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Ago/Set | 2016 • N

o

24 • Ano 6 • REVISTA UNIMED BR

em que você vai ter de assumir os

custos de serviço. Então, a minha

orientação é começar devagar e

pelas áreas que, normalmente,

são mais lucrativas, como

laboratórios, centros oncológicos,

e centros de imagem, que

apresentam uma lucratividade

mais rápida do negócio, numa

média de 5 a 6 meses. Diferente-

mente de um hospital completo,

que demora a chegar ao ponto de

equilíbrio e pode comprometer a

operadora.

O investimento das

operadoras nos setores de

lucratividade mais rápida

pode desequilibrar a

disponibilidade de serviços?

O que eu oriento no meu livro

é começar com um laboratório,

por exemplo, e, com a lucrativi-

dade desse investimento, expan-

dir os serviços. Portanto, se inicia

com a lucratividade mais rápida,

mas com esse retorno criam-se

outros serviços. Em Criciúma,

começamos com laboratório, de-

pois centro cirúrgico e, aos pou-

cos, fomos abrindo as unidades.

Já são 9 anos de verticalização.

E de que forma a

verticalização afeta o

usuário do plano de saúde

e demais serviços?

A verticalização afeta o servi-

ço que você oferece, já que é de

qualidade superior. O usuário fica

satisfeito, pois ele sente que com-

prou um plano de saúde que está

oferecendomais qualidade e mais

serviços. A fidelização dos usuá-

rios não é 100%, mas aumenta

consideravelmente com a verti-

calização, afinal, ele encontra to-

dos os serviços de que precisa em

uma única operadora.

Confira as 10 lições queWalter Ney Junqueira

pontua em seu livro para quem deseja investir

em recursos próprios:

1. Seja transparente. Comunique ao investidor (pessoa física, pessoa

jurídica ou cooperado) que o retorno sobre o investimento leva,

no mínimo, cinco anos. O médico é imediatista e não tem visão de

retorno em longo prazo.

2. Analise os reais motivos para o investimento – manutenção de marca,

necessidade de mercado, dificuldade de parceria com os prestadores,

concorrência, mau atendimento, monopólio local com preços

exorbitantes. Se você conseguir três motivos, vá em frente.

3. Se as suas condições de investimento forem pequenas, inicie por

fases, pois o impacto econômico no balanço é menor. As unidades a

serem iniciadas deverão ser as que darão retorno emmenor tempo –

laboratório, centro cirúrgico, imagem, centros oncológicos, entre outras.

4. Se sua instituição for uma cooperativa, comunique aos cooperados

que muitas especialidades utilizarão pouco a estrutura –

dermatologistas, por exemplo –, no entanto, quando o recurso próprio

estiver lucrativo, mesmo esses cooperados receberão dividendos

conforme a produção geral e não conforme a produção hospitalar.

5. Cuidados com a logística geográfica. Se o centro médico –

consultórios – ficar próximo ao hospital concorrente, normalmente

os clínicos não darão apoio ao recurso próprio, a não ser que tenham

vantagens. Seria interessante priorizar a construção de consultórios

próximo do local de investimento para oferecer aos médicos

credenciados ou cooperados.

6. Deixe o pronto-atendimento para o final. Essa estrutura, além de ser

altamente deficitária, é complexa, necessita de apoio e é o foco de

conflitos e problemas administrativos.

7. Monte a estratégia de negociação de equipamentos e visite sempre

a Feira Hospitalar. É lá que você fará bons negócios. Nunca se

esqueça de que o barato sai caro. Procure comprar equipamentos

com boas indicações e lembre-se de pesquisar, no mercado, a

qualidade e o valor das manutenções.

8. É condição essencial você ter a assessoria de um engenheiro

clínico com conhecimento e experiência na área. Você terá maior

assertividade com ganhos tecnológicos e financeiros.

9. Evite conflitos com grupos de médicos. Procure buscar o apoio

desses profissionais. Muitas clínicas que foram parceiras durante

anos não podem simplesmente ser deixadas de lado. Converse,

negocie e procure o melhor entendimento possível com todos.

Se toda a cadeira do negócio for bem, você também estará bem.

Não pense em crescer sozinho.

10. Cuidados com as informações. Normalmente as pessoas que já

passaram por esse processo adoram falar dos fatores positivos –

“o meu sempre é melhor”. É raro citarem as dificuldades e as

barreiras encontradas. Visite outras estruturas em funcionamento

e questione sempre sobre os problemas. Os erros e os fatores

negativos fornecerão melhores conhecimentos e aprendizagem

do que os fatores positivos.