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Ago/Set | 2016 • N

o

24 • Ano 6 • REVISTA UNIMED BR

Rodrigues Costa. “Outro ponto discutido atualmente

é como lidar com esse estado complexo de enfermi-

dades e prevenir justamente o excesso de medicação

e exames desnecessários que podem ser danosos ao

paciente”, complementa André Cassias.

Como tratar

Pessoas emcondição demultimorbidade usamsimul-

taneamente mais medicamentos e, consequentemen-

te, são suscetíveis a um número maior de seus efeitos

adversos. “A multimorbidade transforma o paciente

em um paciente complexo, que não pode ser tratado

como a simples somatória de enfermidades, pois es-

sa complexa coexistência de enfermidades múltiplas

no paciente leva a um risco maior do que se somasse

cada enfermidade separadamente”, comenta André

Cassias. “O tratamento da multimorbidade é realizado

por meio de uma abordagemmultidisciplinar integra-

da das diversas doenças e suas especificidades tera-

pêuticas, e sempre se deve tratar primeiro o que causa

mais sofrimento, especialmente no início do acompa-

nhamento médico. Inclui-se também no tratamento a

realização de ações preventivas e a reabilitação para a

manutenção de uma boa capacidade funcional. Exis-

tem casos de tratamento de uma doença que podem

impactar em uma piora específica de outra doença ou

até agravar o seu sintoma, portanto cabe à equipe mé-

dica tentar alternativas terapêuticas, ou menos dano-

sas ao paciente, fazer também uma avaliação de risco

e benefício da estratégia terapêutica e somente depois

tomar a decisão da conduta”, esclarece Inês.

Atenção médica

Cada vez mais a ciência médica cria protocolos para

orientar o manejo a pacientes, porém ao colocá-los

em prática se percebe que é necessária uma indivi-

dualização para que o resultado seja realmente uma

vida mais saudável e feliz. “A multimorbidade está

diretamente associada a inúmeros desfechos negati-

vos, como aceleração do declínio funcional, incapa-

cidades, redução da qualidade de vida e mortalidade.

Quanto maior o número de patologias, mais aumenta

o risco de hospitalização e institucionalização. Com o

envelhecimento populacional e o aumento da expec-

tativa de vida, que deverá continuar crescendo pelo

menos até 2050, teremos uma verdadeira epidemia

de idosos com multimorbidade. Caso não sejam to-

madas medidas urgentes para a prevenção de doen-

ças crônicas, formação de profissionais capacitados

para atender esses pacientes e remunerados de ma-

neira justa, investimento em pesquisas e educação,

em breve, teremos mais um elemento desestabiliza-

dor do nosso já deficitário sistema de saúde”, apon-

ta Roberto Bigarella. “Para um problema complexo,

necessitamos de uma resposta complexa, e é aí que

precisa-se discutir nossa atenção médica. Precisa-se

ofertar maior acessibilidade até mesmo no próprio

domicílio, de envolvimento familiar e do cuidador,

muitas vezes, até de interação com outros recur-

sos sociais, além de um trabalho em equipe, multi e

transdisciplinar para o cuidado desses pacientes, que

tenha longitudinalidade, isto é, que acompanhe o

máximo de tempo esse paciente e também que haja

uma coordenação do cuidado, pois o que temos hoje

é um sistema fragmentado de atenção ao paciente.

Então, é necessário que o paciente com multimorbi-

dade tenha um médico e uma equipe que o auxilie

a integrar os cuidados que necessita obter, por vezes,

de diversos especialistas. Devido a essa complexida-

de, é necessário que esse paciente tenha um cuidado

individualizado por esse determinadomédico e equi-

pe com um vínculo e atenção personalizada para que

não ocorram medicações, exames e hospitalizações

desnecessários, que podem causar ainda mais mal ao

paciente já fragilizado”, finaliza André Cassias.