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REVISTA UNIMED BR • N
o
24 • Ano 6 • Ago/Set | 2016
Atitude
Como surgiu a ideia
do livro?
O Papai é Pop
surgiu do hábito
de anotar todas as histórias das
minhas filhas – do nascimento
até hoje. A Anita tem 11 anos e a
Aurora tem 4. Nesse tempo, pas-
sei a anotar frases engraçadas e
interessantes, visões de mundo
com aquele frescor que só as
crianças têm. Depois de um tem-
po, transformei essas frases em
textos maiores e, em 2013, pu-
bliquei as histórias no jornal
Ze-
ro Hora,
de Porto Alegre. Assim,
se formou uma comunidade no
jornal e no Facebook e, em 2015,
lançamos
O Papai é Pop
, que já
vendeu mais de 60 mil cópias.
O que os pais podem
esperar do seu livro?
É um livro que fala da geração
de pais que decidiu quebrar um
ciclo. O pai de antigamente era
aquele cara que não abraçava
os filhos, não dizia “eu te amo”,
o pai que tinha apenas o papel
de pagar as contas. O pai de hoje
quer ser participativo, presente,
atencioso. Pais que levam os
filhos pra passear, estão sem-
pre abraçando, brincando, ar-
rumando um tempo na agenda
pra passar preciosos segundos
ao lado dos pequenos. Esses
pais são revolucionários.
E aqueles que ainda
não são pais?
Provavelmente também vão se
identificar com as histórias, lem-
brando de seus próprios pais. E,
na possibilidade de você não
conhecer seu pai biológico, sur-
presa! Eu também não conheço.
Minha mãe foi mãe solteira e
costumo dizer que essa é a histó-
ria mais comum do mundo: pais
que decidiram não ser pais. Eles
não imaginam o que perderam.
Qual era o seu maior medo
antes do nascimento de sua
primeira filha?
Fora os temores óbvios relacio-
nados à saúde do bebê e da sua
mulher, um pai temmedo de não
dar condições confortáveis para
a criança. Por isso, muitos pais
acabam se confundindo: acham
que trabalhar mais, ganhar mais
dinheiro deve ser a prioridade
número um. Posso garantir que
um bebê passa muito bem os pri-
meiros meses (quem sabe, anos)
em um apartamento pequeno,
sem luxo. Esse medo que temos
de não conseguir dar tudo o que
nosso bebê merece não pode se
transformar em um consumo ce-
go, porque o que realmente im-
porta para a criança é que você
esteja perto dela.
Você se imaginava pai?
Não tive pai e sempre imaginei que
poderia ser uma substituição in-
consciente para aquilo que eu não
tive. Mas como não tive exemplo,
aprendi a ser pai apenas sendo.
Como você descreveria
a emoção no nascimento
das suas filhas?
As pessoas costumam romanti-
zar o momento do nascimento.
Achei assustador e brutal. Minha
esposa optou por fazer uma ce-
sariana e aquilo foi tudo, menos
mágico. É um pequeno ser que
precisa de você. O que acontece
em seguida é o que vai tornando
a paternidade mágica: o bebê se-
gura seu dedo, abre os olhos, vai
crescendo e te reconhecendo,
vai aprendendo a falar. Então,
quando ele disser “papa” pela
primeira vez, você já estará com-
pletamente apaixonado.
Como a paternidade
impactou e influenciou
sua vida, sua rotina e seus
relacionamentos?
Sempre que alguém me pergun-
ta: “E aí? Muita correria?”, eu res-
pondo: “Não!”. A correria é o novo
normal. Portanto dizer que estou
na correria é uma mentira. Estou
no ritmo que todo mundo está.
Sabendo que tenho pouco tem-
po para fazer tudo, tenho que ter
prioridades, e a minha priorida-
de número um é a família. Passo
todas as noites com as pequenas,
dou banho, conto história, brinco,
ponho pra dormir. Depois que
elas dormem, vou acabar de tra-
balhar no computador. Meu ce-
lular está sempre no silencioso,
para que nada interrompa nossa
relação. Não temos videogame,
nem tablet em casa – nós mes-
mos fazemos nossos brinquedos.
Assim, tenho saído muito pouco
com os amigos. Mas tenho certe-
za que daqui a um tempo, quando
as meninas ficarem adolescen-
tes e não quiserem mais saber
de mim, poderei encontrar meus
amigos o tempo todo.
Qual foi a sua maior
realização na paternidade
até hoje?
Costumo dizer que nossos filhos
são nossas obras primas. E obras
primas dão trabalho, por isso são
apaixonantes. Dão tanto trabalho
que você se emociona quando di-
zem “obrigado” e “por favor”. Sem
dúvida, estar doando o dinheiro
do livro a instituições de caridade
e poder levar minhas filhas para
conhecer as instituições têm sido
uma experiência fantástica.
Você é o pai que
sempre imaginou?
Não tive exemplo e nunca ima-
ginei que seria grande coisa co-
mo pai. Aprendi sendo. A falta de
expectativa me deixa bastante