, mantendo a qualidade no atendimento dos pacientes, além de pensar a possibilidade de expansão GIÓRGIA GSCHWENDTNER Nos últimos dois anos, a demanda da saúde suplementar acompanhou as curvas geradas pela pandemia da Covid-19, bem como ocorreu na saúde pública brasileira e mundial. De acordo com o indicador de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), no mês de setembro de 2020, um dos picos da pandemia, o VCMH/IESS, ficou em -3%, indicando redução do custo per capita na comparação com os 12 meses anteriores. Um ano depois, em setembro de 2021, o mesmo índice subiu 27,7%. No último mês de dezembro, estava em 25%, e a expectativa é um índice superior a 20% para março de 2022. SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL ATRAVESSA O DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE E MATURIDADE NA GESTÃO Saúde Suplementar busca o reequilíbrio no mundo que vivencia ainda os impactos da pandemia. Os hospitais e operadoras visam à administração dos custos diante do aumento dos insumos e do capital humano. Novas perspectivas para o setor envolvem uma jornada conjunta com a saúde pública e o aprimoramento da gestão. O QUE VOCÊVAI LER

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 15 CAPA Conforme explica o superintendente executivo do IESS, José Cechin, embora os dados para esse ano ainda não estejam consolidados, indicativos apontam que o VCMH seguirá em patamar superior a 20% ainda por algum período. “O principal desafio para a questão do financiamento da saúde suplementar é o mesmo que vale para todo o Brasil: aumentar o nível de atividade econômica e de emprego. Além disso, esse setor precisa ter seu marco regulatório revisado, visto que há uma dinâmica importante de transformação: novas tecnologias e novos modelos de negócio se sobrepõem, muitas vezes, às regras (leis e normas) definidas”, avalia o superintendente. Partindo do entendimento de que é necessário repensar a normatização da saúde suplementar, Cechin entende que, assim, se torna possível garantir mais opções de produtos, alternativas de coberturas, bem como maior responsabilidade do beneficiário e respeito às regras, garantindo previsibilidade ao setor. “Continua necessário aprofundar as mudanças no modelo de atenção à saúde, colocando o indivíduo no centro das atenções, oferecendo acesso hierarquizado, investindo mais em promoção da saúde. Se todos concordamos que o plano de saúde é um desejo real do brasileiro, é necessário que todos os agentes envolvidos nessa cadeia de valor, inclusive setor público e representações da sociedade civil, debrucem-se para, com criatividade e responsabilidade, promovermos mais acesso ao sistema e garantir as sustentabilidades econômica, financeira, assistencial e social do setor de saúde suplementar”, observou o superintendente executivo do IESS. Joaquim destaca a necessidade de pensar a saúde regionalmente a fim de atender as diversas realidades do país Atualmente, 26% da população têm plano de saúde, sendo quase 50 milhões em planos de assistência médica e mais de 30 milhões de beneficiários em planos exclusivamente odontológicos, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS). Durante a pandemia, houve um aumento na procura e crescimento de usuários de planos. O presidente da ANS, Paulo Rebello, reconhece a saúde suplementar como uma porta de acesso importante para os brasileiros. “Em 2021, foram feitos 1,6 bilhão de procedimentos na saúde suplementar. É, portanto, indispensável para o Estado, uma vez que evita uma sobrecarga ainda maior para o atendimento no setor púbico”, analisa o presidente. O aumento de beneficiários, que chega à ordem de 3 milhões de pessoas, trouxe impactos na ampliação da assistência para as operadoras, que paralelamente ainda estão gerenciando a retomada de processos eletivos paralisados por conta da pandemia. E, assim como os hospitais, buscam administrar os custos diante do aumento dos insumos e do capital humano. Conforme explica o partner da consultoria Deloitte na área de Life Sciences & Health Care Industry Leader, Luís Fernando Vieira Joaquim, é preciso atenção para o uso da sinistralidade no caso das operadoras, ou seja, a busca do equilíbrio na equação de uso por parte dos usuários versus os recebimentos. No mercado da saúde, segundo Joaquim, ainda existe um movimento visando à sustentabilidade dos negócios e que foi acelerado durante os últimos dois anos, englobando estratégias financeiras. O Brasil faz três vezes mais ressonâncias do que os países europeus e norte-americano. Precisamos revisar isso, voltando aos bancos acadêmicos e trabalhando mais a gestão, pois somos abastecidos de excelentes profissionais e precisamos ajustar para garantir uma saúde sustentável Luís Fernando Joaquim

