Page 48 - Revista Pensar - nº 4

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CULTURA
48 -
Pensar Unimed
| Agosto 2012
Cinema gaúcho às pampas
A
nime-se com uma quase over-
dose do ator gaúcho André Arte-
che. Quando o filme "Os Senhores da
Guerra" fizer sua aparição nas salas
de cinema, ele será o revolucionário
ambientado nos campos de batalha
de Santa Maria, em 1923. E, prova-
velmente ao mesmo tempo, na nova
novela das seis da tarde da TV Globo,
que trafegará no universo do artista,
ele representará um canastrão notó-
rio. Confira a entrevista:
Pensar -
A história dos Senhores
da Guerra é sobre o embate entre
chimangos e maragatos que, de
fato, aconteceu em nosso Estado...
André Arteche -
O pano de fundo
do filme é o conflito entre chimangos
e maragatos, que aconteceu no Rio
Grande do Sul, em 1923. Faço um jo-
vem revolucionário maragato que se
depara contra seu irmão em pleno
campo de batalha. O filme fala sobre
isto, até que ponto os ideais políticos
podem superar os laços afetivos. As-
sim o filme não trata só da disputa bé-
lica, do combate histórico no campo
de guerra. Mas reflete acima de tudo
sobre a situação dramática, intimista,
que opõe dois irmãos de sangue que
se gostam, mas têm visões-de-mundo
e opiniões políticas diferentes.
P -
E o teu personagem é um rebel-
de, de oposição ao governo, mas
que enfrenta um conflito pessoal
evidenciado justamente quando
avista o irmão defendendo as for-
ças governistas...
AA -
Sim, é na batalha do Passo
das Carretas, que é a primeira parte
do filme. A continuidade versará so-
bre a batalha do Passo da Cruz. Faço
o Carlos Bernardino, um jovem poeta
e revolucionário. É um idealista que
se propõe a defender seus pontos de
vista no campo de batalha, como mui-
tos outros fizeram na história do Rio
Grande do Sul. É um personagem de
muita força e que me exigiu bastante
na sua composição. Antes de gravar,
fizemos quatro semanas de prepa-
ração cênica, com forte imersão no
contexto da história e na época dos
episódios. É um 'pré-trabalho' que
adoro fazer porque dá embasamento
vivencial que permitirá a composição
de um personagem consistente, que
dá ao ator a credibilidade necessária.
P -
De onde vem a veia artística,
considerando que és filho de um
casal de dentistas?
AA -
Não sei, sinceramente. Já
procurei referências familiares e só
encontrei parcos vestígios, talvez no
meu avô materno, Edgardo Xavier,
que fez teatro em Portugal mas não
seguiu aqui, onde virou livreiro bem
conhecido no meio literário. Meu pai
tinha certa veia artística, gostava de
escrever, e até cursou jornalismo na
PUC, como eu também, por um ano.
Mas creio que ser ator é uma vocação
bem minha mesmo, bem pessoal.
P -
Novo trabalho em vista? TV?
Cinema?
AA -
A novela das 18h. Ainda
não sei o nome da trama, mas o
personagem parece ser bem in-
teressante, fala sobre o univer-
so do artista. Interpretarei um
mau ator, um canastrão. Já pedi uma
lista de filmes de atores interpretando
atores. E consegui umas 40 fitas para
ir estudando. É o trabalho de prepa-
ração que começa bem antes, é tão
difícil quanto o de qualquer profissio-
nal dedicado, seja jornalista, ou seja,
médico.
P -
O Rio de Janeiro ainda é capital
artística e cultural do Brasil?
AA -
O Rio divide com São Paulo
esse título. Acho que o paulista, ou
quem mora em São Paulo, tem gosto
especial pelo novo conhecimento, tem
uma grande curiosidade por aprender,
e isso é essencial para movimentar a
arte e a cultura. Mas o Rio tem a Rede
Globo, que acho imprescindível na
carreira de atores e atrizes brasileiros
por causa da produção de minisséries
e especialmente de novelas, que fa-
zem parte da cultura nacional.
Imagem - http.andrearteche.chakalat.net