12
REVISTA UNIMED BR • N
o
24 • Ano 6 • Ago/Set | 2016
NO ALVO
Como identificar que a
instituição tem necessidade
e deve investir em recursos
próprios?
Para isso, é preciso saber se o
local está bem servido, se tem o
serviço no local e se atende à de-
manda. Existem operadoras que
estão em locais que apresentam
dificuldade de hospitais e labo-
ratórios. Assim, você percebe a
necessidade de verticalizar. Além
disso, quando se tem os serviços,
mas são dispendiosos, montar o
seu serviço pode custar menos. E
também para se firmar no mer-
cado, construir e fortalecer insti-
tucionalmente, pois a instituição
fica mais estabelecida.
Qual o principal benefício
da verticalização da saúde
privada? A verticalização
é realmente ummétodo
de redução de custos no
sistema? Por quê?
Se a verticalização for bem mon-
tada e administrada, realmente
reduz custos. Outro benefício é a
imagem que a operadora fica no
mercado, pois se fortalece. Omer-
cado aceita esse serviço muito
bem. Sabemos que o setor de saú-
de é deficitário no Brasil e, quan-
do se tem tal serviço, a sociedade
vê com bons olhos, além de a ver-
ticalização criar muitos empregos
na região onde é estabelecida.
E quais são os riscos para
os que seguem essa nova
empreitada econômica da
verticalização?
O principal risco é ser realizado
às pressas e não dar o resultado
econômico esperado, levando a
operadora à falência. Em Santa
Catarina, por exemplo, nas cida-
des de Joinville, Chapecó, Criciú-
ma, Itajaí e Camboriú a verticali-
zação foi um sucesso. Existe tam-
bém o risco da qualificação dos
profissionais, pois encontrar pes-
soas treinadas e capacitadas é ex-
tremamente difícil no Brasil, além
das exigências burocráticas dos
órgãos governamentais e, muitas
vezes, se monta uma estrutura
semaprovação, podendo implicar
outros problemas. Mesmo assim,
a verticalização tem mais vanta-
gens do que desvantagens.
Você considera a
verticalização como
o futuro da saúde
suplementar no Brasil?
E no mundo? Por quê?
Eu não tenho dúvida em rela-
ção a isso. Acho que as operado-
ras de saúde no Brasil que não
se verticalizarem nos próximos
dez anos passarão por extremas
dificuldades. Já as que se verti-
calizaram vão sobreviver com
mais facilidade, porque há outra
fonte de renda com o seu parque
diversificado: do plano de saú-
de e da verticalização (centro de
imagem, laboratório, hospital).
Dessa forma, têm-se duas fontes
de renda e não apenas uma. Hoje,
a lucratividade das operadoras
de plano de saúde não chega a
3% em nível nacional. Portanto,
se não houver mudança, haverá
bastante dificuldade.
Qual é a importância
de um planejamento para
as cooperativas que visam
investir nesse nicho?
Um bom planejamento vai levar
de 18 a 24 meses. Já a constru-
ção depende da parte econômi-
ca, podendo seguir mais rápido
ou mais devagar, de acordo com
a disponibilidade financeira. Te-
mos exemplos de operadoras
que planejaram em dois anos e
construíram um parque hospita-
lar também em dois anos; outras,
demoraram cinco anos. Também
existem operadoras que já com-
pram o negócio pronto, como a
Amil, que possui uma disponibili-
dade financeira enorme e adquire
o hospital pronto e funcionando.
Como obter uma correta
operacionalização?
É preciso ter uma equipe mon-
tada e treiná-la para fazer exata-
mente aquilo que se pretende. A
verticalização não vem para so-
mar, mas sim para substituir. E,
para substituir, é preciso ser mui-
to melhor do que o concorrente.
Por isso, tem de treinar as pes-
soas para fazer muito melhor do
que já é feito; requer treinamento
e uma equipe muito competen-
te, conscientizando as pessoas
de que uma estrutura pode dar
prejuízo nos três primeiros anos
e, portanto, fazer um provisiona-
mento para cobrir esse prejuízo
de forma a não impactar na ope-
radora do plano de saúde.
E como lidar com o retorno
do investimento em longo
prazo?
O início é traumático, pois você
sabe que vai operar serviços e ter
custos fixos pelos quais só vai re-
ceber 90 dias depois. Até chegar
ao ponto de equilíbrio, leva, em
média, três anos. Logo, vale pro-
visionar esse valor para compen-
sar o déficit operacional nesse
período inicial. É muito difícil em
qualquer setor, seja produtivo, se-
ja de serviços, começar uma ope-
ração com lucro. Há um período