16 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 “Estamos verificando muitas aquisições, sendo grandes movimentos de redes hospitalares, grupos de operadoras verticalizados ou não, e a formação de ecossistemas, ou seja, empresas de saúde que estavam em um segmento e agora estão observando outras linhas de atuação. Os grandes players do mercado se mobilizam para ganhar escala, a fim de obter maiores margens”, pontuou Joaquim, que complementa que com essas estratégias, as empresas do setor buscam ainda a expansão geográfica. Rol dos procedimentos O superintendente executivo do IESS disse que ainda não foi possível mensurar os impactos da sanção presidencial da Lei nº 14.454/22, que servirá como referência ao que efetivamente é contemplado pelos contratos de planos de saúde a partir das definições da ANS. “Ainda não é possível aferir qualquer impacto econômico da decisão do Congresso Nacional sancionada pelo Poder Executivo, mas o setor operador já sente o grande aumento de demanda”, compartilha Cechin. O presidente da ANS concordou igualmente que não existem informações suficientes sobre os resultados implicados pela lei e reforçou que a reguladora mantém sua posição clara de que existe uma preocupação em relação à decisão. “Há projeções sobre o rol que levam a um cenário econômico de maior insegurança em relação aos níveis de análise de eficácia de determinados procedimentos e também do ponto de vista da capacidade de pagamento dos contratantes e consumidores, visto que há o risco de aumento da sinistralidade, a ser repassada nas mensalidades, apesar de todos os nossos alertas a respeito do assunto”, reiterou Rebello. Cechin, superintendente executivo do IESS, pontua que ainda não é possível determinar o impacto econômico da mudança de rol, porém as operadoras já percebem um aumento nas demandas Atualmente, a ANS mantém uma listagem de procedimentos a serem garantidos nas diferentes segmentações nas contratações de planos de saúde das operadoras, e atualiza a mesma em processo contínuo. “É importante salientar que o Rol tem cobertura para todas as doenças reconhecidas pela Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial de Saúde (OMS). São mais de 3,4 mil itens, todos tendo passado por análise criteriosa feita pela ANS, com representantes de diversos segmentos da sociedade. O processo de incorporações de tecnologias está muito mais rápido e, só neste ano, até setembro, foram 25 inclusões”, explica o presidente da ANS. Cenários no longo prazo O envelhecimento acaba sempre pesando nas análises, porém existe outro aspecto que interfere nesse processo e envolve o custo e os reajustes dos planos de saúde. Em relação ao futuro da saúde suplementar, o superintendente executivo do IESS destacou que projetar a próxima década recai no desafio diante das incertezas, porém algumas questões norteiam os desafios e oportunidades da saúde em geral. “Como visto recentemente no debate público, há diversos fatores que impactam nos custos da saúde, principalmente o envelhecimento populacional e as novas tecnologias. É de conhecimento de todos que as recentes decisões que impactamsobre o rol de cobertura poderão representar mais aumentos de custos, o que implica preços mais altos dos planos e reajustes mais elevados. Isso tudo dificulta o acesso e coloca em xeque a sustentabilidade desse setor”, conclui Cechin. Atualmente, aproximadamente 70%dos beneficiários Em 2021, foram feitos 1,6 bilhão de procedimentos na saúde suplementar. É, portanto, indispensável para o Estado, uma vez que evita uma sobrecarga ainda maior para o atendimento no setor púbico Paulo Rebello CAPA

