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REVISTA UNIMED BR • N

o

17 • Ano 5 • Jun/Jul | 2015

Atitude

O goiano ressalta que não le-

vanta a bandeira da solteirice

para sempre, mas que ela de-

ve ser uma fase encarada com

bons olhos e não como uma

condenação. “Não sou contra

namoro, de forma alguma.

Mas só vale a pena se você

encontrar alguém que possa

acompanhá-lo”, explica Ra-

fael. “Solteiro, você faz o que

está com vontade. Se alguém

o chama para uma viagem, por

exemplo, você pode ir e não de-

ve satisfação a ninguém. Sou

muito feliz com a minha liber-

dade e as possibilidades que ela

oferece”, continua.

O período da solteirice pode ser

excelente para o autoconheci-

mento, segundo o psicólogo da

Unimed Belo Horizonte Hebert

Geraldo Souza. O que nem sem-

pre será uma situação confortá-

vel. “Quando estamos sozinhos,

nos deparamos com algo que

não queremos: nossas angústias,

frustações. É bom ter alguém

para botar a ‘culpa’”, ressalta. Pa-

ra o profissional, a famosa frase

‘antes só do que mal acompa-

nhado’ pode esconder uma in-

verdade, já que muitas pessoas

se mantêm em relacionamentos

fracassados por medo da solidão.

A professora de inglês Ligia Fon-

tanelli garante que não é o seu

caso. Para ela, se vier a casar al-

gum dia, tem que ser ‘para sem-

pre’. Caso contrário, opta por não

se relacionar afetivamente com

ninguém. “Se for para ficar bri-

gando, não vale a pena. Prefiro

ficar como estou”, conclui.

O gosto de Ligia pela indepen-

dência vem desde a infância.

Enquanto sua irmã e primas

brincavam com bebês ou artigos

de casinha, suas bonecas ‘saíam’

para fazer compras e trabalhar.

“Acho que o Ken (“namorado” da

boneca Barbie) acabava virando

um acessório também”, entrega

aos risos. Os anos passaram e seu

pensamento se manteve. “Eu me

divirto muito com meus amigos.

O fato de ter ou não um parcei-

ro acaba se tornando irrelevan-

te. Saio muito bem sozinha, é da

minha natureza. Eu consigo me

divertir, ir ao parque, ao cinema,

sentar em um barzinho e tomar

uma cerveja. Sou muito tranqui-

la”, conta a paulista.

Do mesmo pensamento com-

partilha a teleoperadora de call

center Grazielle Silva, do Rio de

Janeiro. Após algumas expe-

riências que ela classifica como

‘não muito boas’, descobriu no-

vas possibilidades, como as ci-

tadas por Rafael anteriormen-

te. “Não acho isso algo amargo.

É gostoso quando você desco-

bre que pode fazer tudo por si

mesma. Ter alguém não é prio-

ridade para mim. Se algum dia

vier, pode ser lucro. Mas não

fico pensando nisso e me ator-

mentando”, garante.

É impossível

ser feliz sozinho?

Por mais que ser solteiro não sig-

nifique ser solitário, em algum

momento todos sentimos falta de

alguém além dos nossos familia-

res ou amigos, garante o psicó-

logo da Unimed Belo Horizonte,

Hebert Geraldo Souza. “Mesmo

para quem está sozinho por op-

ção, sempre vai haver um vazio

ali – o vazio do amor”, explica. Se-

rá que Tom Jobim tinha mesmo

razão ao declarar que é impossí-

vel ser feliz sozinho? “O amor é a

base das relações. Ninguém diz

isso claramente, mas, mesmo in-

conscientemente, a gente precisa

de pessoa para se constituir. Em

algum momento da vida, ele vai

questionar se poderia estar fa-

zendo tudo isso (viajar, passear)

com alguém”, exemplifica Souza.

A dúvida, no entanto, pode ser

momentânea. “O mais impor-

tante é que a família está mu-

dando, a sociedade está mu-

dando. As pessoas que preferem

ficar solteiras com seus ‘rolos’