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RU: Os morros podem cair mes-
mo sem chuva?
Aumond:
Sim, porque os morros
estão encharcados e, consequen-
temente, o nível freático (nível de
água dentro dos morros) nos perí-
odos de estiagem começa a rebai-
xar e isso cria tensões dentro dos
morros, que pode induzir novos
escorregamentos. Tivemos esse fe-
nômeno em vários municípios do
Vale. Mas é importante esclarecer
que os deslizamentos também têm
sido mais frequentes e intensos em
função do aumento da ocupação
humana das áreas impróprias nas
últimas décadas.
RU: O solo do Vale do Itajaí tem
alguma característica peculiar
que facilita os deslizamentos
de terra?
Aumond:
A geologia do Vale do
Itajaí e a geomorfologia, isto é, o
modelado do terreno, favorece
tanto inundações quanto escorre-
gamentos. As serras litorâneas são
propícias, em função das chuvas
intensas e bem distribuídas ao lon-
go de milhares de anos, a desen-
volver solos profundos, resultante
da alteração de rocha que constitui
o embasamento. Solos profundos,
morfologia acidentada, ocupação
humana desordenada e chuvas in-
tensas constituem o quadro para
os desastres ambientais. O Vale é
ocupado há milhares de anos pela
Floresta Ombrófila Densa (Mata
Atlântica), que significa floresta
amiga da água, porque na nossa
região chove muito. Então, muita
chuva resulta em muita umidade
retida na floresta, que ajuda na for-
mação de solos profundos. Se, por
um lado, a floresta ajuda a anco-
Aumond ressalta que a criação da Secretaria de
Geologia pela Prefeitura de Blumenau deve servir
de exemplo para outros municípios do Vale do Itajaí
Daniel Zimmermann