Page 11 - Revista Conexão - Edição 6

A GLOBALIZAÇÃO DO
stress
ARTIGO
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Federação das Unimeds do Estado de Minas Gerais
Os Estados Unidos perderam a franquia
exclusiva da palavra
stress
,
já incorporada à
nossa língua, com a grafia de estresse. Re-
centemente, um artigo do
New York Times
observou que o vocábulo tornou-se tão uni-
versal que dispensa tra-dução em todas as
outras línguas.
Diga
stress
em qualquer país, e a popu-
lação local saberá o que significa. O Relatório
Geral da ONU, de 1992, referiu-se a ele como
"
a doença do século". No Reino Unido, 60%
dos administradores têm carga horária de tra-
balho acima do normal, 52% reclamam desse
excesso, e 40% desejaria mais tempo para
ficar em casa. Consequentemente, ampliaram-
se os gastos públicos para tratar os sintomas
de tudo isso: 10% do PIB é direcionado às
despesas com tratamentos médicos.
No Canadá, 12 bilhões de
dólares são gastos no trata-
mento de doenças relacionadas
ao estresse. A sobrecarga de tra-
balho é alegada por 46% das
mulheres e 36% dos homens.
No Japão, a palavra
karoshi
sig-
nifica, literalmente, "morrer em
cima da escrivaninha".
O problema é semelhante
no Brasil. Parece paradoxal, mas convivemos,
ao mesmo tempo, com um grupo que sofre
com o desemprego e com outro que é mas-
sacrado pela excessiva carga de trabalho. Su-
cede que o alto índice de desemprego
atinge camadas específicas: idosos, jovens
em busca do primeiro emprego, desprepa-
rados, analfabetos ou semianalfabetos, pes-
soas sem nenhuma qualificação.
Isso demonstra o nível de incoerência
interior no mundo inteiro. Muitas empresas
ficaram achatadas e com redução de cama-
das burocráticas, situação que levou os fun-
cionários a uma flexibilização de suas
atuações profissionais. Ou seja, necessitaram
desenvolver habilidades múltiplas, empe-
nhando-se em funções, muitas vezes, não
bem-definidas.
Na saúde, algo semelhante acontece. Os
métodos de tratamento passaram por um
gerenciamento especial, rico em controles, o
que afetou, significativamente, a relação mé-
dico-paciente. Ajuda, sobremodo, a criação
de subespecialidades geradoras de custos
maiores, sem que se evidencie, rigorosa-
mente, um ganho significativo.
Para muitos, tem sido dura a perda do
emprego vitalício. Com ele, as pessoas se ha-
bituaram a suas posições sociais serem dita-
das pela empresa em que trabalhavam, pelo
cargo que ocupavam.
Tempos modernos, vida moderna. Só
existe um caminho: a adaptação. Agora é a
vez da adaptabilidade. Precisamos de uma
nova inteligência para saber lidar com essas
mudanças, ampliando habilidades no âmbito
pessoal e profissional.
Pelo visto, o cerne da questão, no caso,
o ser humano, está sendo negligencia-
do. Sendo assim, façam de suas coerên-
cias interiores uma prioridade. Atenuem
suas pressões e estresses. O futuro, mais do
que nunca, vai exigir isso. Cuidado, a fome
está para a comida como o entusiasmo para
a vida.
Aucélio Gusmão
Médico Anestesiologista e
diretor de Marketing de
Desenvolvimento da Unimed Brasil
Diga
stress
em
qualquer país, e a
população
local saberá o
que significa