Revista Viva - N°06 - Unimed Vitória - page 30

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REVISTA VIVA
CAPITANIA DO
ESPÍRITO SANTO
Após o descobrimento
oficial, a Coroa Portu-
guesa temia perder as
terras brasileiras. Então,
decidiu pela colonização
por meio da criação das capitanias hereditárias. Vasco Fernandes
Coutinho, que realizou serviços militares para D. João III, recebeu
a capitania do Espírito Santo, com cinquenta léguas de terra. O li-
mite era marcado pela atual cidade de Mucuri, que a separava da
Capitania de Porto Seguro, atribuída a Pero de Campo Tourinho,
segundo informações publicadas no livro História do Espírito
Santo, de José Teixeira de Oliveira.
Vasco Fernandes Coutinho aportou no Espírito Santo em um
domingo de 23 de maio de 1535, com 60 pessoas, a bordo da
caravela Glória na Baía de Vitória (que acreditavam ser um rio),
ao pé do Morro do Moreno, no atual bairro da Prainha. Após o de-
sembarque a região foi chamada de Vila do Espírito Santo, hoje
a cidade de Vila Velha. Naquele dia um grupo de índios Tupis
tentou impedir o desembarque.
MEDICINA DA ÉPOCA
Na época do
descobrimento do Brasil,
eram os pajés (chefes espirituais
das tribos, que acumulavam as
funções de sacerdote, profeta e
médico-curandeiro-feiticeiro) que
cuidavam da saúde dos indígenas,
de acordo com a Associação Médica
Brasileira. Com a armada descobridora de
Pedro Álvares Cabral, veio Mestre João,
bacharel em Medicina, que simbolizava
bem o perfil do médico da época: além
de físico, ele era cosmógrafo e astrólogo.
Dificilmente, naquele tempo, um médico
ocupava-se somente da medicina e
geralmente exercia outros ofícios. Nas
primeiras décadas, praticamente não
existia Medicina no território brasileiro.
Os primeiros profissionais da Medicina
a se radicarem no Brasil foram poucos
cirurgiões, barbeiros, boticários e
aprendizes de barbeiros que vieram nas
expedições colonizadoras de Martim
Afonso de Souza (1530) e dos donatários
das capitanias criadas por D.João III,
a partir de 1532, depois que a França e
outras nações haviam mostrado interesse
pelas terras brasileiras. A escassez de
médicos na Colônia prolongou-se por
muito tempo, e naquela época, os Jesuítas
cumpriram um papel fundamental. As
epidemias e andaços coloniais eram
calamitosos. Há trechos de cartas que
causam horror, descrevendo muitas
pestes, de acordo com o livro História do
Brasil, de Afrânio Peixoto.
Fonte: Professora Patrícia Merlo / Dra. História - Ufes
Brasil, porémnãohádocumentos consensualmente aceitos que
relatemessas viagens. Por isso, oficialmente, oBrasil foi descober-
to, data que comemoramos até hoje, no dia 22 de abril de 1500.
PRIMEIROS DONOS
Quando os portugueses chegaram ao país se deparam com
os índios que habitavamo enorme continente. As estimativas
sobre o número de habitantes nativos naquele tempo variam
entre um e dez milhões. Os habitantes das Américas foram
chamados de índios pelos europeus, porque eles tiveram a
impressão que haviam chegado às Índias.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio - Funai, o
processo de colonização levou à extinção muitas sociedades
indígenas que viviamno território dominado, seja pela ação das
armas, seja em decorrência do contágio por doenças trazidas
dos países distantes, seja pela aplicação de políticas visando
à "assimilação" dos índios à nova sociedade implantada, com
forte influência europeia.
A professora Gilda Rodrigues comenta que é preciso per-
ceber a história do descobrimento sob a ótica do índio nativo,
"que tambémnão era tão bonzinho como se pensa, pois havia
muita guerra entre tribos rivais". "Será que se fosse o contrário,
se os nativos daqui, tivessem a tecnologia, estivessem em
busca de conquistar novas terras, como essa história estaria
sendo contada hoje?", pergunta.
No Espírito Santo, a população indígena era
originária de dois troncos e duas famílias lin-
guísticas, de acordo com o livro História e Geo-
grafia do Espírito Santo. Os índios do tronco Tupi
Guarani - das tribos Tupiniquim, Tupinanbá e
Temiminó, habitavam a faixa costeira e os vales
dos rios Cricaré, Doce, Itapemirim e Itabapoana.
Os do tronco Jê - das tribos nômades Botocudos,
Aimorés e Goitacazes, além dos Mashacali, Pa-
tashó e Malali, habitavam o Vale do Rio Cricaré,
margeavam os rios Doce e Itaúnas e o Puri Coro-
ado, no sul do Espírito Santo.
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