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REVISTA UNIMED BR • N

o

15 • Ano 5 • Fevereiro/Março | 2015

COM A PALAVRA

Saúde

em debate

Mohamad Akl, presidente da

Central Nacional Unimed

A

saúde suplementar foi

regulamentada há 16

anos. Nesse período,

houve

avanços

inegáveis,

como o estabelecimento do

regramento básico e necessário

para as operadoras de planos

de saúde, que contribuiu para

colocar ordem nesta área. Foi

positivo para os consumidores,

que passaram a ter seus direitos

mais respeitados. As empresas

que não conseguiram se adaptar

a essas normas ficaram pelo

caminho. A regulação, contudo,

está concentrando o mercado de

planos de saúde.

Hoje, 27 operadoras atendem a

50,9% dos beneficiários de pla-

nos de saúde, ou seja, 25,5 mi-

lhões de pessoas, segundo dados

mais recentes da Agência Nacio-

nal de Saúde Suplementar (ANS).

Esse quadro decorre da multipli-

cação de exigências financeiras

e da ampliação, a cada dois anos,

do rol de procedimentos obri-

gatórios, sem repasse adequado

dos custos adicionais às men-

salidades. Pequenas e médias

operadoras têm dificuldade para

atender a tantas normas, porta-

rias e resoluções. E sofrem mais

com os aumentos da sinistrali-

dade, ou seja, do custo da assis-

tência médica.

Some-se a isso a concessão aos

beneficiários, nos tribunais, de

tratamentos que não estão pre-

vistos em contrato e nem nas

reedições do rol da ANS. E a in-

flação da medicina, muito su-

perior à evolução dos preços da

cesta básica, que se entenderá,

poismais vidas são atendidas por

menos empresas e cooperativas.

Há outras consequências do con-

trole rígido de nossas atividades.

Poderíamos aumentar a oferta

de planos de saúde, ampliando o

número de beneficiários no Bra-

sil, mas o engessamento dos pla-

nos os nivela pelo alto, o que re-

duz a margem de ação para ofe-

recer mais opções à pessoa física

(planos individuais e familiares).

Ainda assim, investimos qua-

tro vezes mais do que o sistema

público de saúde, caso único no

mundo. Em 2013, as operadoras

desembolsaram R$ 90,5 bilhões

para atendimento de 50 milhões

de pessoas, enquanto o SUS rece-

beu R$ 91,6 bilhões para dar as-

sistência à saúde de 200milhões.

Tudo poderá melhorar se os go-

vernos se interessarem pelas par-

cerias público-privadas (PPP), que

já avançaram, por exemplo, na

concessão de aeroportos, na cons-

trução de estações do metrô e na

exploração do petróleo. Na saúde,

isso significaria levar assistência

médica a regiões distantes, com a

experiência e a estrutura das ope-

radoras privadas, sob a coordena-

ção dos gestores públicos.

Afinal, temos feito a nossa par-

te. Ao contrário do que se possa

imaginar, pela repercussão de

casos que são exceções à regra,

há um bom nível de satisfação

dos usuários de planos de saúde.

Cumprimos prazos rígidos para

marcação de consultas, exames

e procedimentos cirúrgicos. Am-

pliamos a quantidade e a quali-

dade dos leitos hospitalares.

Agora, nos adaptamos ao novo

perfil etário do País, com percen-

tual crescente de idosos, fruto da

maior longevidade da população

e da redução dos índices de nata-

lidade. Dentre as providências que

adotamos, estão as linhas de cui-

dados para pacientes com doen-

ças crônicas, muito mais comuns

nas pessoas commais de 60 anos.

O plano de saúde é umdos maio-

res objetos de desejo dos brasi-

leiros de todas as classes sociais.

Com mais flexibilidade na regu-

lação da medicina suplementar,

poderemos ajudar milhões de

pessoas a realizar, nos próximos

anos, o sonho de ter mais saúde e

qualidade de vida.