Revista Unimed - Edição 14 - page 29

29
Dezembro | 2014 . N
o
14 . Ano4 . REVISTAUNIMEDBR
peloqualexisteresistênciado
governoemaceitarparcerias
público-privadas,vistoque
entreosprincipaisfatoresque
implicamnacrisedaSaúde
noBrasilconstamdeficiência
na infraestrutura, faltade
equipamentosemedicamentose
carênciaderecursoshumanos?
Trata-se de preconceito ideo-
lógico que existe em setores do
governo. Diante da carência de
infraestrutura da Saúde, quanto
mais parcerias público-privadas
melhor, desde quehaja agências
reguladoras que as normatizem
equenão sejamaparelhadaspor
interessespartidários.
Duranteseugoverno foi criada
aAgênciaNacionaldeSaúde
Suplementar, responsávelpela
regulamentaçãodosplanosde
saúdenoBrasil.Comoosenhor
avaliaaevoluçãodaagência
reguladoranesses14anos?
Infelizmente os governos que se-
guiram aomeunão entenderam a
funçãodas agências reguladoras e
emmuitas delas nomearam fun-
cionárioscomviés ideológico.Ora,
as agências devem ser órgãos de
Estado, nãopara servir aos gover-
nos, mas para olhar a longoprazo
os interessesdoPaís,dasempresas
e, sobretudo, daspessoas.
Oque faltanoBrasilparaqueo
setordasaúdealcancestatusde
primeiromundo?
Mais consciência dos cidadãos,
governos mais competentes,
não corruptos e mais obedien-
tes à lei.
I
lustreconvidadoda44ªCon-
venção Nacional Unimed,
o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso proferiu a
conferência magna O Coopera-
tivismo como Doutrina Econô-
mica e expôs questões atuais e
que influenciam nomodo como
o cooperativismo pode se posi-
cionar. Em entrevista exclusiva
à
Revista Unimed BR
, o sociólo-
go e cientista político - eleito o
11ºmais importantepensador do
mundo pela revista
Foreign Po-
licy
em 2009 e autor de vários
livros - discorre sobre omodelo
denegóciodoSistemaUnimede
os fatores pelos quais o coopera-
tivismo aindanão é reconhecido
como deveria. "Faltamaior difu-
sãodos fundamentosdemocráti-
cosemaior incentivo legal àprá-
tica", sugere.
Fernando Henrique também
acredita que falte uma gestão
adequada à saúde brasileira e
opinasobreaatuaçãodaAgência
Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), órgão regulador vincula-
do aoMinistério da Saúde res-
ponsável pelo setor deplanosde
saúde no Brasil, criado durante
seugoverno. Confira.
Excelentíssimopresidente,
comoosenhorenxergao
modelocooperativista?
A sociedade contemporânea é
muito fragmentada. As oposições
tradicionais entre classes e parti-
dos já nãomobilizam as energias
como antes. Cada vezmais as or-
ganizações voluntárias, como as
cooperativas, encontram espaço e
sãoessenciaisnomundomoderno.
Emsuaopinião, oque falta
paraqueocooperativismose
consolidenoBrasil?
Falta maior difusão dos funda-
mentos democráticos do coope-
rativismoemaior incentivo legal
àpráticacooperativista.
Osenhoracreditaqueeste
modelopodecontribuir
paraodesenvolvimento
socioeconômicodoPaís?De
que forma?
Pode e muito. Por exemplo, as
cooperativas de consumo am-
pliam o acesso aomercado pelo
barateamento; o mesmo podem
fazer as cooperativas de servi-
ços, sem as quais, na saúde, por
exemplo, nemosmédicos se or-
ganizariammelhor nem os pa-
cientes teriam acesso tão amplo.
Omesmo se diga das cooperati-
vas de produção, que racionali-
zam as compras e aumentam os
resultadosparacadaassociado.
Comoosenhoranalisaoatual
cenáriodasaúdenoPaís?
Alémdacríticausual àmádistri-
buição de recursos ou de sua es-
cassez, eapesardaampliaçãodos
serviços do SUS, existe um pro-
blema gerencial e de qualidade
do atendimento direto aos usuá-
riosquerealimentaasqueixasso-
breasituaçãodasaúdenoBrasil.
AUnimedéamaiorcooperativa
médicadomundoeestápresente
em83%do territórionacional.
Osenhorentendeomotivo
1...,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28 30,31,32,33,34,35,36,37,38,39,...68
Powered by FlippingBook