27
Jun/Jul | 2015 • N
o
17 • Ano 5 • REVISTA UNIMED BR
constroem uma nova forma de
ter alguém. O ponto principal
é: estou bem assim? Em algum
momento vai aparecer a falta de
alguém fixo. Mas isso pode ser
passageiro”, esclarece.
Por mais espaço que as mulheres
venham construindo ao longo
dos anos, é sobre os ombros de-
las que a cobrança por um rela-
cionamento estável cairá com
mais peso. Reflexo de uma so-
ciedade, ainda hoje, machista.
“Se o homem está solteiro, tra-
balhando e tem um bom carro,
pronto. Se a mulher está solteira,
todo mundo vai perguntar”, ana-
lisa o psicólogo. É preciso certa
dose de coragem para ir contra o
‘convencional’ e o apoio da famí-
lia também é fundamental. “Eu
nunca quis ter filho. Minha mãe
nunca foi de exigir e impor nada.
Não tenho problema ou vergo-
nha de dizer, estou bemdespreo-
cupada com isso”, diz Grazielle.
Mas, afinal, o que procuram os
solteiros? Rafael, Ligia e Graziel-
le são unânimes: é preciso perder
o medo da solidão e estar bem
consigo mesmo antes de embar-
car em um relacionamento. Con-
clusões aprendidas após algumas
experiências amorosas. “As pes-
soas têm de ser mais comprome-
tidas umas com as outras porque
momentos bons e ruins virão. Os
dois precisam saber ceder para
a balança ficar equilibrada, mas
só as duas partes sendo maduras
para entender isso”, acredita Li-
gia. O pensamento é semelhante
ao de Rafael. “O erro das pessoas
é que elas estão desesperadas
em encontrar alguém, lidam
mal com a solidão e acabam en-
carando relacionamentos que
não valem a pena. Você não tem
de encontrar uma pessoa que o
complete, mas que o transbor-
de. Quem pode completá-lo é só
você mesmo”, justifica.
O amor pode aparecer
quando menos se espera
A escritora Amanda Noventa
descobriu em uma pesquisa fei-
ta pelo site Booking.com que o
número de mulheres que viajam
sozinhas vem aumentando –
50% nos últimos cinco anos en-
tre mulheres com idades de 25
a 40 anos no Reino Unido, Ca-
nadá, Austrália, Estados Unidos
e Alemanha. E o melhor: 65%
das que encaram o desafio vol-
tam se sentindo mais corajosas
e autoconfiantes.
A própria Amanda é um exem-
plo disso. Solteira e com os ami-
gos sempre ocupados, começou
a embarcar só mundo afora e
não se arrepende. “Você fica li-
vre para fazer as coisas que tem
vontade, leva o tempo que qui-
ser em cada lugar e conhece
pessoas a todo momento”, relata
ela, autora do blog
behappynow
e colunista de viagem do jornal
O Estado de São Paulo.
“Você se
sente mais independente do que
nunca. É como se finalmente ti-
vesse descoberto que não preci-
sa de ninguém para realizar os
seus sonhos”, define.
Foi em uma de suas viagens, so-
zinha, que o destino lhe reservou
uma surpresa. Ela estava emCus-
co/Machu Picchu, no Peru, quan-
do conheceu Pedro no bar do
hostel. “Achei que fosse apenas
mais uma aventura de viagem.
No entanto passamos o resto dos
dias juntos por lá. Voltei antes
dele para São Paulo. E assim que
ele voltou, foi direto para aminha
casa. Já faz um ano e meio e esta-
mos juntos até hoje”, conta. Para
ela, os dois terem se conhecido
em tais circunstâncias fez toda
diferença para dar certo. “Duran-
te a viagem, você está mais rela-
xada, sendo você mesma e sem
fatores externos atrapalhando.
Não há tempo para joguinhos, fi-
car esperando o outro ligar nem
nada. Você simplesmente deixa
rolar porque é assim que uma
viagem funciona”, revela.
Amanda é uma prova de que
aquela pessoa especial pode
chegar inesperadamente. “Eu
encontrei o amor quando menos
esperava, fazendo o que eu mais
amava. E hoje percebo que isso só
aconteceu porque eu estava com-
pletamente entregue à minha
viagem e ao meu momento.”
Amanda Noventa
conheceu seu namorado
quando viajou sozinha
para Machu Picchu
Grazielle Silva
acredita que a
solteirice não
deve ser vivida
com amargura
Ligia
Fontanelli: o
gosto pela
independência
vem desde a
infância