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Fevereiro/Março | 2015 • N
o
15 • Ano 5 • REVISTA UNIMED BR
A
procura por informa-
ções sobre saúde em
sites de buscas é pra-
ticamente uma tendência, já que
muitas pessoas fazem uso deles
para ampliar o conhecimento
sobre algum possível problema
ou para se adiantar com relação
a um diagnóstico, a partir de sin-
tomas ou resultados de exames.
Atualmente, a tal busca é tão co-
mum que já é intitulada de Dr.
Google, em referência ao site de
busca homônimo. A questão é
que essa procura por mais infor-
mações tem um lado positivo e
outro negativo. Para falar sobre
o assunto, a
Revista Unimed BR
convidou o clínico geral e geria-
tra Paulo Roberto Valente, coo-
perado da Unimed Campinas.
Como a busca pelo
Dr. Google tem influenciado
nas consultas médicas?
É notável nos consultórios mé-
dicos que esse tipo de aborda-
gem tem sido crescente. Alguns
pacientes já chegam relatando o
que leram nos sites e, consequen-
temente, já vêm desesperados por
ter encontrado informações não
muito boas. O fato é que as pes-
soas colocam palavras-chaves e,
como esses sites não raciocinam,
acabam filtrando informações er-
radas, generalizadas e gerando in-
terpretações equivocadas.
Há um lado positivo no fato de
o paciente se informar antes da
consulta médica?
Aprimorar o conhecimento é sem-
pre positivo. Entretanto, é acon-
selhável que a procura pelo cha-
mado Dr. Google só ocorra após a
consulta médica. O contato com o
médico é insubstituível.
O que a saúde ganha com essa
nova vertente da ajuda online?
Na área médica, esse tipo de bus-
ca pode trazer mais preocupa-
ções do que auxílio. Quando se
trata de doença, o caráter da in-
formação é científico. Não é bom
que o paciente vá se consultar
em sites. Isso só atrapalha o en-
tendimento do caso. Por exem-
plo, um indivíduo que teve uma
infecção viral, tipo gripe, ao fazer
um exame pode ser detectado
com o nível de linfócitos elevado.
Ao buscar por linfócitos na inter-
net, ele será remetido às páginas
sobre leucemia. Não é o caso do
paciente, mas, sem o conheci-
mento, ele absorverá aquela in-
formação como verdade.
Há casos em que a
consulta online pode
substituir a presencial?
Particularmente, não sou favo-
rável à consulta sem contato
pessoal. Antigamente, o médico
consultava por telefone. Mas, ho-
je, a medicina é baseada em evi-
dências. É importante o contato,
a análise visual para diagnosticar
o problema. É muito arriscado ti-
rar conclusões sem ter o contato
presencial com o enfermo.
Como é inevitável interferir nas
buscas por informações, qual a
orientação para utilizar a internet
de forma segura nesses casos?
Inicialmente, é preciso filtrar
as informações. Para isso, o pri-
meiro passo é buscar sites mais
específicos e com fontes confiá-
veis. Mesmo assim, ainda sou a
favor de que, antes de qualquer
coisa, se busque um médico, as-
sim o paciente evita um desgas-
te possivelmente desnecessário.
O indivíduo procura o médico,
se informa e, após esse contato,
pode consultar os sites para am-
pliar o conhecimento. Essa é a
atitude mais inteligente.
Um dos fatores preocupantes
sobre o “paciente expert”,
aquele que busca o auxílio do
Dr. Google, é a automedicação
e o autodiagnóstico. Qual o
aconselhamento médico
sobre isso?
Essas práticas devem ser evita-
das ao máximo. Diagnosticar e
medicar são obrigações do mé-
dico. O paciente não deve correr
esse risco e o Google não tem
propriedade para fazer isso. A
depender da situação, o caso po-
de até se agravar. Em se tratando
de saúde, todo cuidado é pouco.
Paulo Roberto Valente, médico
cooperado da Unimed Campinas