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REVISTA UNIMED BR • N
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17 • Ano 5 • Jun/Jul | 2015
A argentina Gabriela Buffa, presiden-
te do Comitê da Juventude da Aliança
Cooperativa Internacional (ACI), con-
cedeu uma entrevista para a
Revista
Unimed BR
e contou sobre o trabalho
do órgão mundial para aproximar os
jovens do modelo de negócio coope-
rativista. Segundo ela, o cooperati-
vismo de trabalho é um dos setores
em que mais há participação juvenil.
“A possibilidade de encarar um em-
preendimento próprio parece um de-
safio bastante atrativo”, afirma. Con-
fira o bate-papo.
Os jovens da atualidade, a
chamada geração Y, não têm as
mesmas expectativas que seus
pais tinham na juventude. Isso
pode ser um atrativo para o
cooperativismo?
Acredito que, além de certas ca-
racterísticas gerais que permitem
estabelecer classificações, como o
caso da geração Y, é mais interes-
sante pensar na diversidade e falar
de juventudes no plural, com suas
diferenças e múltiplas expressões.
Soma-se a essa heterogeneidade
um mercado de trabalho mutável,
exigente e diversificado, cujas di-
nâmicas estão se transformando
em relação ao que vivenciaram os
nossos pais – há trabalhos em que
não é necessário ir a um lugar físico,
pode-se trabalhar com pessoas de
outros países online, etc. – e onde,
para muitos jovens, é difícil encon-
trar emprego ou devem se subme-
ter a condições de trabalho muito
extremas. Isso é um marco da so-
O futuro do
cooperativismo
Representante da juventude na ACI, Gabriela
Buffa fala sobre como atrair jovens para o
movimento cooperativo
ciedade de consumo, que exacerba
o papel de consumidor sobre o de
cidadão. Creio que, nesse contexto,
as cooperativas são atrativas para a
juventude, já que elas podem abar-
car todos os ramos da economia.
Hoje, existe todo tipo de cooperati-
va e há ramos que se desenvolveram
muito nos últimos tempos, como
as cooperativas de comunicação,
tecnologia e inovação, que cos-
tumam ser integradas por jovens.
Neste sentido, as cooperativas têm
se posicionado como uma opção
significativa e de peso no mercado
mundial. Como organização social
e econômica, o cooperativismo não
está isento de problemáticas, tem
o desafio de continuar crescendo e
somar os jovens, ser competitivo e
oferecer melhores bens e serviços,
responder às mudanças do mun-
do do trabalho. Dentre essas novas
formas, o modelo cooperativo, com
seus princípios e valores, é uma op-
ção concreta, uma ferramenta que
os jovens têm. Esse paradigma ainda
nos permite, com sua filosofia, res-
ponder a necessidades e interesses
próprios, expectativas diferentes das
que podem ter gerações anteriores
com relação ao trabalho. No caso da
formação de uma cooperativa, por
exemplo, existe a possibilidade de
organizar o trabalho e a gestão de
modo coletivo e solidário.
Como atrair jovens para o
cooperativismo?
Por meio da geração de oportunida-
des de trabalho, uma boa comunica-
ção e difusão do modelo cooperativo
na sociedade e, fundamentalmente,
em todo o sistema educativo, para
que os jovens aprendam desde cedo
não apenas a história do cooperati-
vismo, mas a gestão cooperativa. As
cooperativas oferecem um espaço
de desenvolvimento e crescimento
pessoal e coletivo, além da possibili-
dade de participação democrática de
exercer a administração de nossas
entidades. A educação desempenha
papel fundamental. É necessário que
o cooperativista seja ensinado e trei-
nado nos espaços educativos e, nas
próprias cooperativas, em espaços
de formação e capacitação, tanto
para os seus membros quanto para a
comunidade em que estão inseridas.
Que tipo de trabalho a Aliança
Cooperativa Internacional (ACI) faz
nesse sentido?
A ACI recomenda e promove ações
destinadas à educação e à forma-
ção cooperativista para suas as-
sociadas, governos e organizações
internacionais, elabora materiais e
ferramentas e, em seus escritórios
ou em conjunto com universidades
e centros de pesquisa, desenvolve
investigações e sistematizações de
informações e estatísticas relevan-
tes para o movimento cooperativo,
Gabriela participou da mesa de
discussão sobre o cooperativismo
na 44ª Convenção Nacional
Unimed, em 2014