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Como foi sua experiência na Austrália? A causa

animal é mais avançada lá do que no Brasil?

Durante o tempo em que morei lá percebi

que os chamados de abandono, por exemplo,

eram resolvidos de forma rápida. No Brasil, o

processo é mais lento. Temos ainda o problema

de superlotação e muitos estabelecimentos não

podem aceitar animais que estão na rua. Há

muito o que fazer, mas estamos avançando.

O que poderia ser feito para reduzir o número

de animais abandonados?

Em primeiro lugar, deveríamos fazer um

trabalho de conscientização. Por que não criar

multas para quem abandona animais? Da

mesma forma, é preciso estimular a população

a cuidar bem e oferecer amor aos bichinhos.

A adoção de animais abandonados é muito

importante e os futuros donos devem visitar

abrigos e conviver com os cães antes de levá-los

para casa para que não sejam devolvidos.

Quais são os principais benefícios da relação

do ser humano com o animal de estimação?

O ser humano sempre foi dependente. No

entanto, temos um número grande de pessoas

que vão morar sozinhas ou que têm poucos

filhos. O bichinho de estimação supre essa lacuna

e oferece amor e fidelidade. É comprovado

cientificamente que fazer carinho em um

animal controla os batimentos cardíacos e libera

hormônios ligados ao bem-estar. Ele também

aumenta o círculo social. Estamos acostumados

a andar na rua sem interagir com outras pessoas.

Experimente sair com um animal para ver a

quantidade de gente que quer brincar com ele.

Por que acha que as pessoas têm tantos

problemas para educar seus bichinhos?

Muitos donos tratam seus cachorros como

se fossem bebês humanos e gostam de

superprotegê-los. Os cães são descendentes

dos lobos, que passam 90% do tempo caçando.

Ou seja, eles devem ter liberdade para que

sigam seus instintos. Tem gente que também

subestima a inteligência deles. O segredo é

entenderas necessidades e os limites de

cada animal para que ele não se sinta

confuso e entediado.

“Aspessoas aenxergamaEstopinhacomouma

representantedosvira-latasque tiveramuma

vida ruim,masqueencontraramumlar.”

A Estopinha é um verdadeiro sucesso nas redes

sociais. Porque acredita que as pessoas se

identificam tanto com ela?

Quando a adotei, ela estava em um abrigo e

tinha sido abandonada várias vezes porque

era muito bagunceira. As pessoas enxergam

a Estopinha como uma representante dos

vira-latas que tiveram uma vida ruim, mas

que encontraram um lar. Ela é um fenômeno,

tem mais de dois milhões de seguidores no

Facebook e foi convidada para participar

de uma palestra em uma faculdade de

comunicação fora do Brasil por conta de

seu sucesso na web.

Qual foi o caso mais difícil que já atendeu?

O labrador Baruk apresentava um dos

comportamentos mais agressivos que já vi.

Ele estava em uma ONG e nós tentamos treiná-

-lo durante a primeira temporada do “Missão

Pet”. Não deu certo e tentamos novamente na

segunda temporada, mas não chegamos ao

resultado esperado. Ficamos com receio de

exibir o episódio e ele não conseguir um novo

dono, então o adotei e hoje ele está ótimo.

Quais são os diferenciais do método proposto

pela Cão Cidadão?

Utilizamos técnicas que respeitam o animal e o

ser humano. Nosso principal principal objetivo

é que o bichinho tenha prazer em aprender,

por isso, não há espaço para castigos. Temos

franquias espalhadas pelo Brasil, o que permite

uma visão completa da causa animal em todo

o País. Além disso, estamos sempre de olho

em pesquisas científicas para atualizar nosso

método. Ajudamos cerca de 1.400 famílias

por mês, mas é importante lembrar que o

adestramento só funciona se o dono praticar os

comandos diariamente.

Outra iniciativa criada por você é a Pet Escola

Jardins. Quais as vantagens desse modelo?

Além de funcionar como creche, oferece aulas

de obediência para que os animais brinquem

e aprendam com segurança. O mais bacana é

que temos monitores 24 horas por dia, então os

donos podem deixar seus bichinhos conosco

enquanto saem para jantar, por exemplo.

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vemVIVER

setembro 2015

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