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 17 CAPA das operadoras estão em contratos coletivos empresariais o que aponta que, caso a economia cresça, mais empregos podem ser gerados e mais planos de saúde podem ser ofertados como benefício trabalhista. Assim, acredita Rebello que todos e o país ganham. “O crescimento do setor de saúde suplementar se relaciona com a saúde pública de várias formas, por exemplo, havendo um aumento de pessoas na saúde suplementar, o valor per capita daqueles que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) aumenta. Vale destacar que as despesas com saúde representam mais de 9% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o IBGE, em 2019, despesas de saúde com regimes privados representaram 5,4% do PIB e regimes públicos, 3,9%”, complementa o presidente da ANS. Somado à questão econômica, Joaquim ainda traz uma reflexão para a necessidade de olhar a particularidade de cada região do Brasil, a fim de promover uma oferta condizente com as várias realidades. “É preciso ter um olhar menos mediano nas análises e entender as questões regionais do nosso país. Existem muitos movimentos em linha para atender localidades nas quais não se disponibiliza facilmente a saúde. Assim, observamos um crescimento dos produtos low cost, a fim de tornar possível ofertar no mercado um plano médio, em torno de R$ 200, dando acesso à saúde”, destacou o especialista. Portanto, a saúde brasileira, seja privada ou pública, para além da incorporação tecnológica, precisa pensar a gestão como observa Joaquim, aperfeiçoada paralelamente à redução dos custos, gerando a sinergia necessária para a sustentabilidade do setor. “O Brasil faz três vezes mais ressonâncias do que os países europeus e norte-americano. Precisamos revisar O principal desafio para a questão do financiamento da saúde suplementar é o mesmo que vale para todo o Brasil: aumentar o nível de atividade econômica e de emprego. Além disso, esse setor precisa ter seu marco regulatório revisado (...) José Cechin Paulo Rebello observa no crescimento do setor de saúde suplementar o benefício do aumento do valor per capita daqueles que seguem atendidos pelo SUS isso, voltando aos bancos acadêmicos e trabalhando mais a gestão, pois somos abastecidos de excelentes profissionais e precisamos ajustar para garantir uma saúde sustentável”, pondera.

18 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 O IMPACTO DA TECNOLOGIA NO COTIDIANO DE SAÚDE LOUISE F IALA E LANA MARTINS Há oito anos, o E-saúde (Encontro de Tecnologia Aplicada à Gestão em Saúde) promove debates amplos e variados focados em novidades e soluções inovadoras na área da saúde. Com grandes nomes do mercado nacional e internacional, além de cases internos e externos ao Sistema, o evento oportuniza que profissionais das áreas da saúde, gestão e tecnologia compartilhem conhecimento em prol do fortalecimento do setor, estreitando laços e construindo novas parcerias. A 8ª edição do evento – após dois anos no formato on-line – aconteceu nos dias 10 e 11 de novembro, na Associação Médica do Paraná (AMP), em Curitiba, e contou com transmissão simultânea no Youtube. Temas como interoperabilidade, jornada e engajamento do paciente, uso das tecnologias aplicadas na gestão da saúde, entre outros, foram debatidos no decorrer da programação. A mesa de honra do evento foi composta por representantes de entidades e parceiros da Unimed Paraná. Entre eles: Roberto Yosida, presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR); Nerlan de Carvalho, presidente da AssociaçãoMédica do Paraná; TiagoAntonio Cesco, representando o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do ESPECIAL 8ª edição do E-saúde trouxe painéis sobre tecnologia, gestão, interoperabilidade, jornada e engajamento do paciente, além de cases e relatos de quem já emprega a tecnologia no setor de saúde O QUE VOCÊVAI LER E-saúde aborda temas como interoperabilidade e engajamento do paciente em sua 8ª edição Estado do Paraná (Femipa); Claudia Moro, representando o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde Stricto Sensu da PUCPR – PPGTS; e Marlus Volney de Morais, representando o presidente da Unimed Curitiba. As autoridades agradeceram o convite e destacaram a importância em debater temas que impactam diretamente o cuidado do paciente e o setor de saúde. Em seguida, o presidente da Unimed Paraná Paulo Roberto Fernandes Faria ressaltou a tarefa contínua em preparar um evento que busque responder às dores do Sistema. “A tecnologia em saúde, em especial a inteligência artificial, tem permitido avanços no cuidado do paciente, transformando a medicina atual. Entretanto, para que seja efetiva, exige interoperabilidade e apoia-se em cinco Ps: preventiva, preditiva, personalizada, participativa e pertinente”, disse, chamando a atenção para o alto índice de desperdícios que o setor enfrenta. A abertura do E-saúde trouxe, ainda, o lançamento oficial do novo sistema de gestão da Unimed Paraná, o Nótus, realizado pelo diretor de Inovação e Desenvolvimento Omar Genha Taha. PAINÉIS E CASES Além de palestras que fomentaram grandes debates, o E-saúde trouxe dois painéis voltados ao compartilhamento de cases – tanto do Sistema, como externos. Foram abordadas temáticas de “Projetos e iniciativas de inovação em Saúde” e “Soluções e Experiências do uso da Tecnologia em Saúde”, com a participação de profissionais do Sebrae, LACTEC, PUCPR, Hilab, ComSentimento, DparaE, Academia Médica e das Unimeds Brasil, Paraná e Londrina. Na abertura, o presidente da Unimed Paraná e representantes de entidades parceiras

