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Entre as definições de glossário está: “dicionário de palavras de sentido obscuro ou pouco conhecido”. Infelizmente o glossário baseado em evidência já existe, e tem sido escrito por dois autores: o desconhecimento de muitos e o interesse de poucos “evidenciólogos”. Como diz a definição, é um dicionário incompreensível e sem aplicabilidade. São inúmeros termos que têm o mesmo significado, mas que em atenção aos desejos dos autores tornaram-se e produtos independentes e “distintos”, passando a ser comercializados. Esse conteúdo tem sido valorizado por sua metodologia complexa, intangível e inatingível. Seus autores se associam em agremiações cujo nome segue a terminologia específica do glossário, defendendo os interesses desses autores. Especializados em um pequeno fragmento do que um dia foi genericamente denominado “Medicina Baseada em Evidência (MBE)” fazem questão de distinguir prática clínica (própria de profissionais de saúde) de sua atividade produtiva (própria de um sócio da agremiação), apesar de insistir na escravidão da prática pelo termo, que obviamente não é apenas um termo, mas é a solução para todos os problemas da assistência e da gestão em saúde. No passado, lidava-se somente com as resistências à MBE, hoje há também os autores do “glossário”, que se sabendo ou não, estão entre os principais fatores de aumento do abismo entre o paciente e a evidência científica. Estão entre os termos desse glossário: avaliação de tecnologia em saúde, avaliação tecnológica, inovação em saúde, revisão sistemática, meta-análise, diretrizes baseadas em evidência, guias clínicos de saúde, saúde baseada em evidência, prática clínica baseada em evidência, avaliação de impacto econômico, análise econômica, tomada de decisões baseada em evidência, análise de decisão, tomada de decisão compartilhada, análise de custo-benefício, análise de custo-efetividade, incorporação de tecnologias em saúde, glossário do glossário, medicina centrada na pessoa e muitos mais termos. É muito cansativo conhecer um dicionário (glossário) tão inútil e descentrado das necessidades básicas dos pacientes, cujos produtos desenvolvidos, que atendem a essa particular terminologia, sequer fazem parte de um processo estratégico de gestão e assistência à saúde desses pacientes. Além disso, inúmeros manuais e cursos que ensinam como elaborar os produtos do glossário são cansativamente, constantemente, consecutivamente e repetidamente desenvolvidos, em uma tentativa frustrada de demonstração de proficiência, e de propagar dificuldade oferecendo facilidade. Mas por que perder tempo escrevendo sobre esse dicionário de palavras obscuras? Porque a chance que nossos pacientes têm de experimentarem a riqueza dos princípios simples e puros de MBE (evidência, experiência e expectativas) é que esse dicionário ou glossário seja ignorado e rasgado, por ser a representação da confusão de mentes incompetentes para orientar o uso da evidência científica na prática diária. A superabundância de uma linguagem rica em método ou nomenclaturas de glossário não garantem ou sustentam uma prática baseada em evidência, e são sinais de uma perigosa imaturidade e infantilidade, que valendo-se do desconhecimento de muitos levam a desperdício de tempo e recurso, aprofundando ainda mais as dificuldades já enfrentadas pelo sistema de saúde. De 1990 para cá, pouco ou quase nada mudou em relação aos conceitos originais de obtenção crítica da evidência científica e da ponderação sobre sua força, relevância e aplicabilidade. Além disso, a geração da evidência depende e sempre dependerá da produção científica original e atual, o que inclui a revisão sistemática e meta-análise publicadas fora do ambiente do glossário. Dicionários de palavras desconhecidas só servem para aqueles que não sabem, e nunca saberão, que em MBE nos importamos com a dor, o sofrimento, o medo, as expectativas, os resultados, a incerteza, a cultura, as dificuldades, o desconhecimento, as facilidades, a filosofia, a pesquisa básica, a experiência, as barreiras, a falta de recurso, a abundância de recurso, o esforço, a dedicação, a dúvida diária e a fé, próprios de todos os envolvidos no cuidado aos pacientes e, sobretudo, do próprio paciente individual. O distanciamento das reais necessidades em saúde é conveniente e compreensível àqueles que por escolha (ou não), não têm como olhar para o paciente, “seu desconhecido”, e por isso criam um “mundo desconhecido” a todos, onde não há pacientes, mas há procedimentos, fármacos e tecnologias. Sendo assim, como pensar e agir frente a mais essa confusão e pressão moderna, que dificulta e conspira contra a implementação de MBE na saúde de todos? • Ignore essas diferenças, pois elas não existem. • Olhe sempre para o paciente. • Entenda que uma pessoa sozinha não resolve nada. • Invista na formação de grupos éticos. • Seja paciente, os efeitos são em longo prazo. • Busque equidade assistencial e justiça social. • Coloque os interesses de mercado no lugar dele.
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