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REVISTA UNIMED BR • N
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19 • Ano 5 • Out/Nov | 2015
NO ALVO
após esse período. Nesse tempo,
a gente aprende um pouco a lidar
coma nova vida e a curtir o recém-
nascido. Os outros dois dias, claro,
servem para colocar a casa em or-
dem e receber o mais novo mora-
dor”, afirma o pai. Ele conta ainda
que conseguiu resolver as ques-
tões de registro dentro do próprio
hospital, que tinha um cartório.
“De fato, após sair do hospital, o
tempo é curto. Isso é o complica-
dor, pois o pai poderia ter um tem-
po maior para que tudo entrasse
na rotina e, somente depois desse
período, voltasse ao trabalho.”
A licença-paternidade é encarada
de forma diferente em diversos
países. De acordo com pesquisa da
consultoria britânica de Recursos
Humanos Citation, alguns dos me-
lhores no quesito são Islândia, No-
ruega, Espanha, Finlândia e Eslo-
vênia, todos com licenças remune-
radas. Entre os piores, estão Arábia
Saudita, Tunísia e Argentina.
Os Estados Unidos não têm fama
de serem generosos com os di-
reitos trabalhistas. No estudo da
Citation, estão entre os mais mal
avaliados em licença-maternida-
de, devido à inexistência de uma
lei nacional que regulamente as
licenças – maternidade e pater-
nidade – remuneradas.
O mais próximo disso é a Family
and Medical Leave Act (FMLA),
lei de 1993, que permite aos em-
pregados até 12 semanas de li-
cença não remunerada, com se-
gurança empregatícia, em razões
familiares e médicas, entre as
quais estão nascimentos e ado-
ções. No geral, a ausência do tra-
balho depende de leis específi-
cas dos estados e dos benefícios
de cada empresa.
Brasileiro residente em Miami
desde 2013, o publicitário Mar-
lon Zanatti teve o primeiro filho,
Benjamin, em maio. A mulher
dele, Roberta, tirou alguns dias
de folga pendentes, acumu-
lando com as férias e a licença
permitida pela empresa em que
trabalha. Para poder estar pre-
sente nesse momento impor-
tante para todos, Marlon preci-
sou adaptar sua rotina.
“Estamos com a agenda bem
organizada, dividindo responsa-
bilidades e nos ajudando ao má-
ximo sem comprometer minha
vida profissional. A gente con-
segue adiantar bastante coisa
antes de eu precisar sair para o
trabalho. Quando as coisas estão
tranquilas e não tenho reuniões
durante o almoço, consigo dar
um pulinho em casa. E, no fim
do dia, chego para o banho de-
le antes de escurecer e ainda dá
tempo de brincar e contar uma
história antes do meu filho dor-
mir”, afirma.
Entre as vantagens da licença-pa-
ternidade, além de permitir uma
aproximação entre pai e criança,
estão a divisão igualitária dos afa-
zeres domésticos e a derrubada
da noção de que o trato dos filhos
é responsabilidade da mãe, en-
quanto os homens deveriam ape-
nas “ajudar” a companheira.
Para Carlos Silva, as organiza-
ções devem ter políticas de re-
lacionamento com os colabo-
radores e estabelecer formas de
tratamento para ausências justi-
ficadas. “Uma boa política de RH
é indispensável à manutenção
do clima de satisfação no traba-
lho, o que repercute em reten-
ção de bons profissionais, maior
produtividade e qualidade. Esta-
mos, em nosso País, em processo
de evolução.”
Há anos, vários projetos de lei tra-
mitam na Câmara dos Deputados,
visando à ampliação do benefício.
Alguns deles desejam aumentar a
licença para 15 ou 30 dias. Entre-
tanto ainda não foram votados.
Quando a Constituição Federal
foi promulgada, em 1988, o texto
sobre licença-paternidade afir-
mava que o prazo se daria até
que uma lei disciplinasse o tema.
Quase 30 anos depois, restam aos
papais paciência e criatividade.
Marlon e o pequeno
(e sonolento) Ben...
...convivem bem
com uma agenda organizada