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REVISTA UNIMED BR • N
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17 • Ano 5 • Jun/Jul | 2015
NO ALVO
das mais viáveis e importan-
tes alternativas ao atual mode-
lo hospitalocêntrico, focado na
atenção à saúde em hospitais e já
remediando uma doença insta-
lada. Ela otimiza o uso de recur-
sos dos estabelecimentos e pla-
nos de saúde e permite cuidado
e relacionamento especial entre
médico e paciente.
“O envelhecimento rápido e a
diminuição da taxa de fecun-
didade são preocupantes. Não
há mão de obra qualificada e
infraestrutura suficientes para
lidar com a população que está
envelhecendo, então ações que
promovam saúde e informações
para clientes nos ajudarão a en-
frentar um panorama dificílimo”,
explica Valdmário.
Outro tema que já influencia a
sustentabilidade dos planos de
saúde, e que deve continuar sen-
do debatido nos anos vindouros,
é o fenômeno conhecido como
judicialização da medicina. Com
relação aos convênios médicos,
ela se dá majoritariamente quan-
do, impedido de se submeter a
algum procedimento não co-
berto pelo plano contratado, in-
formação que consta no acordo
assinado, o beneficiário recorre
à justiça, muitas vezes obtendo
liminar que ignora o que havia
sido firmado entre ambas as
partes e que, efetivamente, não
está sendo pago pelo cliente. A
estimativa de custos ao Sistema
Unimed, considerando apenas as
Unimeds de grande porte, é de
R$ 50,3 milhões.
Para alcançarem termos equili-
brados entre operadora e pacien-
te, as entidades têm se reunido
frequentemente com represen-
tantes do Poder Judiciário para
mostrar a necessidade do cum-
primento de contratos. Uma das
sugestões é a criação de Núcleos
de Assessoria Técnica (NATs)
para primeira instância, em que
profissionais propiciariam infor-
mações aos juízes, permitindo a
eles tomarem decisões baseadas
em determinações científicas e
apropriadas a cada caso.
Inovações tecnológicas, valores
de medicamentos e comércio de
insumos, como as órteses, próte-
ses emateriais especiais (OPMEs),
que atualmente não é regulado
no Brasil, também impactam no
aumento da inflação médica,
deixando-a acima da inflação
normal e dos custos assisten-
ciais. Em 2014, de acordo com
o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), a in-
flação para planos de saúde foi de
9,46%, enquanto a comum foi de
6,41%. No mesmo ano, a ANS au-
torizou um reajuste de 9,65%.
As despesas hospitalares têm
mudado o perfil da atividade-fim
desses estabelecimentos nos últi-
mos anos. Se, antes, as diárias e ta-
xas (hospedagem, aluguel de sala,
equipamentos, etc.) representa-
vam a maior parte dos custos, ho-
je cerca de 60% da receita vem de
materiais e medicamentos. Se-
gundo o Instituto de Estudos de
Saúde Suplementar, o índice de
Variação de Custos Médicos Hos-
pitalares (VCMH/IESS), em 2013,
foi de 16%, muito acima dos 5,91%
da inflação registrada pelo IPCA.
Não existe um parâmetro de
preço para hospitais, e a concor-
rência aumenta o custo devido a
uma carência de recursos hos-
pitalares no Brasil tanto na rede
privada quanto na pública. Com
o aumento da demanda, também
cresce o preço.
A Unimed do Brasil, aprimoran-
do o conhecimento das operado-
ras e proporcionando melhorias
no gerenciamento e na aplica-
ção das ferramentas de custeio,
oferece desde o ano passado um
curso sobre gestão de custos, mi-
nistrado pelo especialista Eduar-
do Regonha. Entre os assuntos
abordados estão a formulação
do preço de venda, o retorno do
investimento, o custo de diárias
(paciente/dia) por tipo de ocupa-
ção, as noções de orçamento e a
correlação com os custos.
Com o intuito de mitigar a dis-
crepância nas OPMEs e comba-
ter possíveis fraudes, a Unimed
do Brasil criou o Comitê Técnico
Nacional de Produtos Médicos
(CTNPM), que negocia compras
demateriais emedicamentos para
todas as cooperativas com o ob-
jetivo de conseguir os melhores
preços e fortalecer a transparência
nas transações comerciais. Outra
ferramenta é a Tabela Nacional
Unimed de Materiais e Medica-
mentos (TNUMM), que contem-
pla e precifica aproximadamente
83 mil itens, sendo mais de 15 mil
medicamentos e 67 mil materiais.
O futuro da saúde privada de-
pende, ainda, do incentivo a par-
cerias. Em fevereiro deste ano,
Eudes de Freitas Aquino entre-
gou ao ministro da Saúde, Arthur
Chioro, um projeto de parceria
público-privada. Com isso, espe-
ra-se estabelecer planos de qua-
lidade, processos padronizados e
interligação da atenção prestada.
“Não podemos jamais, principal-
mente nesse momento, conviver
como desperdício, e simatuar com
profissionalismo, boa gestão, go-
vernança e racionalização de cus-
tos. Assim, poderemos continuar
assegurando aos clientes serviços
qualificados, com precificação
justa e um olhar voltado cada vez
mais para ações de promoção da
saúde, prevenção e gerenciamento
de doenças crônicas”, finaliza o di-
retor de Integração Cooperativista
e Mercado da Unimed do Brasil.