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Atitude

Em poucas palavras: a mulher

foi para o mercado de trabalho,

não é mais a dona do lar. Todos

que moram na casa também

são donos desse lar, incluindo

os homens – não importando

a idade –, e devem dividir as

tarefas domésticas. A mulher

ganhou independência finan-

ceira e emocional, não depende

mais de uma figura masculina

(primeiro o pai, depois o ma-

rido). Ela escolhe viver ou não

com um homem, portanto não

tem mais a necessidade da fi-

gura provedora do passado. A

mulher precisa de um homem

cuidador, não de um provedor.

Em tempos de divórcios e re-

lações líquidas (como define o

sociólogo Zigmunt Bauman),

uma das formas de fortalecer o

amor é que os dois sejam cui-

dadores – um do outro – nas

suas escolhas pessoais e profis-

sionais. Esse é o lema do meu

casamento, que vem dando

certo há 20 anos.

E como Claudio largou a car-

reira para assumir o posto de

dono de casa?

O Claudio, coautor, havia se

desligado do cargo de exe-

cutivo numa multinacional e

aberto sua loja de vinhos num

shopping paulistano, quando

a esposa deu a notícia de que

havia recebido a proposta de

ser expatriada para a unidade

da multinacional onde traba-

lha, até hoje, em Singapura. Ele

concluiu que não podia travar

a carreira em ascensão da mu-

lher e topou abrir mão de sua

vida profissional para cuidar

da casa e da filha pequena, em

Singapura, pois seu visto não

permitia que ele trabalhasse lá.

A carreira dela continua indo

de vento em popa. De Singapu-

ra, eles morarampor um tempo

nos Estados Unidos e, atual-

mente, moram em Paris. Clau-

dio contou sua história no seu

primeiro livro, inaugurando a

carreira de escritor e palestran-

te. Mas sua atividade principal

continua sendo dono de casa.

Por que os dilemas citados

são apontados como sendo

das mulheres? Não seriam

esses, também, dilemas dos

homens?

Porque nosso foco de trabalho

com livros e palestras é contri-

buir para a equidade de gêne-

ros. Acreditamos que, em mui-

tos dos dilemas femininos, os

homens precisam fazer parte

das soluções. Então, queremos

trazer os homens para conver-

sar sobre dilemas que afetam

não só as mulheres, mas os dois

lados. Há muitos livros escritos

por mulheres, para mulheres,

além de comitês sobre diver-

sidade de gêneros nas empre-

sas em que participam apenas

mulheres. Está na hora de ho-

mens e mulheres conversarem

e educarem seus filhos de ma-

neira a promover a equidade

de gêneros. Não está certo só a

filha ajudar a mãe a lavar lou-

ça. Claudio dá esse exemplo à

filha, pois ele lava mais louça

do que a esposa. O meu marido

também lava a louça e é o res-

ponsável pelo café da manhã.

No livro, contamos que Claudio

procura criar sua filha de forma

mais moderna, atual. Eu crio

o meu filho de modo que, no

futuro, ele seja o homem que

as mulheres desejam, que as

respeitem e tenham a “cabeça”

mais aberta, sem conservado-

rismos machistas.

Por que temas como a nova

relação com o dinheiro e a

casa, a falta de tempo para in-

vestir nos relacionamentos e

a decisão de congelar óvulos

envolvem tanta discussão?

Porque até hoje há pouca dis-

cussão séria e prática. Estamos

todos precisando rever a nossa

relação com o dinheiro e a casa,

uma vez que tempo é o luxo

moderno, principalmente para

as quemulheres trabalhamfora

e, infelizmente, ainda assumem

a maior parte do trabalho do-