REVISTA VIVA
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"O termo descoberta reflete uma leitura europocêntrica característica do
Renascimento. Na verdade, apesar da presença dos índios no continente
americano ser muito anterior à chegada dos europeus, efetivamente
o continente só entra para a história após a descoberta portuguesa,
tornando-se parte de versões contadas a partir da cronologia europeia,
portanto já na Modernidade.
Ainda no século XVI, se deve realçar o extraordinário encontro de
povos que foi posto em cena pelo Descobrimento e pela colonização
dos portugueses na "sua América". Encontro decerto conflitivo, muitas
vezes trágico, haja vista o extermínio de milhares de índios e o cativeiro
desses e dos africanos, como se sabe, desde o primeiro século. Mas o en-
contro pôs em contato culturas radicalmente distintas de três continen-
tes, refazendo valores, recriando códigos de comportamento e sistemas
UMA BREVE HISTÓRIA DO BRASIL
Escrito por dois prestigiados historiadores, o livro
sintetiza de forma geral os mais de 500 anos de
história do Brasil. De forma simples e direta, com
temas bem definidos e sem amontoados de datas,
nomes e fatos, o livro dialoga com o leitor numa
linguagem acessível e articulada possibilitando uma
visão geral da história brasileira desde os tempos de
Colônia, passando pelo Império, República Velha, os
anos de Chumbo até a democratização atual.
Uma Breve História do Brasil. Mary Del Priore e Renato
Venancio. São Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2010. 319
páginas.
1808.
A história da fuga da corte de Portugal retratada de
forma corajosa nesse livro-reportagem do jornalista
Laurentino Gomes. Na época um evento sem
precedentes, pois nunca um soberano europeu havia
colocado os pés em terras americanas, no caso D.
João VI, que transformou uma colônia em um país
soberano. Resultado de dez anos de pesquisa, a obra
recebeu vários prêmios da Academia Brasileira de
Letras.
1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e
uma corte corrupta enganaramNapoleão e mudaram a
História de Portugal e do Brasil. Laurentino Gomes. São
Paulo, Editora Planeta do Brasil, 2007. 360 páginas.
1822.
Em 1822 o Brasil tinha uma população pobre e carente
de tudo, uma minoria branca sofria com o medo
de rebeliões e os ricos eram poucos e ignorantes.
O isolamento e a rivalidade entre as províncias
prenunciavam uma guerra civil. D. João VI raspou os
cofres nacionais na sua volta para Portugal, por isso o
Brasil independente nasceu literalmente falido. Uma
quase guerra com os colonizadores poderia ser o fim.
Mas uma combinação de sorte, improvisos, acasos e
sabedoria de lideranças, mudou nossa história.
1822: Como umhomem sábio, uma princesa triste e
um escocês louco por dinheiro ajudaramD. Pedro a
criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado.
Laurentino Gomes. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira,
2010. 343 páginas.
BIBLIOGRAFIA
HISTÓRIA GERAL DO BRASIL
Clássico da historiografia nacional despojado
de formalismo acadêmico, o livro apresenta
uma visão dos grandes marcos políticos do
país, compatibilizando-os com os sistemas
socioeconômicos, suas características fundamentais
e suas crises. Dividido em três partes - a Colônia, o
Brasil independente e o Brasil atual - reúne ensaios
notáveis de um elenco de historiadores.
História Geral do Brasil. Maria Yedda Linhares
(organizadora), Ciro Flamarion Cardoso, Francisco Carlos
Teixeira da Silva, Hamilton de Mattos Monteiro, João
Luís Fragoso e Sonia Regina de Mendonça. Rio de Janeiro.
Editora Campus, 2010. 400 páginas.
HISTÓRIA DO BRASIL
Ao analisar as linhas de força que indicam o
sentido da formação do país, o autor detém-se
no estudo de instituições fundamentais, como o
sistema colonial, o sistema escravista e os regimes
autoritários do século XX, dando ênfase às práticas
sociopolíticas, sem deixar de enfrentar questões
como as razões do abandono da escravidão dos
índios pelos portugueses e a opção pelos africanos;
a manutenção da unidade territorial brasileira
em contraposição à fragmentação das colônias
espanholas; ou ainda a difícil transição do regime
autoritário para o democrático, nas últimas décadas.
História do Brasil. Boris Fausto. São Paulo. Editora Edusp,
2000. 594 páginas.
DICIONÁRIO DO BRASIL COLONIAL
Os primeiros séculos de nossa história são aqui
apresentados de A a Z, em forma de verbetes
atraentes e concisos. Analisando o período que vai
de 1500 a 1808, esse é o primeiro dicionário crítico
sobre as nossas raízes coloniais. Decifra personagens,
identifica os episódios essenciais e levanta polêmicas
sobre fatos e temas - um serviço precioso não só para
pesquisadores e professores, como também para o
leigo. Desfilam, com vivacidade e drama, todos os
personagens que nos ajudam a compreender melhor
os sentimentos e o modo de vida de uma sociedade
meio encantada e meio diabólica como a colonial.
Dicionário do Brasil Colonial. Ronaldo Vainfas. Rio de
Janeiro. Editora Objetiva, 2000. 574 páginas..
de crenças, sem falar na "miscigenação étnica",
outrora chamada de "miscigenação racial".
Miscigenação étnica e mescla cultural são
problemáticas afins, embora não idênticas, que,
atualmente, estão na ordemdo dia na historio-
grafia ocidental produzida sobre a colonização
ibérica nas Américas. No entanto, é questão que,
entre nós, vemde longe, modificando-se ao longo
do tempo os termos, a valoração e o sentido das
interpretações. Contudo, não se pode negar que ao
longo do tempo, temos uma troca cultural intensa
que resultou na chamada brasilidade, cujas cores e
feições são tão variadas quanto o próprio Brasil."
NOVOS HABITANTES
Professora Patrícia Merlo /
Dra. História - Ufes