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Jun/Jul | 2015 • N
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17 • Ano 5 • REVISTA UNIMED BR
o peso econômico que representa
e sua enorme capacidade de gerar
trabalho digno. A Aliança também
disponibiliza espaços de partici-
pação, como os comitês temáticos
regionais de gênero e juventude.
Nossa região conta com ambos.
O Comitê Regional da Juventude
da Cooperativa das Américas é um
espaço participativo que desenvol-
ve atividades para os jovens e tem
parte ativa no avanço de políticas
da organização como o
Plano para
uma Década Cooperativa,
docu-
mento que apresenta os grandes
propósitos para esta década. Além
disso, nos últimos meses, foi forma-
da a Rede Mundial de Juventude da
ACI, que conta com um Comitê Exe-
cutivo para promover a integração e
a representação da juventude coo-
perativista em todo o mundo, sen-
do também um órgão de consulta
e apoio. Dentre os objetivos dessa
Rede, estão: promover a educação
e a pesquisa; difundir os valores e
princípios cooperativistas; fortale-
cer a comunicação; incentivar a par-
ticipação e o desenvolvimento dos
jovens de todas as nacionalidades
dentro do movimento cooperati-
vo; empreender ações necessárias
conduzidas pela juventude para a
construção de sociedades mais jus-
tas e igualitárias. Pensamos nessa
Rede como um espaço de trabalho
colaborativo, que permite reunir e
articular a juventude cooperativa
do mundo que necessita da cola-
boração de toda a organização para
promovê-lo e fortalecê-lo. Não há
dúvida de que as contribuições, os
olhares e as preocupações da juven-
tude são de grande valor, podendo
fortalecer o movimento e ajudar a
atrair mais jovens.
Quais são os ramos do
cooperativismo que mais atraem
os jovens?
Hoje o cooperativismo de trabalho
é um dos setores em que mais há
participação juvenil. Isso se dá, por
exemplo, pelo fato de que um grupo
de jovens profissionais pode decidir
se organizar para prestar um servi-
ço ou fabricar um produto com valor
agregado. A possibilidade de encarar
um empreendimento próprio parece
um desafio bastante atrativo. Como
disse antes, podemos encontrar
cooperativas de comunicação grá-
fica e digital, serviços profissionais
(jurídicos, contáveis, educativos),
tecnologia e inovação, fabricação de
diferentes produtos têxteis. No caso
da Argentina, o setor de serviços pú-
blicos também conta com grande
participação da juventude, já que, a
partir dessas entidades, são promo-
vidos projetos para os jovens em
suas escolas e comunidades e, des-
ta forma, vão se construindo valores
cooperativos. Muitos deles logo se
incorporam às cooperativas e outros
levam para outros espaços tais valo-
res e práticas.
Poderia citar exemplos de sucesso
de jovens no cooperativismo?
Existem muitas experiências para
relatar. Tive a oportunidade de vi-
sitar vários países onde conheci jo-
vens organizados ou que estão com
a formação de novas cooperativas
em andamento e desenvolvem pro-
cessos interessantes de trabalho e
práticas colaborativas. Muitos de-
les também têm participação em
federações e confederações. Na
Argentina presido o Comitê de Ju-
ventude Cooperar (Confederação
Cooperativa da República Argenti-
na), integrado por representantes
das diferentes federações e que tem
como propósito contribuir para a
formação de novos grupos de jovens
dirigentes cooperativistas que de-
sempenham sua tarefa no presente
e, sobretudo, sejam indispensáveis
para garantir a continuidade das or-
ganizações. Para isso, é necessário
que cada organização ofereça condi-
ções adequadas para a participação
juvenil, além de promover atividades
compatíveis com suas idades. A ju-
ventude do cooperativismo argenti-
no conta, assim como o próprio mo-
vimento em geral, com um leque de
experiências. De acordo com o tipo
de corporação à qual uma pessoa
pertence, os jovens se organizam
e gerem, seja cooperativismo de
trabalho, serviços públicos, agrope-
cuário, comunicação, tecnologia etc.
E também, a partir do mutualismo,
eles intervêm de formas distintas
no cotidiano de suas cooperativas.
No Cooperar, por exemplo, estamos
em busca constante pela integração
entre os setores.
O que um jovem pode fazer para
seguir a carreira cooperativista?
Possivelmente muitos jovens já fa-
çam parte de uma cooperativa pelo
simples fato de receberem um ser-
viço ou produto, mas não participa-
rem dela. Neste caso, a recomenda-
ção é se aproximar das cooperativas
e se envolver na vida da organiza-
ção. Também há muitas instituições
educativas que oferecem carreiras
relacionadas à gestão das coopera-
tivas. Por todos os lados, em todo o
mundo, existem cooperativas com
as quais os jovens podem entrar
em contato. Começar a pesquisar
por conta própria também é pos-
sível. A internet dispõe de muita
informação. É preciso se capacitar,
entender do que se trata e, sobre-
tudo, participar. O interessante do
movimento cooperativo é que seus
valores são universais e próximos
de todos, até podemos colocá-los
em prática ainda que não façamos
parte de uma cooperativa. Há mui-
tos jovens que encontrariam em
uma cooperativa a forma de orga-
nizar seu trabalho, a partir de uma
concepção solidária.
“O modelo
cooperativo, com seus
princípios e valores, é
uma ferramenta que os
jovens têm.”
“As cooperativas
oferecem um espaço
de desenvolvimento e
crescimento pessoal
e coletivo, além
da possibilidade
de participação
democrática.”