OUT / NOV / DEZ 2022 AMPLA 19 ESPECIAL Como é possível poupar tempo e resolver processos caóticos com o apoio da tecnologia? Para Arthur Igreja, palestrante responsável por abrir a 8ª edição do E-saúde, esse é o verdadeiro “x da questão” quando abordamos a jornada digital e o impacto de temas como inovação, tecnologia e transformação. Afinal, o consumidor – independentemente de setor – não aceita mais processos complexos e complicados, nos quais é necessário fazer cadastros diferentes para osmesmos serviços, por exemplo. Aqui, o mantra é: seja cliente do seu negócio e entenda o que o seu público sente na prática, utilizando seus serviços. É inevitável não pontuar que vivemos, hoje, ummomento desafiador. Passamos pela pior pandemia dos últimos 100 anos, a pior guerra em território europeu dos últimos 70 anos, a maior recessão econômica mundial em 12 anos. E, tudo isso, em um período de apenas dois anos. “Naturalmente, sentimos a tensão no ar. Agora, no pós-pandemia, é curioso notar que as pessoas estão voltando um pouco pro off-line, pois o período pandêmico trouxe muitos exageros”, comenta Igreja ao citar a quantidade de encontros não programados que acontecem no âmbito presencial. “O on- -line é mais direto, não tem tanta troca. Quantos encontros não programados nós temos diariamente? Pessoas que conhecemos em estacionamentos, aeroportos, no saguão do hotel, entre uma reunião e outra”, reflete. Consequentemente, com mais encontros, há mais troca. E, com mais troca, mais criatividade e conhecimento. “A palavra-chave é equilíbrio. A tecnologia é fundamental, claro, mas esses encontros também”. E por mais que tenhamos falado cada vez mais sobre transformação – principalmente digital -, o palestrante reforça: muitas vezes, o que notamos é apenas uma interface diferente. No bastidor, os processos seguem os mesmos. “A transformação muda os processos. Nos anos 90, a internet era básica. Hoje, nós conversamos com dispositivos como a Alexa, que pode ser integrada a outras tantas ferramentas. Isso é transformação. Em contrapartida, nos anos 90, precisávamos reunir documentos, levar ao nosso contador para, então, ele levar à Receita Federal. Anos depois, houve o lançamento do app que permite que você coloque os mesmos documentos no sistema, no mesmo prazo que era praticado antes. O que mudou? A interface, não o processo”, exemplifica, ao relembrar que, muitas vezes, novas interfaces acabam sendo até mesmo piores que as antigas, frustrando a experiência do cliente. Dessa forma, Igreja lembra aos presentes que a tecnologia em si tem menos a ver com questões como big data SEJA O CLIENTE DO SEU NEGÓCIO LOUISE F IALA E LANA MARTINS Tecnologia deve ser ferramenta para facilitar processos e desburocratizar a jornada do cliente ou Inteligência Artificial, mas sim com atributos que facilitem os processos. Há a necessidade de, cada vez mais, promover o intercâmbio de tecnologias para olhar a jornada do cliente, o processo de ponta a ponta, refletindo sobre quais são as reais necessidades do mercado. “As redes sociais, por exemplo, fazem sucesso por isso. Elas têm a privacidade que o usuário deseja, apostam em interoperabilidade de dados e há uma jornada descomplicada. Você faz um cadastro e a rede social se lembra de você. E, mais que isso, esse mesmo cadastro, caso você permita, pode ser reaproveitado em outros canais”. Na primeira palestra do E-saúde, Arthur Igreja (à esquerda) falou sobre entender e solucionar as dores do cliente. Na foto com Omar Taha, diretor da Unimed Paraná Em relação aos bancos de dados, o palestrante reforça que de nada adianta ter uma enxurrada de informações se elas não são utilizadas de forma inteligente. “Temos que eliminar os labirintos. Basta olhar para grandes empresas que, com o passar do tempo, se tornaram complicadas demais e perderam mercado. Um grande exemplo são os bancos. Nos últimos 10 anos, para cada seis contas em meios digitais forram abertas uma em banco físico. E por qual motivo? Simples: queremos poupar energia o tempo inteiro”, diz.

