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REVISTA UNIMED BR • N
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24 • Ano 6 • Ago/Set | 2016
COM a palavra
Mohamad Akl – Presidente da
Central Nacional Unimed
S
eria um pesadelo se quase
50 milhões de pessoas ba-
tessem às portas do Siste-
ma Único de Saúde (SUS) em bus-
ca de atendimento, além daqueles
que só podem contar com a me-
dicina pública. Certamente as filas
aumentariam nos hospitais, e os
beneficiários demorariam meses
para marcar consultas e exames
de rotina, sem contar os atendi-
mentos mais urgentes e caros.
Faço esse alerta porque as ope-
radoras de planos de saúde estão
lidando com o desrespeito aos
contratos.
Talvez seja mais fácil perceber is-
so avaliando alguns números. A
operadora que presido recebeu,
no ano passado, 16 milhões de
solicitações de autorização. Des-
sas, 93% foram aprovadas auto-
maticamente. Somente 1,91% foi
negada, por uma dessas duas ra-
zões: ou não fazia parte do Rol da
agência reguladora, ou estava fora
da abrangência contratual.
Mesmo assim, os consumidores
vão à Justiça contra nós, e a maio-
ria de suas demandas é aceita.
Outro número: 60% das limina-
res judiciais concedidas contra
a operadora envolvendo OPMEs
(Órteses, Próteses e Materiais
Especiais) não tinham históricos
de negativa, ou seja, o pedido
ainda não nos havia sido enca-
minhado. Dessa forma, o que
seria a última instância – após
o contato com o SAC, a ouvido-
ria e as instituições de defesa do
O que esperam dos
planos de saúde?
consumidor –, tornou-se o pri-
meiro recurso em face de insa-
tisfações contra planos de saúde.
Gostaria de enfatizar que trabalha-
mos com saúde porque valoriza-
mos a vida e as pessoas. Médicos,
enfermeiros e outros profissionais
dessa área têm plena consciência
de que todos os seus esforços são
dirigidos ao ser humano, fragili-
zado pela doença. Uma operadora
será bem-sucedida se seus bene-
ficiários tiverem mais saúde para
aproveitar as boas coisas da vida.
Isso não significa, porém, pas-
sar por cima de contratos e de
protocolos médicos. O que está
escrito tem de valer, para que
continuemos prestando os me-
lhores serviços.
Entendemos a angústia de quem
vivencia a doença, direta ou indi-
retamente. Tanto que avaliamos
cada caso individualmente. Há
uma equipe médica responsável
por dar alternativas de rede, por
exemplo, para que o cliente seja
atendido de acordo com o que foi
firmado em contrato, no menor
prazo possível.
No campo financeiro, entretan-
to, as despesas não devem ser
maiores do que as receitas, pois
isso poderia decretar, em situa-
ção extrema, o encerramento
das atividades da operadora, co-
mo temos acompanhado pelos
meios de comunicação.
É fácil entender o motivo. Os va-
lores dos boletos mensais de pla-
nos individuais ou coletivos são
calculados de acordo com uma
previsão de despesas. Obvia-
mente, levam em consideração
consultas, exames e cirurgias às
quais o cliente terá direito.
Além disso, investimos sempre
em infraestrutura, equipe e trei-
namento para que o cliente fique
satisfeito com os serviços que
prestamos, mas esse aperfeiçoa-
mento poderia ser ainda mais rá-
pido e abrangente se não tivésse-
mos de despender tantos recursos
com judicialização da medicina.
Para que os brasileiros tenham
mais saúde, não há como abrir
mão das empresas privadas e do
sistema público, atuando com-
plementar e harmonicamente.
A medicina suplementar é fun-
damental para que os governos
possam dedicar recursos sempre
escassos ao atendimento daque-
les que dependem exclusiva-
mente da saúde pública.