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A doação de órgãos e tecidos é um tema preocupante no Brasil. Atualmente, mais de 40 mil brasileiros aguardam na fila por um transplante de órgão, segundo dados do Ministério da Saúde. Esse número reflete uma realidade preocupante: embora o Brasil possua um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, a doação de órgãos ainda precisa ser debatida de forma mais aberta. Dados do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que mais de 40% das famílias negam a coleta de órgãos em um ente falecido.
Nesse cenário, as campanhas de conscientização desempenham um papel essencial ao informar a população sobre a importância da doação de órgãos e esclarecer dúvidas. Um bom exemplo disso é Goiás, que registrou um aumento de 39,5% no número de doadores em 2023 enquanto entidades públicas reforçaram a realização de ações de incentivo.
Cabe ressaltar que, no Brasil, a autorização para doação depende da família do doador, sendo crucial que as pessoas manifestem em vida o desejo de doar. Com isso, as campanhas educativas estimulam a conversa de forma aberta dentro das famílias, garantindo que, no momento da decisão, os entes queridos estejam cientes da vontade do falecido.
De fato, a doação de órgãos e tecidos é um tema delicado e ainda cercado de dúvidas e mitos. Há, por exemplo, quem se questione se a decisão expressa por ser um doador pode influenciar no tratamento do paciente. Contudo, é importante frisar que o foco sempre reside na preservação da vida da pessoa, sendo o processo de doação sendo considerado apenas após a constatação de morte encefálica, um diagnóstico criterioso e irreversível.
Além disso, outro mito comum é o de que pessoas com doenças crônicas não podem ser doadoras. No entanto, a avaliação para a doação é feita caso a caso, e, dependendo da condição de saúde do potencial doador, muitos órgãos ainda podem ser aproveitados, beneficiando aqueles que aguardam na fila. Os principais impeditivos são a presença de doenças infecciosas incuráveis, alguns casos avançados de câncer e problemas de saúde que comprometam o estado dos órgãos.
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado avanços no número de doadores, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. De acordo com a ABTO, o país registrou 18,4 doadores por milhão de habitantes em 2023 contra 15,2 em 2022. Mesmo com o crescimento, a demanda ainda é elevada. As maiores filas são as de rim, com quase 40 mil pessoas à espera de um doador, de córneas, com mais de 28 mil, e de fígado, com mais de 2 mil.
Nesse cenário, a melhor maneira de contribuir para a diminuição das filas de espera é se informar e conversar com a família sobre o desejo de ser doador. A doação de órgãos é um ato de generosidade que pode salvar diversas vidas e é fundamental que tanto o doador quanto as pessoas próximas a ele entendam esse processo. Também é importante esclarecer que a fila de espera de órgãos é cuidadosamente auditada para atender aos casos mais graves, sem escolher quem recebe a doação.
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