20 AMPLA OUT / NOV / DEZ 2022 muito fácil migrar para outras áreas. Varejistas passaram a ser postos de carregamento de veículos elétricos. Grandes e-commerces agora apostam na área de saúde. O mercado não permite que você espere”. Na área da saúde, essa integração começa já no momento do cadastro. É necessário fazer mais que um cadastro dentro do mesmo sistema de saúde, por exemplo? Ou nós, como Unimed, podemos integrar dados e evitar que o beneficiário refaça fichas e cadastros a cada passo que dá dentro do Sistema? Esse mesmo pensamento pode ser aplicado em relação a prontuários, pedidos de exame, questões como receita de remédios, entre outras situações. “Nós estamos cada vez mais conectados e, enquanto isso, são as máquinas que têm tempo de aprender. Não é o momento de repensar como utilizamos o nosso tempo, e como ocupamos o tempo de nossos clientes com processos complexos e desnecessários?”, finaliza, provocando a reflexão de todos os participantes. Para tanto, um dos principais combustíveis da tão desejada transformação é o estado de inquietação. Verdadeiramente se incomodar com o processo que cada cliente passa, buscando a solução. Conforme comenta Igreja, de nada adianta entrar em estado de negação e achar que esses problemas não acontecem na sua empresa. “Às vezes, são coisas simples. Sua empresa tem um estacionamento acessível, ou você acredita que ele é acessível pois tem uma vaga de diretoria te esperando? E se você fosse ao local como um cliente, sem nenhum tipo de privilégio, continuaria sendo fácil estacionar? Isso é experiência do cliente, e isso é se importar com os problemas desde a ponta”. Além disso, falando especificamente de tecnologia, um ponto crucial é investir na capacidade de gestão dos dados coletados, visando menos desperdício do futuro. Isso pode ser feito a partir da integração de tecnologias, otimização a análise de dados e sua aplicação em soluções práticas, que facilitem os processos. “Outro detalhe é que não tem mais empresa de um setor ou de outro. Hoje, é Sob o tema “Evidências do Mundo Real para Gestão de Saúde Baseada em Valor”, com moderação do médico Fernando Carbonieri, da Academia Médica, o segundo painel do E-saúde debateu os dados dentro do setor da saúde, as melhores práticas para utilizar evidências científicas, e a Inteligência Artificial (IA) aplicada à saúde. Quando falamos em dados, é importante frisar que, cada vez mais, a base de conhecimento médico se multiplica com mais velocidade. Em 1950, a estimativa era que essa duplicação acontecia em um período de 50 anos. Hoje, o mesmo volume é registrado em apenas 73 dias. “Dentro desse cenário, como é possível tomar uma decisão em um mar de dados, e como selecionar as melhores evidências?”, questiona Sandro Marques, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e consultor de dados e research collaborator para a equipe de cirurgia de sono na Escola de Medicina de Stanford. Temos que eliminar os labirintos. Basta olhar para grandes empresas que, com o passar do tempo, se tornaram complicadas demais e perderam mercado Arthur Igreja MEDICINA E EVIDÊNCIAS: COMO OLHAR PARA O FUTURO? LOUISE F IALA E LANA MARTINS Dados, genética e sistemas de suporte foram debatidos pelos profissionais Uma estratégia interessante é a análise dos Dados do Mundo Real (RWD), coletados por meio de dispositivos inteligentes, como relógios e outras interfaces. “As jornadas, no entanto, são geralmente incompletas. Assim, o segredo está em trabalhar com as jornadas dessa maneira, buscando relações dentro dos dados que temos”, diz. Conforme Marques, um exemplo de análise é a relação do consumo do plano de saúde e uma possível doença crônica, ou o impacto de um antibiótico, prescrito em um tratamento, em um fator de risco pré-existente. “Temos que aprender a fazer perguntas baseadas na análise de dados, com a consciência de que nem sempre as evidências coletadas são válidas para todas as faixas etárias, gêneros, etc”. A gestão dessas evidências no suporte à decisão clínica também foi abordada pelo médico e consultor de inovação e tecnologia do Hospital AC Camargo Cancer Center, Carlos Sacomani. Assim como em outras áreas, ESPECIAL

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