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Ago/Set | 2016 • N
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24 • Ano 6 • REVISTA UNIMED BR
C
om o propósito de reduzir
custos e assegurar aten-
dimento de qualidade, as
operadoras de planos de saúde
passaram a investir em redes
próprias. Segundo um levanta-
mento da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), rea-
lizado em 2014, ao menos 40%
dos planos de saúde têm rede
própria de atendimento, forma-
da por hospitais, ambulatórios
e centros de exames laborato-
riais, representando 80% das
opções de serviço ofertadas aos
clientes. Nas últimas décadas,
empresas de saúde têm inves-
tido em modelos que buscam a
integração vertical, ou seja, gru-
pos de prestadores de serviço,
principalmente hospitais, que
desenvolvem suas próprias em-
presas operadoras de planos de
saúde para atender às suas de-
mandas, e operadoras de planos
de saúde que passam a oferecer
serviços próprios aos seus be-
neficiários, incluindo hospitais,
laboratórios etc.
Para entender os desafios e os
impactos desse movimento, o
presidente da Unimed Criciú-
ma, Walter Ney Junqueira, es-
creveu o livro
A verticalização
no setor de saúde suplementar:
o caso dos recursos próprios,
em
que conta o case do Hospital
Unimed Criciúma e o processo
de gestão desse serviço. Com
15 anos de experiência à fren-
te da Unimed Criciúma e na
construção de uma cooperativa
com serviços que são referência
no setor de saúde catarinense,
Walter relata seu conhecimento
na construção e na administra-
ção de um complexo hospitalar,
analisa os fatores positivos e
negativos sobre a construção de
hospitais, laboratórios e clínicas
de imagem pelas operadoras de
saúde, traz um apanhado mi-
nucioso com dados riquíssimos
sobre investimentos em qualifi-
cação de pessoas, certificações,
estrutura, gestão e controle, que
permitiram aos serviços pró-
prios obterem sucesso financei-
ro, e orientações para quem já
está no setor ou deseja investir
em recursos próprios.
Em sua trajetória, Walter dei-
xou o consultório de pediatria
e aceitou o desafio de liderar
uma cooperativa médica. Para
tanto, buscou a qualificação de
um administrador e hoje soma
vitórias que são compartilhadas
nesse livro. Ao título de médico
pediatra, agregou os diplomas
de pós-graduação em Admi-
nistração de Planos de Saúde,
MBA Executivo em Saúde pela
FGV, Administração Hospitalar
pelo IAHCS de Porto Alegre e
muitas outras qualificações na
área. “A verticalização é o futu-
ro das operadoras de saúde que
querem permanecer no merca-
do por mais tempo”, afirma o
autor em entrevista para a
Re-
vista Unimed BR.
Confira.
O que é a verticalização da
saúde suplementar?
A verticalização suplementar
ocorre quando os planos de
saúde constroem recursos pró-
prios, como hospitais, labora-
tórios e outros serviços na área
de saúde. Ou, ao contrário, os
hospitais criam planos de saú-
de. A verticalização vem cres-
cendo muito nos últimos anos
em virtude dos altos custos,
justamente, para reduzir esses
números. A verticalização é an-
tiga; em 1988, alguns hospitais
começaram a criar seus planos
de saúde, mas ganhou força dos
anos 2000 para cá, quando as
operadoras de saúde passaram
a ver vantagem em ter os seus
próprios serviços. Hoje, há uma
gama enorme de operadoras
que compraram hospitais, cen-
tros oncológicos, laboratórios.
Por que você escolheu
abordar o tema em um livro?
Eu pesquisei bastante e tem
pouca literatura sobre isso. En-
tão, as pessoas que resolvem
entrar nesse ramo têm dificul-
dades em verificar, pesquisar,
fazer um programa. E um pro-
grama malfeito pode não ter
uma conotação positiva. Eu
conheço os dois lados, quem
se deu bem e quem se deu mal.
O livro é um roteiro para quem
pretende verticalizar e quem já
está verticalizando. As pessoas
podem ler, seguir o roteiro, dis-
cutir. É uma orientação.
Walter Ney Junqueira,
presidente da Unimed
Criciúma, é autor do livro
A
Verticalização no Setor de
Saúde Suplementar: o Caso
dos Recursos Próprios