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Out/Nov | 2016 • N
o
25 • Ano 6 • REVISTA UNIMED BR
A
ascensão feminina no
mercado de trabalho
tem gerado não apenas
mudanças na economia, mas
também no comportamento
da sociedade como um todo.
Essas transformações estão
exigindo uma nova “progra-
mação” do DNA de homens
e mulheres: não há mais pa-
péis predefinidos, nem espa-
ço para velhos estereótipos na
família e no trabalho. E tam-
bém na forma como estamos
preparando nossos filhos.
Por essa razão, dois jornalis-
tas – que sentem na pele essa
realidade – resolveram com-
partilhar suas experiências
pessoais e seus estudos apro-
fundados nos últimos anos. Os
autores do livro
Mulheres mo-
dernas, dilemas modernos – e
como os homens podem parti-
cipar (de verdade)
, lançamen-
to da Primavera Editorial, são
exemplos da inversão de es-
tereótipos ainda vigentes em
nossa cultura. Joyce Moysés é
uma jornalista de sucesso, que
estuda o desenvolvimento fe-
minino pessoal e profissional
desde 1987. Claudio Henrique
dos Santos é o macho do sé-
culo XXI; um ex-executivo
que largou a carreira para as-
sumir o posto de dono de casa
e apoiar a esposa e a filha.
O livro apresenta reflexões,
quebra paradigmas e discu-
te caminhos para 16 dilemas
modernos a fim de inspirar as
mulheres de hoje – casadas ou
solteiras – e também os ho-
mens que fazem parte da vida
delas. O resultado desse tra-
balho é um diálogo maduro
e emocionante, que lança um
olhar contemporâneo sobre a
questão da igualdade de gê-
neros. Confira uma conversa
aberta com a autora e, de que-
bra, dicas rápidas para uma
reflexão sobre alguns dilemas
que, certamente, fazem parte
do seu dia a dia.
Como surgiu a ideia de fazer
esse livro?
Ele foi escrito a quatro mãos
com o propósito de trazer
uma visão feminina de quem
ama a carreira, mas enfrenta
diferentes impactos dessa es-
colha, e uma visão masculina
de que os homens devem ser
mais parceiros, seja emocio-
nalmente, seja passando as-
pirador na casa. Somos jorna-
listas e acompanhamos como
a revolução feminina vem
transformando a nossa so-
ciedade de um jeito que não
tem volta, nem fórmula. Por
isso defendemos que precisa-
mos conversar mais. Esse é o
propósito do livro. É inegável
que a ascensão da mulher no
mercado de trabalho tem ge-
rado não apenas mudanças
na economia, mas também no
comportamento da socieda-
de como um todo. O trabalho
tornou-se o melhor amigo da
mulher, só que ela quer lidar
melhor com os vários impac-
tos de sua escolha.
Por que usar a vida de vocês
como exemplo (e base) para
discutir alguns dilemas da
mulher moderna?
Porque tivemos coragem para
isso. Muitos discutem essas
questões apenas na teoria.
Como eu e o Claudio vive-
mos esses dilemas modernos,
acreditamos que podemos
dar nossa contribuição como
jornalistas e pessoas que vi-
vem essa realidade atual. Eu
estudo desenvolvimento pes-
soal e profissional feminino
há 27 anos, tempo em que
venho entrevistando mulhe-
res, homens e especialistas,
bem como recebendo e ana-
lisando pesquisas de todas
as partes do mundo. Claudio
teve 10 anos de experiência
como executivo em comu-
nicação corporativa; hoje é
dono de casa. Por que ele não
compartilharia suas experi-
ências? Um dos diferenciais
do nosso livro é transformar
a teoria em prática. Ele nar-
ra a vergonha que seu amigo
teve de contar à esposa que
estava desempregado. Alu-
gou uma sala para “fingir” que
trabalhava e só se endividou.
Esses são exemplos práticos
que mostram o homem e a
sua dificuldade de lidar com
o fato de que talvez não seja
mais o provedor. Um dilema
dos tempos atuais. Nosso li-
vro não dá soluções mágicas,
nem receitas, mas expõe esse
caso para mostrar que os ca-
sais devem conversar e se
apoiar mais em meio a tantas
mudanças. E a coisa complica
porque as referências do pas-
sado não servem mais. Casais
de hoje devem criar modelos,
formatos e acordos em seus
relacionamentos.
Você comenta sobre a in-
versão de estereótipos que
vivemos em nossa cultura.
Mas como e por que isso
aconteceu e ganhou tanta
proporção?